Segredos de um passado

As consequências do que deixou para trás

Ethan assinou os papéis.

Minhas mãos ficaram geladas e me apoiei à cadeira quando senti minha respiração mais intensa.

Notei os olhos de Phillip atentos em mim, seguidos por Ethan, que encostava seu corpo em alívio na cadeira.

— Do que precisamos? — apreensivo, Ethan questionou Phillip, que acenou sua cabeça para colocar o plano em prática.

Todos ali sabiam do perigo.

— Bem, temos que buscar informações precisas e sua ficha de crimes.

— Crimes? — mamãe interveio, totalmente surpresa com as falas de Phillip.

— Violação de domicílio, embaraço de investigação, danos materiais — Phillip deu um longo suspiro — Temos uma boa lista e isso não nos dará vantagens.

— Abra um processo contra — Phillip ignorava os atos impulsivos de minha mãe. Porém, Ethan parecia analisar os erros cometidos.

— Preciso ir a um lugar — Ethan respirou, buscando se recordar de algo.

Não houve tempo para pará-lo ou pedir para ficar. Phillip olhou para mim na expectativa que eu fosse atrás de Ethan.

— Vamos deixar ele ir — minha mãe foi mais rápida, exalando a respiração em desistência.

Phillip sempre fica calado quando algo o incomoda. E para um bom articulador de palavras, isso é seu extremo.

Os olhos dele não saída da pista até a volta para o hotel. Se não fosse seu olhar atento ao me observar ao passarmos por Ethan e seus passos largos pela estrada, poderia dizer que ele estaria me ignorando.

Não era justo com Phillip minha divisão de sentimentos naquele momento, mas era arriscado deixar Ethan seguir seus instintos.

As enormes papeladas jogadas à mesa de Phillip sempre foram motivo para longas conversas e discussões, mas no momento em que coloquei os olhos no nome de Ethan, minha quietude se afirmava em uma grande decisão.

Talvez eu deveria ter contato ao Ethan sobre os remédios e assim ele saberia do real perigo.

Me atentei em mais informações da folha, antes de notar a presença de Phillip de volta a sala. Como um costume inadequado, sorri afetuosa tentando não demonstrar meu nervosismo.

Respirei em alívio quando o notei confuso com minha atitude, mas depositando um breve beijo em minha têmpora.

— Vou dar uma volta. Talvez correr — dei os ombros ainda observando a plena atenção que ele dava aos papéis e seu notebook.

Acenei lentamente, apressando meus passos diretamente para a porta.

Apesar da tensão de meus passos, eu precisava encontrar Ethan. As daquela cidade estavam ainda frescas em minhas memórias ou apenas a adrenalina deixou com que me recordasse do endereço da folha.

Sigo em direção ao hotel que Ethan está, aflita por não contar a verdade, nervosa por falar com ele. Porém, novamente tenho a visão de algo que deixaria minhas mãos trêmulas e a garganta totalmente seca, e assim ficou.

A caminhonete do senhor Lewis.

Subo as escadas com um frio na barriga, sabendo que algo está errado. Com meu coração batendo acelerado, me aproximo do quarto onde a movimentação está mais intensa.

É então que vejo o tio de Ethan saindo do quarto com um envelope na mão.

No mesmo instante meu corpo se esgueirou diante a coluna do corredor, tentando observar o que ele estaria fazendo ali e se Ethan estaria lá também. Antony mexe na maçaneta, aumentando a intensidade de seus movimentos.