Capítulo 12

879 98 8
                                    


Suas pernas doíam, sua cintura ainda sentia a pressão de suas mãos e a gostosa dor no meio de suas pernas a fazia suspirar. Ainda sentia seus rins doendo pela urgência do amor.

Olhava no espelho de seu quarto encontrando as marcas roxas em suas coxas. Ele sempre gostou de deixá-la marcada. Não se importava em mostrar para todos que ela era dele, mas esse troféu não é mais seu.

Perdeu seu grande prêmio quando decidiu deitar com outra mulher. Talvez outras mulheres, agora Rhaenyra não sentia dúvida. Ele certamente não foi um marido fiel.

No entanto, precisava ser tão gostoso e experiente em dar prazer?

Ela se odiava por se sentir tão fraca em sua presença. Apenas o cheiro dele a deixava arrepiada e a forma como catalogava seu corpo, fazia sua boceta gritar urgente por ele.

Porém, não era só de luxúria que a fazia suspirar.

Ela o amava. Isso era um fato. Acredita até que lançou algum feitiço antigo para se sentir tão viciada por seu toque.

Precisava esquecer dele. Os deuses lhe deram uma nova oportunidade para ser feliz. Ela não poderia cometer o mesmo erro.

***

Voltou ao trabalho focando apenas em sua carreira.

Assim que suas memórias voltaram, imediatamente enviou uma carta ao RH e despachou Mysaria para longe. Ela apenas envenenou sua cabeça com incertezas. Suas decisões ficaram abaladas com os sussurros venenosos e até mesmo a forma como abordou a carta para Daemon pedindo a cabeça de Nettles era um ato cruel. Se sentia o próprio Maegor exigindo cabeças sem ao menos um julgamento.

Ela não era uma tirana.

No entanto, agiu como uma e apenas perdeu.

O telefone toca trazendo-a de volta de suas reflexões.

— Rhaenyra falando.

— Preciso que compareça ao escritório, tenho um assunto urgente para tratar.

***

Ela seguiu pelo elevador três andares acima do seu para encontrar seu chefe. Será que Mysaria iniciou algum processo ou fez uma reclamação? Não duvidaria disso, senhora miséria é capaz de qualquer coisa.

Bateu duas vezes na porta encontrando seu chefe sentado na grande mesa no centro.

— Sente-se Rhaenyra, não vou tomar o seu tempo, o assunto é rápido.

— Claro senhor!

— Me chame apenas de Cregan, não precisamos dessa formalidade aqui.

Rhaenyra nunca conheceu Cregan Stark pessoalmente. Foi um fiel aliado e seguiu honrando sua palavra até o final.

Seus olhos encheram de lágrimas e queria imensamente abraçá-lo e agradecer por cuidar do seu menino. Do seu doce Aegon.

— Está triste? Pode ficar calma, não é demissão.

— Oh! Não! Eu apenas lembrei de uma pessoa que também se chamava Cregan, mas ignore, vamos ao assunto.

— Certo — ele sorriu — Nossa editora pensa em expandir para outros países. Atualmente só ficamos na Inglaterra, mas nosso crescimento é inevitável e você faz parte de tudo isso. Então decidimos que você seria a pessoa perfeita para chefiar a nova equipe em Paris.

Se ela precisava de uma resposta dos deuses para começar uma nova vida, esse era o melhor sinal. Seu estômago revirou um pouco. Era medo e ansiedade de algo novo.

Ela precisava disso e prontamente aceitou com um enorme sorriso no rosto.

***

— Você vai para Paris? — perguntava Syrax surpresa e animada pela promoção.

— Sim! Preciso de novos ares, uma vida diferente e a oportunidade apareceu, não posso recusar.

— Não quer mesmo nada com Daemon? Mesmo depois do encontro na biblioteca semanas atrás?

— Não! Syrax, você mais do que ninguém sabe dos meus sofrimentos. Ele me abandonou, diversas vezes, não cumpriu em proteger sua esposa, rainha, seus filhos e a confiança é a base de qualquer relacionamento. Não posso começar com algo que está fadado ao fracasso.

Syrax não concordava, mas prometeu para ela mesma que não se intrometeria. Esse assunto será resolvido apenas por ela sem conselhos tendenciosos.

— Antes de partir queria vê-lo — falava movimentando os anéis — não falar com ele, apenas vê-lo, de longe. Caraxes falou algo sobre alguma competição?

— Bom, ele comentou que todos os dias Daemon treina no autódromo, você pode encontrá-lo lá.

— Perfeito! Só quero vê-lo, uma última lembrança.

***

Rhaenyra analisa cautelosa o vestiário para não ser surpreendida por outros pilotos. Ela precisava apenas ver Daemon.

Por sorte foi um dia tranquilo e apenas ele estava lá.

Seus passos eram silenciosos e escorou seu corpo perto de um armário admirando-o enquanto ajustava seu macacão de corrida.

Por mais que Rhaenyra sentisse uma enorme tristeza, raiva e rancor por ele, não podia negar o quanto sentia um magnetismo fora do normal. Não importava a idade que tivesse, o corpo dele a deixava salivando. Não sabia exatamente qual seria a idade dele atualmente, claro, falando em termos de aparência. Ele lembrava precisamente quando voltou dos degraus, caminhando presunçosamente até o rei, exibindo sua vitória e sua coroa de rei do mar estreito. Os cabelos curtos o deixavam mais jovem e ela adorava quando ficava assim.

O macacão vermelho estava aberto, caído em sua cintura. Ele tirava a camiseta tradicional revelando o abdômen. As cicatrizes permaneciam e era algo que excitava Rhaenyra. Quando viu pela primeira vez, quis tocar e beijar uma por uma. Amava essa sensação de perigo que ele emanava.

Sua altura lhe dá uma aparência de falsa magreza, mas quando usava roupas mais justas, ficava evidente como seus ombros e braços preenchiam, definidos, cada pedaço do tecido. Vendo-o assim, sem a camiseta, ela tinha certeza que o tempo só o deixou ainda melhor. Seus braços, costas e ombros eram perfeitamente esculpidos e seu peito e abdômen definidos na medida certa.

"Ele poderia ter ficado feio com o tempo, ficaria mais fácil o meu desprezo"

Vislumbrando hipnotizada seu corpo, ela nota algo familiar. Em torno de seu pescoço um colar prateado. Era o presente que ele deu a ela quando jovens. Era aço valiriano e conseguiu um bom dinheiro junto com a coroa de seu pai para conseguir um navio de volta para Pedra do Dragão. Ela sempre se arrependeu amargamente por essa decisão.

— O colar! — ela pensa alto, não notando sua voz reverberar pelo vestiário.

Ele procura por onde saiu essa voz, encontrando-a envergonhada entre os armários.

— Rhaenyra? — perguntava curioso — O que está fazendo aqui?

"O que estou fazendo aqui? Nem eu sei" pensava em como responder, seu objetivo era apenas vê-lo de longe sem nenhum contato verbal (e físico).

— Queria te ver, antes de partir.

— Partir? — ele já estava em sua frente.

— A editora deseja me realocar em uma nova filial em Paris e resolvi aceitar para começar uma vida nova.

O rosto entristeceu, de forma sútil que só ela notaria.

— Entendo!

Rhaenyra tem a chance de começar algo novo, com pessoas novas, sensações diferentes e precisava verdadeiramente viver feliz sem dor e sofrimento. Não queria sentir o medo do abandono que Daemon transmitia. Ele a traiu, a deixou no momento que mais precisava e estava certa que amor, não era o sentimento que ele tinha por ela.

Ele foi contra as suas ordens, não trouxe a cabeça de Nettles e deixou a traidora fugir. Não queria passar por tudo isso de novo.

Apesar de seus argumentos serem completamente válidos, seu coração não conseguia deixá-lo tão fácil. Quando seus olhos se encontravam com os dele, as lembranças de seus sorrisos e carinhos apareciam sem aviso. Ele brincava com todos os filhos, ensinava tudo o que sabia e dava tudo de si por cada um deles, mesmo seus três meninos, que ele adotou com tanto amor.

Será que outro homem a faria cair em um abismo de desejo como ele sempre faz? Era como se seu corpo tivesse sido moldado apenas para ele. Daemon conseguia instigar cada pedaço da sua pele, florescendo uma luxúria nova. Era sempre uma descoberta, não importava as milhares de vezes que ele a levou para a cama, ele sempre descobria algum ponto que a deixava sem fôlego.

No entanto, ele desejou outra, mais nova. Ela não conseguia perdoar.

O que mais doe em tudo isso, é que ele mente, não assume seus erros, não pede perdão por sua traição e tenta a todo custo provar que não se deitou com nenhuma outra além dela.

Ele insulta sua inteligência, destacando sem vergonha o quanto ela é tola.

— Não sabia estar com o colar todo esse tempo.

— Encontrei com um dos vendedores na época e resolvi guardar. Você o desfez tão facilmente... — ele oferece um meio sorriso, tirando o fecho que prende o colar e oferecendo a ela — É seu, guardei apenas para você.

Ela analisa se deve pegar. Ter algo dele para lembrar seria prudente? Talvez com o colar ficaria ainda mais difícil esquecê-lo.

— Fique com ele. Uma recordação do nosso passado.

— Não preciso do colar para lembrar de você Rhaenyra.

— Eu insisto.

Daemon aceita, guardando-o no bolso de seu macacão.

Rhaenyra o analisa por inteiro, estudando cada parte de seu corpo, suas expressões, linguagem corporal. Sua mão parece ter vida própria quando acaricia sua barriga, olhando-o com desejo.

— Rhaenyra, não comece! — seu tom era mais sério, dificilmente ele falava assim com ela — Não seja essa mulher mexendo com a cabeça dos outros.

Sua mão se afasta com seu tom raivoso. O rosto empalideceu e um sentimento de vergonha se espalhou por ela.

— Desculpa.

— Não peça desculpas, só... Apenas... Não brinque comigo! Se você não veio aqui para me perdoar e ficar comigo, então não faça isso. Está sendo difícil esquecer você.

A respiração dela oscilou, estava extremamente envergonhada. Ele tinha razão, o que ela estava pensando?

— Não estou brincando com você — sua voz saiu falhada — foi apenas instinto. Não quero que você se esqueça de mim, não precisamos se afastar tanto...

— Não consigo ser só seu amigo. Ficar perto de você e não te tocar, é demais para mim.

Era demais para ela também.

— E imaginar você com outra pessoa, é algo que não quero ver, nem saber.

Ela também não consegue.

O silêncio seguiu por mais alguns instantes.

— Rhaenyra preciso que seja sincera comigo. É isso o que você quer? Viver uma vida longe das pessoas que fizeram parte do seu passado, longe de mim, é algo que realmente vai te fazer feliz?

Rhaenyra estava decidida. Ela não conseguia perdoá-lo, não podia se dar ao luxo de viver sem confiança.

— Sim, essa é minha decisão final.

— Então é um adeus?

— Sim! — seus olhos lacrimejaram e ela rapidamente tentou disfarçar.

— Certo.

Daemon pegou sua camiseta preta no armário, vestiu e fechou o macacão em seguida. Alcançou seu capacete que estava em cima do banco de madeira e a olhou, pela última vez.

— Espero que seja feliz, se for isso realmente que fará você encontrar a felicidade e paz, não vou me intrometer. Eu só quero você bem.

Ele passa por ela até a saída.

Sem nenhum beijo.

Sem nenhum toque.

Sem ouvir a resposta dela.

Ela fica paralisada por alguns instantes e quando decide virar, era tarde demais.

***

Rhaenyra arrumava suas malas com antecedência. A viagem estava marcada para a próxima semana, mas precisava deixar tudo em ordem.

Decidiu encontrar seus sobrinhos (filhos), para matar a saudade enquanto estiver fora. Não sabe exatamente se vai gostar de viver em outro país, mas Syrax seguirá com ela, então não ficará tão sozinha.

Todos estavam em um parque se divertindo. A alegrava vê-los juntos e felizes.

A primeira coisa que fez ao lembrar de tudo foi vê-los. Ela chorou e beijou o rosto de seus amados filhos. A olhavam confusos, não fazia tanto tempo desde a última vez que se viram, mas para ela, era uma eternidade.

Aqui eles estavam vivos.

Por um momento pensou em retomar algo com Harwin, mas não queria ninguém do seu passado novamente e ele também nunca fez muito esforço de estar com ela, de querer ela.

Só Daemon fazia isso.

Ela precisa esquecê-lo.

— Sempre gostei de você Rhaenyra, mas você está realmente sendo uma grande estúpida.

Seu olhar raivoso encontra a senhora que despejava palavras ofensivas a ela.

— Por acaso te conheço?

— Claro que conhece, talvez não pela aparência, mas sim pelo meu nome. Prazer, Vhagar!

Os olhos violetas de Rhaenyra se arregalaram e ficou surpresa de ver um dragão do lado inimigo falando com ela na aparência de uma senhora.

— Me chama de estúpida, ao menos posso saber o motivo?

— Rhaenyra, eu lutei contra Caraxes sob o olho de deus. Não vi nada sobre Nettles antes, mas uma certeza eu tenho devido à minha longa experiência. Se ele amasse aquela menina como você pensa, se ela realmente fosse sua amante, por que ele ficaria 13 dias e 13 noites marcando uma árvore-coração depressivo e pronto para morrer?

— Ele não fugiu?

— Não minha pequena criança, ele morreu, por você e eu sou a prova disso.

Rhaenyra se levanta abruptamente, procurando seus sobrinhos. Ela precisava ter certeza disso ou estaria cometendo o maior erro de sua vida.

***

Ela pegou o livro sobre ancestralidade Targaryen daquela vez na biblioteca quando encontrou Daemon de novo. Deixou em sua casa para ler com calma o que diziam sobre ela. Queria também saber sobre sua história contada por outros e alegrou seu coração em ver que Aegon e Viserys foram reis, que não morreram. Buscava também mais detalhes sobre suas meninas, Baela e Rhaena, mas o livro apagava qualquer história sobre mulheres.

Folheou até encontrar sobre a morte de Daemon. Não usavam nomes precisos, mas ela conhecia a história, lembrava de cada detalhe e então ela viu escrito:

"Suas chamas ardiam com tal intensidade que os pescadores abaixo ficaram com medo de que as próprias nuvens tivessem pegado fogo."

"Os pescadores que testemunharam a luta disseram que nenhum homem ou dragão poderia sobreviver àquele impacto. E não sobreviveram."

Ele morreu. Por isso não voltou.

"Então ele não me traiu?"

Seu coração batia forte, um pânico preencheu seu peito e se sentiu estúpida como Vhagar disse. Rhaenyra precisava de mais informações, queria ter certeza, mas antes precisava falar com ele. Daemon precisava ser dela de novo, ela estava desesperada em tê-lo com ela novamente.

Pegou as chaves do seu carro e correu até seu escritório, era quarta-feira, ele estaria lá.

***

Quando chegou na portaria do prédio empresarial exigiu urgência em contactar e permitir a sua entrada até o grande escritório.

Essa burocracia a irritava.

— Rhaenyra?

Virou o seu corpo tentando encontrar quem a chamava. Ela recordava de ouvir essa voz antes, mas não conseguiu associar visualmente quem seria.

Ao encontrá-lo, viu Caraxes com um enorme sorriso indo abraçá-la.

— O que faz aqui? Você não ia para Paris? — respondeu fazendo um bico e tentando imitar um sotaque francês.

Ela riu. Caraxes a alegrava com esse jeito espontâneo.

— Preciso falar com Daemon!

— Rhaenyra... Ele foi embora.

— Embora? Para onde?

— Não me disse para aonde iria, mas decidiu passar um tempo longe, algumas férias e me deixou cuidando da papelada.

— Ele não pode fazer isso comigo!

— Você decidiu seguir outro caminho, ele respeitou sua decisão, então precisava entender o dele. Não pode acorrentá-lo e procurá-lo quando bem entender, você está sendo cruel assim.

As palavras dele eram como facadas em seu peito. Ele tinha razão, era seu melhor amigo e por mais que ele a adorava, sempre defenderia Daemon de qualquer pessoa.

— Cometi um erro Caraxes, eu perdi ele para sempre.

***

Nota: O próximo capítulo provavelmente sairá apenas sábado que vem por conta da grande demanda no trabalho essa semana :(

Enquanto isso vamos teorizar hahahaha

Perguntinha: Vocês gostariam de ver um painel no Pinterest inspirado nessa história para visualizar melhor? Uma Playlist?

Espero que gostem e por favor deixem comentários, eu amo ler cada um deles. Me siga no Twitter: moneceles.

Beijooos

SoulmatesOnde histórias criam vida. Descubra agora