Capítulo 17

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Vocês estão bem? – perguntou Quincey com urgência ao telefone depois que Jasper retornou as inúmeras ligações perdidas de seu primo
– Estamos, sim. – Jasper procurou tranquiliza-lo– Desculpe pelo elevador. Vou pagar o conserto
Ao caralho com o elevador! – exasperou-se Quincey
– Bernard, estamos bem. – prosseguiu Jasper – Pode parar de andar de um lado para o outro
Nem sei como te agradecer por ter salvo a vida dela. – a voz de Bern aproximou-se do microfone – E não ter morrido no processo
Pretendo fazer meu trabalho até que Evelyn assuma a coroa. – ponderou – Morrer, não entra nisso.
Já falou com os pais de Evie sobre o ocorrido? E com Ayla? – questionou Quincey
– Vou deixar que Evelyn decida quando deve contar
Você bateu a cabeça? – perguntou Bern surpreso
– Evelyn é adulta. – respondeu – Neste quesito, eu não tomo nenhuma decisão por ela
Isso é verdade – cedeu Bern
Fiquem seguros – pediu Quincey.

Jasper sabia que ele não iria perguntar para onde iriam ou por quanto tempo ficariam fora do radar. Não era seguro passar este tipo de informação por telefone, mesmo que codificada. Até a poeira baixar, as conversas seriam breves e desviadas das torres próximas, para que ele e Evelyn não fossem descobertos.

– Ficaremos – assegurou-lhe Jasper enquanto entrava na garagem do prédio de Evelyn
Sabem que se precisarem de qualquer coisa, podem nos chamar, não é? – indagou Bernard
– Sabemos, sim. – Jasper sorriu, mesmo sabendo que os dois não poderiam vê-lo – Eu vou dando notícia
Está bem – responderam em uníssono

Jasper se ressentiu de não ter nenhum disfarce quando as portas do elevador se abriram e ele saiu no saguão de mármore branco do prédio de Evelyn. Ainda assim, fingiu que tudo estava normal e cumprimentou o porteiro com um sorriso.

– Boa noite!
– Boa noite, senhor

No apartamento, Bastet e Sekmet estavam em alerta e o receberam com um miado irritado.

– Ela está bem! – respondeu e isso pareceu acalmar parcialmente as gatas – Só vim pegar vocês e algumas coisas que ela possa precisar

As duas imediatamente subiram as escadas e sumiram no interior do quarto de Evelyn. Irritado, Jasper bufou. Se as duas ficassem enfiadas naquele cômodo, ele nunca conseguiria arrancar elas de lá. Porém, as duas saíram arrastando uma muda de roupas e um pijama para Evelyn.

– Tá... – agora sim, Jasper sabia que estava maluco

As gatas soltaram as roupas aos seus pés. Jasper pegou as peças, dobrou e colocou na mochila que pegara no sofá.

– Vocês acham que ela vai precisar de tênis? – já que tinha perdido a lucidez de vez e estava com pressa, Jasper achou mais fácil abraçar sua loucura

Sua resposta foi um miado de ambas as gatas.

– Um chinelo? – tentou

Seu tempo estava correndo e ele não sabia quanto mais poderia arriscar ficar no apartamento sem correr o risco de delatar sua localização.

– Só peguem algo que vocês achem que ela vai calçar – falou enquanto passava a mão no rosto

Depois de um olhar claramente mau humorado, as gatas subiram novamente os degraus e desapareceram no quarto de Evelyn. Durante a espera, Jasper também pegou as caminhas que estavam na sala, esvaziou as vasilhas de água e comida, colocando-as na mochila e pegou o saco de ração. Bastet e Sekmet retornaram com uma rasteirinha preta, cada uma com um pé, e puseram aos pés de Jasper

– Pronto, – declarou enquanto equilibrava a mochila, as camas das gatas e o saco de ração – acho que peguei tudo. Vamos!

Ele sequer precisou olhar para trás para saber se as duas estavam o seguindo, pois ouvia o som abafado de suas patinhas no chão de mármore. Assim que chegou no carro e abriu a porta, Bastet e Sekmet pularam para dentro sem que ele pedisse.

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