Capítulo quatro

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                                Benjamin

O sol bate no meu rosto pela janela do escritório. Meus olhos estão cansados. Acho que estou trabalhando muito mais do que deveria.

Já fazem duas semanas desde que vi Abigail pela última vez, e hoje a levarei ás compras.

Acho que algo aconteceu com sua amiga e ela teve que passar alguns dias em Coney Island. Vou buscá-la. Está sem moto e ninguém pode trazê-la.

Tenho conversado bastante com ela. Estamos nos esforçando muito para decidir alguns conformes do nosso contrato.

— Trabalhando a essa hora, Ben? - Teresa me pergunta, entrando no escritório.

— Quase isso. - Sorrio. — Vim tirar o atraso da obra.

— Você precisa de alguma coisa?

— Não. Só que você vá embora. - Levanto, a guiando até o elevador. — Não quero você vindo trabalhar tão cedo. São o quê, sete da manhã?

— Mas, senhor O'Connell... - Ela diz, e eu interrompo.

— Mas nada. Fica em paz, Teresa. Pega o dia de folga hoje. Por minha conta.

— Só posso pegar o dia de folga se você não estiver aqui, Benjamin.

— Eu não vou estar. Ficarei fora o dia todo, não se preocupe.

— Certo... Eu acho. - Teresa entra no elevador e esbarra com outros funcionários, que a olham com certa confusão.

Acenei para Teresa e voltei para o escritório, na tentativa de terminar uma campanha antes de buscar Abigail em Coney Island.

Apesar de claramente não ser longe daqui, sempre tem alguém por perto. Se a verem no metrô depois comigo, e depois no metrô de novo, com certeza duvidarão de nosso relacionamento. Até por que se Abigail realmente fosse minha noiva poderia andar até de helicóptero pela cidade.

Termino a campanha e decido buscá-la mais cedo. Pego o elevador e desço direto para a garagem.

Nova Iorque está um espetáculo. Ensolarada, mas definitivamente livre de todo aquele calor das últimas semanas. Está tão bonita que parece fazer o trajeto até Coney Island mais rápido.A amiga de Abigail mora no subúrbio mais simpático de lá.

Finalmente entendo por que ela gostava tanto desse lugar. Confesso que as vezes até eu me canso de morar no olho do furacão.

— Tá, e a minha casa era essa aqui do lado! - Abigail diz, a dois passos do carro apontando para uma casa verde continuando a conversa que estávamos tendo.

Não sei ao certo por que, mas ela parece mais solta. Veste um vestido de verão estampado de pequenas flores vermelhas que chega a se tornar esvoaçante com a brisa da manhã e seus cabelos estão soltos em cachos recentemente finalizados. Sinto, inclusive, se vestiu diferente como forma de tentar comunicar isso. Não para mim, claro. Mas para o mundo, para quem quer que seja que esteja a observando, exatamente como estou fazendo agora.

— Sua mãe não mora aqui? - Pergunto.

—  Não. Quer dizer, longa história. - Ela bufa. — Podemos ir?

— Abigail Bellinger fugindo de assuntos? Fico sem palavras. - Olho para ela coçando minha barba por fazer.

— Vai se ferrar, Benjamin. - Ela ri. — Hoje você é motorista, não investigador.

— E hoje você é minha noiva. - Olho em seus olhos. — Me trataria assim se fossemos casados?

— Possivelmente. - Ela assente com a cabeça. — Em primeiro lugar, nunca seríamos casados. Não daríamos certo, Benjamin. Pra você tudo é negócio. - Abigail me observa dirigir, seus olhos perfurando os meus. — E além do mais, foi você quem começou a me tratar mal por sei lá qual motivo.

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