A FAMA E A SOLIDÃO

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Ao fim do show, escuto a plateia gritar o nome da banda. O barulho é tão alto que posso sentir o palco tremer debaixo dos meus pés, no momento eu estou muito cansado depois de passar 3h aqui, mas não consigo me acostumar com toda essa empolgação.

-OBRIGADO POR ESSA NOITE! ATÉ A PRÓXIMA GALERA!

A banda forma uma fila na horizontal na frente do palco e agradece curvando o corpo.
Saímos do palco totalmente enérgicos ainda escutando os gritos.

-ESSE VAI ENTRAR PARA A HISTÓRIA- disse o Mike, o segundo guitarrista, pegando uma garrafa de champagne.

-Calma aí bonitão, não podemos molhar esse chão, tá cheio de cabos aqui.- Léo, a baterista da banda, diz o repreendendo.

-Eu tenho dinheiro o suficiente pra comprar todo esse estádio, relaxa gatinha.

-Para de gracinha e abre esse troço em outro lugar. -eu disse dando um tapa na sua cabeça.

-Vocês são todos uns cuzoes! Do que adianta ser famoso se não posso fazer nada do que eu quero. -ele disse se afastando do grupo.

-Hoje a festa vai ser no meu quarto de hotel! -Disse o Gabin, baixista da banda.- E eu ainda arrumei algumas gatinhas para o Castiel.

Revirei os olhos e fingi que não escutei.

-Sinceramente, eu tenho que ter muito estômago para lidar com vocês.

-Você está exagerando Léo, não somos tão ruins assim. -disse o Gabin defendo nós três.

Depois de alguns minutos nós entramos na van e estávamos a caminho do hotel.

-Chegando lá Cast, você escolhe primeiro, vou te dar esse presente pelo show de hoje.

Apenas ri e assenti com a cabeça.

Depois de um tempo na festa, Mike chega sussurrando no meu ouvido.

-Aí, aquela loira ta gamadona em você.

Eu a olhei no canto, perto do bar, ela também olhou para mim e piscou o olho.

-Não dá mole cara, vai lá.

Ele me deu um tapa nas costas e eu fui até ela.

Conversamos até nos beijarmos. Mais tarde fui para o meu quarto com ela e bom...ela não facilitou pra mim. Nós transamos até eu cair exausto na cama, ela tentou conversar comigo mas além de chata os assuntos dela não me interessam nem um pouco. Fechei os olhos e apaguei.

No outro dia eu acordei as 6h da manhã. Me levantei e fui fumar um cigarro na varanda do quarto, a garota de ontem já tinha ido embora.

São nesses momentos que muitas coisas se passam pela minha cabeça. Eu estou feliz certo? Minha banda faz o maior sucesso e eu estou vivendo a minha vida da forma que eu sempre quis.

Droga.

Eu ainda me sinto sozinho. Essa solidão me acompanha desde a adolescência, fui emancipado muito cedo e a minha única companhia era o Dragon, meu cachorro que faleceu alguns anos atrás. Não quero dizer que os caras da banda não sejam meus amigos, mas eu queria alguém que fosse meu lar, que estivesse em casa me esperando todos os dias e com quem eu pudesse compartilhar todas as merdas que se passam pela minha cabeça.

Voltei para a realidade quando escutei batidas na porta.

-Ei Castiel, vamos logo, o carro já está esperando.

-Só um minuto, Léo.

Ontem foi nosso último show dessa turnê, estamos voltando para São Francisco. Finalmente vou poder dormir na minha cama.

Depois de algumas horas dentro do avião eu cheguei em casa, que como sempre, está mergulhada num profundo silêncio.

Merda. Eu tô muito fodido.

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