Capítulo 01

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Os deuses o julgaram. Sua alma é dividida puramente de trevas e luz. O castigo? Viver por séculos e séculos vendo a queda de sua casa, a usurpação do trono pelos Baratheon, o ressurgimento do Azor Ahai pela sua linhagem (deixando-o imensamente orgulhoso) e seguir como um desconhecido sem rumo. A liberdade? Encontrar Rhaenyra.

Daemon encontrou ao longo de sua jornada todas as pessoas que passaram em sua vida. Conforme o pai ou mãe deles reencarnavam, os filhos apareceriam em seguida. Ele viu Rhaenys e Corlys vivendo pacatamente como pescadores no vilarejo, mas em paz e felizes até sua velhice. Laenor como um defensor dos direitos humanos percorrendo as ruas com cartazes e protestos.

Seus olhos admiravam a jovem Laena como uma linda cantora de blues, dançando suavemente conforme a canção. Balançava as franjas da barra de seu vestido laranja com estampas de flores abstratas e a bota marrom de cano alto até o joelho, igual aos hippies nos anos 70. Cogitou ir até ela, quem sabe consertar e viver sua vida com Laena agora, ele pensou. Porém, a verdade pairou sobre sua mente: se durante esse relacionamento encontrasse Rhaenyra, não conseguiria permanecer até o final e faria o sofrimento da perda cair sobre sua brava guerreira. Então deixou-a vivendo sem ele.

Ao longe, nos anos 80, ele encontrou suas gêmeas. Eram garotas jovens com seus walkmans andando de patins felizes livremente. A saudade delas fez seu coração doer e o sofrimento foi gritando gradualmente. Nunca conseguiria interagir e ficar ao lado delas novamente. Olhou de longe e balbuciou baixinho "Adeus" guardando seus sorrisos na memória.

Encontrou Otto como um mendigo pedindo uma esmola. Isso encheu seu coração de felicidade, vê-lo assim na miséria como um rato imundo e podre. Pelo menos uma vez os deuses fizeram justiça.

Alicent distribuía panfletos para a salvação de uma fé que ele nunca entendeu. Daemon riu, vendo a loucura e o fanatismo corroer a mente da rainha viúva. "Que fique louca", ele pensou.

Aegon apareceu algemado nas notícias em todos os jornais dos anos 90 como um golpista e assediador, sendo julgado e passando anos na cadeia. Essa parte da história trouxe alegria para o Príncipe Rebelde. Ver os verdes na pior de suas versões era algo que o satisfazia.

Aemond, porém não parecia ter uma vida miserável. Era apenas um menino rebelde saindo da escola abraçado com Helaena. O coração do assassino de parentes foi corrompido amargamente por Alys Rivers, ele não era flor que se cheire, mas a oportunidade de se provar foi jogada ao abismo, então os deuses deram mais uma chance e também felicidade para Helaena ao lado dele. Mesmo com todo esse discurso tocante em sua mente, a raiva por perder Luke não mudou. Aemond sempre será um maldito verme.

Daeron apareceu como criança batendo em suas pernas perdido de sua mãe. Sabendo ser apenas uma criança, Daemon não se comoveu, ele estava indiferente para qualquer um deles e não ajudaria com nada. Seguiu deixando-o sozinho chorando.

Os anos passaram e quem realmente gostaria de encontrar não aparecia. Viserys e Aemma não se revelaram durante séculos e apenas após o encontro deles Rhaenyra surgiria.

***

Era 2023 e ele estava cansado. Mudou sempre de lugares, de profissão, de empregos para disfarçar a imortalidade. Ele não envelhecia e com o passar dos tempos as pessoas questionavam. Para sua surpresa, descobriu que dragões reencarnavam em pessoas. Caraxes o reconheceu primeiro. Ele estava à procura do seu velho companheiro.

— Lembra quando te encontrei naquele bar? — disse Caraxes, um homem ruivo de cabelos lisos acima dos ombros e olhos, cor de mel. Aparentava ter 22 anos, mas a verdadeira idade, não saberíamos e fazer as contas não seria o ideal nesse momento.

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