Volte para o que sempre foi

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Meus movimentos estavam muito mais travados desde que cheguei a essa cidade

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Meus movimentos estavam muito mais travados desde que cheguei a essa cidade. A tensão descabida entre mim e Phillip não melhorava nem com nossas viagens em casal.

Não esperaria que as coisas melhorassem retornando à casa de minha mãe, mas essa viagem teria que valer algo. Aproveitar o frescor que a cidade mais tranquila proporcionava poderia ser o meu prêmio.

Coloquei meus fones de ouvido e comecei a apressar meus passos para uma corrida, aumentei o som enquanto me direcionava para a vizinhança nada agradável da cidade. Encarei alguns olhares que se abatiam em mim, tentando recuperar meu fôlego ao correr ainda mais.

Não havia destino certo. Só a vontade de ficar cada vez mais distante de qualquer sentimento. Foi assim por anos e assim continuava sendo. Os arbustos mais altos e o cheiro de terra molhada, trouxe a sensação de liberdade mais profunda. Era ótimo me sentir mais livre, meus braços se soltaram da tensão, meus pés começavam a embalar o ritmo da música, conforme eu ia ouvindo mais profundamente as batidas do som. Era muito mais fácil manter o foco ali.

Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. A cada estralada, eu conseguia me reconectar com minha dança, mesmo com algumas folhas aos meus pés dificultando os movimentos mais fluídos. De repente, o ritmo começava a não fazer mais sentido, outro som estava me desconcentrando. Retirei os fones, tentando ajustar a conexão novamente, mas a música continuava. Ainda que distante, me concentrei novamente para encontrar de onde ela estava saindo, mas não havia ninguém por ali, me obrigando a entrar um pouco mais adentro do florestal.

Ouvia cada vez mais perto o som das notas suaves de um violão. Apesar de não reconhecer a melodia, era tranquila e hipnotizante. Ao procurar o som, perto do rio, Ethan dedilha algumas outras notas, parecendo entorpecido pelo ritmo. Me aproximo ainda mais e seus olhos se encontraram, como um baque, meu coração começou a acelerar e minhas mãos não se mantinham quietas. Ethan, ao notar a presença, parou de tocar no mesmo instante.

Minha voz falhou quando tentei dizer um simples "oi". Por um momento, ficamos apenas nos olhando em silêncio, tentando entender o que estava acontecendo.

— Oi — ele tentou manter a calma, mantendo um sorriso sincero aos lábios — Não esperava te ver aqui.

Observei o violão que estava no colo de Ethan, e gostaria de saber se ele ainda tocava. Ethan ama música mais do que tudo e não consigo imaginar como ele estaria se sentindo após ter perdido sua mãe.

— Você ainda toca? — ele olhou para o violão também e parecia hesitante.

— Não muito — ele finalmente respondeu — Depois que meu pai morreu, eu simplesmente não consegui mais tocar. Parecia que toda a minha paixão tinha sido sugada para fora de mim. Eu só cantava em bares porque precisava... pela minha mãe. Você deve se lembrar — eu lembrava perfeitamente — É o violão do meu pai. Eu não tocava há anos, até agora...

Eu não fazia ideia de como ele estava lidando com tudo isso. Os olhos de Ethan começaram a marejar, agora muito mais soltos e menos presos aos seus olhos.

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