Capítulo sete

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Benjamin

- Como será que você se sente sendo a mulher mais linda de Nova York?

Não faz muito tempo, eu saí do meu escritório para um Happy Hour de São Patrício. Agora, estou fechando um bar no Soho, e perdi a conta de quantas músicas já cantei ao lado de Abigail. Evidentemente, não era esse o meu plano, mas a quantidade de álcool subindo pelas minhas veias não poderia ter outro. 

Cantávamos I Will Survive, e poderíamos facilmente participar daquele programa das Drag Queens se estivésemos montados. Não sei se era impressão minha, mas algo nos olhos de Abigail me dizia que ela estava se esforçando para parar de me odiar. E, levando a vida que levo, sei que tudo tem uma razão. 

Só preciso descobrir antes que caia ainda mais na onda dela. 

— Essa foi a última. - Digo descendo do palco para levar um copo d'água para Abigail — Prometo. 

— É bom que seja mesmo - Ela se senta na beirada do palco com a água em mãos. Seu cabelo estava preso em um coque, e parecia tão macio que me deu até vontade de lavar o meu.

Fechei a conta do bar depois que meus funcionários saíram, e nesse meio tempo percebi que o lugar já estava praticamente vazio. Disse ao dono, um conhecido meu, que mantivesse os negócios assim, pois estava fazendo um ótimo trabalho. A muito tempo não me divertia tanto. Aliás, a muito tempo não me divertia. 

Meu carro estava estacionado em frente a porta dos fundos, mas tinha percebido uma movimentação estranha na entrada. Poderiam ser os paparazzis que conseguiram os registros que queriam quando entrei, ou qualquer outra coisa. Mas estou muito desconfiado para deixar isso passar, e não quero acordar amanhã com uma notícia de que fotografaram minha "noiva" indo embora sozinha de um bar tarde da noite. Resolvo oferecer carona a Abigail, se ao menos a achasse. 

Em minha última tentativa, cambaleei pelas esquinas próximas, temendo que ela estivesse por ali a espera de um Uber, já que se recusa a confiar num taxímetro. E lá estava ela, sentada na calçada em frente ao MOCA. 

— Porra. - Eu suspiro, me sentando ao lado dela — Achou um bom lugar pra se esconder, hein?

— Me esconder? - Abigail acha graça — Não tava achando nenhum motorista quando tava no bar. 

— E achou que o Museu dos Chineses na América fosse te ajudar a achar? - Minha sobrancelha se franze. 

— Claro. - Ela dá de ombros — As vezes os motoristas podem pensar que esse lugar é movimentado. 

— É, deve ser. A uma da madrugada, Bibi?!

— Bibi? - Ela revirou aos olhos, a testa franzida — Que porcaria de apelido é esse?

— Não sei. - Sorrio, satisfeito com seu incômodo - Acabei de inventar. 

— Não gostei. - Abigail me dá uma olhadela. 

— Vai ter que gostar. - Mexo a cabeça — Venhamos e convenhamos, princesinha. Esse apelido não é lá muito convincente se considerarmos seu papel.  

— É mesmo? - Ela me encara, movendo levemente o rosto — Me parece um nome perfeito pra um babaca chamar sua noiva. E além do mais, foi você quem começou com isso. - Abigail parece séria, mas sei que força para não rir. 

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