11 - Casualmente

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Ainda pensando naquele sonho que teve de madrugada, Antonieta veste um vestido amarelo que a deixa com uma silhueta marcada com uma faixa e saia rodada. O decote do vestido é redondo, com um toque delicado e feminino, adornado com um belo acabamento de renda que emoldura sua pele de forma encantadora.

Depois de arrumar os cabelos com alguns grampos, pendura em seu pescoço um colar de pérolas. Era um presente de Natal especial que sua mãe lhe deu alguns anos atrás, e ela adora usá-lo em ocasiões especiais.

Bárbara é sua vizinha de quarto e precisa caminhar apenas alguns passos do corredor da pensão onde moram. E bate 3 vezes a porta.

- Está aberta! - a amiga responde lá dentro, então, ela entra.

Antonieta a vê em seu local preferido do cômodo: sentada em uma banqueta estofada diante de uma penteadeira com espelho oval, passando pó de arroz.

- Bom dia! - ela olha para o reflexo dela no espelho e cumprimenta com um sorriso.

- Bom dia, Nieta. Sente-se, fique à vontade. - convida, sem interromper a aplicação de sua maquiagem.

A cama, o ponto central do quarto, está coberta por uma colcha com estampas de flores e borboletas, adornada com várias almofadas coloridas. Antonieta se acomoda nela, sentindo-se confortável e acolhida.

- Separei alguns esmaltes que acho que você irá adorar! - comenta Bárbara, virando-se com as mãos cheias de frascos de vários tons de vermelhos e rosa intenso.

Antonieta escolhe um vermelho cintilante e começam com a pintura das unhas. Porém, Bárbara está quieta e pensativa, parece preocupada, quase não conversa.

- Conseguir um novo emprego parece ser mais difícil do que pensei, - quebra o silêncio de repente. - já me falaram que não iriam me contratar por causa do escândalo de Barbosa.

- Acredita que já me falaram a mesma coisa?

- Acredito, sim. Será que um dia vamos conseguir? - para e olha o rosto dela por um instante.

- Não podemos desanimar, Bárbara. Um dia vai dar certo para nós duas.

A amiga sorri esperançosa.

- Na verdade, eu recebi uma proposta de trabalho, mas rejeitei porque meu chefe seria o homem que está me paquerando. - Antonieta responde, um tanto sem graça.

- E você fez certo, tudo aquilo iria acontecer novamente.

Antonieta suspira pesadamente enquanto suspira refletindo o que ela disse. Já havia pensado nessa possibilidade e Bárbara apenas confirma que realmente estava certa.

- Quer dizer que você está de namorico? - ela levanta uma sobrancelha e faz uma careta - uma feminista de namorico com um homem?

- Já que você tocou nesse assunto, eu não estou namorando, mas confesso ter uma atração muito forte por Vicente. Ele parece ser um cara diferente e compreensivo, mas eu... não tenho coragem de me relacionar com ele. - olha para baixo. - na verdade, não sei se estou sendo egoísta em querer estar com ele, ou se devo continuar lutando por tudo o que acredito. Preciso escolher entre um ou outro, certo?

- Sim, exatamente. Ou você escolhe um homem ou seus ideais.

Antonieta a olha com espanto, esperando que ela lhe diria outra coisa.

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