Quando Bárbara finalmente abre a porta do quarto e sai, percebe a escuridão da noite pelo corredor, Antonieta, que a aguardava ansiosamente, se levanta rapidamente e a envolve em um abraço apertado. O calor e a força do abraço demonstram o apoio incondicional dela.
Ela olha nos olhos de Bárbara e percebe imediatamente a aflição estampada em seu rosto inchado e seus olhos vermelhos. É visível que a amiga está profundamente abalada pela situação.
O coração de Antonieta se aperta ao testemunhar o sofrimento dela e se esforça para transmitir conforto através do contato físico.
- Por favor, não sofra assim. Você é forte!
- Até os mais fortes sofrem, Nieta. - Bárbara, com um olhar carregado de tristeza, desvia o olhar para suas malas, como se estivesse se preparando para partir. Antonieta percebe o gesto e seus olhos se enchem de pânico e súplica.
- Não, não vá embora, por favor! Eu preciso de você aqui comigo! - Suplica, com lágrimas inundando seus olhos
- A decisão já está tomada, lamento. - Ela começa a caminhar. Antonieta fica parada no lugar, sem saber o que fazer. Apenas observa sua amiga se afastando, levando suas malas consigo. Ela sente uma enorme tristeza, como se algo muito precioso estivesse sendo arrancado de sua vida.
Decide acompanhá-la até a estação de trem, mesmo que Bárbara não queira sua companhia. Durante o trajeto, ambas ficam em silêncio, cada uma perdida em seus próprios pensamentos. Antonieta queria falar algo que pudesse convence-la a ficar, mas não sabe como. Bárbara, por sua vez, está tomada pela dor e pela sensação de estar abandonando tudo o que conhece.
Quando finalmente chegam à estação, precisam esperar o trem para uma cidade do interior onde Bárbara quer ir e sentam-se num banco, ainda cabisbaixas.
- Quando você me contou que Barbosa te agarrou, foi um basta para mim. Eu não aguento mais, Antonieta. - A loira quebra o silêncio depois de um longo tempo. - Barbosa me assediou diversas vezes. Quando eu finalmente decidi que não suportava mais, ele
começou a me perseguir, me ameaçar e me obrigou a me deitar com ele várias vezes sob várias ameaças.Antonieta fica boquiaberta quando sua amiga Bárbara revela a verdade sobre o assédio que sofreu do Sr. Barbosa. Ela se sente chocada e revoltada com a situação que sua amiga passou. Como ela pôde suportar tudo isso sozinha por tanto tempo?
- Você não pode ir embora, Bárbara. Não deixe esse homem vencer. Nós lutaremos juntas e garantiremos que a justiça seja feita. - diz Antonieta, determinada.
- Minha vida irá arruinar a partir de agora, Nieta. Minha reputação está destruída. Eu te prometo que vou me levantar e recomeçar em outro lugar, mas nunca vou esquecer de você. Vou escrever para você assim que chegar.
Antonieta sente seus olhos se esquentarem com o acúmulo de lágrimas e a abraça.
- Bárbara, por favor, não vá. Estamos juntas, lembra? Se você for, eu vou ficar sozinha.
Nesse momento, o trem finalmente chega e as amigas observam sua chegada com uma mistura de ansiedade e apreensão.
Enquanto é abraçada pela sua amiga, Bárbara fecha os olhos e sente um nó se formar em sua garganta. Antonieta se tornou sua melhor amiga em um curto espaço de tempo, e seria extremamente ingrata e egoísta deixá-la agora.
O compromisso com o feminismo é algo que ambas compartilham intensamente e ela se preocupa se a amiga conseguirá manter-se firme nessa luta sem a presença e o apoio incondicional dela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor e ideais.
RomanceNos vibrantes anos 50, em uma pequena cidade do interior, vive Antonieta, uma jovem determinada e apaixonada pela escrita. Enquanto o mundo ao seu redor tenta encaixá-la em padrões estereotipados, ela se esforça para encontrar sua voz em meio ao con...