Epílogo

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— Finalmente 20 anos.

Visenya dizia eufórica na mesa do café da manhã, enchendo de beijos nas bochechas crescidas de seus filhos e abraçando com todo o amor que sentia.

Seus gêmeos completaram 20 anos, caminhando para a faculdade e seguindo rumo à vida adulta.

Rhaenyra adorava aniversário, contava os dias para as comemorações e alegrava-se por todas as felicitações de seus amigos e parentes.

Já seu irmão Daemon era o oposto. Odiava datas comemorativas e toda a falsidade que envolviam nas frases prontas de parabéns enviadas em seu whatsapp.

— Preparei panquecas e geleia de morango para vocês — distribuía as facas e os pequenos potes com as geleias para derramar em suas panquecas — faltou o café! Vou pegar, apenas um minuto.

Visenya levantou até a cozinha deixando ambos sozinhos lado a lado na grande mesa da sala de jantar.

— Você poderia melhorar essa cara de bunda — Rhaenyra acerta o cotovelo no braço de Daemon exigindo um melhor comportamento — Ela está feliz em fazer por nós e você poderia retribuir o carinho.

— Só de continuar na mesa sem nenhum comentário debochado é uma vitória por meus esforços. Você sabe o quanto odeio esse dia.

O motivo não era apenas o aniversário, mas era a data que a avó materna deles faleceu. Nenhum dos dois conheceu seus avós e Daemon sentia sempre uma dor no peito ao lembrar dela.

— Você ainda tem uma forte conexão com nossa avó?

— É difícil de explicar — mexia as mãos, impaciente — é como se tivesse vivido anos e anos com ela e saber a data da sua morte bem em nosso aniversário, faz tudo ficar melancólico e sombrio.

Rhaenyra não compartilhava os sentimentos do irmão. Aos seus olhos, esse dia merecia uma celebração maior e não lamentações. Sua mãe sempre mencionava o quanto ambas tinham o mesmo jeito, sangue quente e forte. No fundo, ela sabia que sua avó odiaria tristeza no dia de sua morte. A morte era apenas um novo começo e ela gostava de acreditar nisso.

Suas mãos cobriram delicadamente os dedos longos de seu irmão e quando os olhos se encontraram violetas e profundos iguais ao dela, Rhaenyra sorriu.

— Pensa apenas na mamãe e o quanto esse dia também é delicado para ela.

Daemon sorriu com ternura olhando sua irmã.

Estudando sua figura, ele notou que ela não parecia mais uma menina, cresceu se tornando uma mulher forte e determinada. Ele sempre a admirou, uma beleza diferente de qualquer pessoa, uma aura etérica a envolvia e quando saiam os olhos de todos se fixavam nela, mas hoje parecia tudo diferente. O vestido curto florido acentuando a curva da cintura e ficando mais solto na saia, as alças finas deixando os ombros e clavículas bem definidas à mostra. Os cabelos loiro–prateados com um penteado trançado deixando mechas soltas caindo nos olhos e a boca, se tornando um delicioso tormento para Daemon. Eram lábios carnudos e vermelhos como um morango pedindo para ser saboreado.

Esses pensamentos o deixavam doente. Tinha medo dessa admiração passar do tom. Eles eram irmãos, apenas isso e não poderia passar do limite.

— Você está tão linda.

O elogio a fez corar, não conseguindo esconder a excitação e sentimentos confusos que sentia por seu irmão.

Era loucura imaginar uma vida ao lado dele com filhos? Rhaenyra sabia que seus antepassados eram incestuosos e talvez esse seja o grande motivo de sentir tanta atração e magnetismo por ele.

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