Voltando ao que sempre foi

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A música alta e o cheiro de álcool e suor reviraram meu estômago

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A música alta e o cheiro de álcool e suor reviraram meu estômago. Ela hesitou por um momento, mas Lilian a puxou pelo braço.

Revirei meus olhos sendo envolvida pelos sorrisos das garotas. Naquela época eu me perguntava sempre em como ter a mesma perspectiva de festas e alegria desses lugares. Logo que eu e Lilian nos tornamos mais próximas, era inegável que éramos opostos.

Deixei a música alta logo invadir meus ouvidos. Eu não pertencia mais ali, nem a cidade, nem àquelas pessoas, mas era como ritmo da música invadisse cada parte de meu ser e o mundo lá fora não existisse.

Entre alguns esbarrões e os corpos dançantes de Lilian e Samantha, as movimentações ficaram mais lentas. Tudo parecia girar um pouco mais devagar, o ritmo frenético das batidas do som se tornaram distantes, assim como os toques em meu braço, em minha cintura e no pescoço.

Me afastei rapidamente do rapaz que, sem dizer uma palavra, aproximava sua boca para perto da minha.

— Vou tomar um ar — aumentei o tom de voz mesmo me aproximando dos ouvidos de Samantha. — Já volto.

Meus passos se apressaram, mas não pude deixar de ter a visão do grupo ainda com suas bebidas caras em mãos e dividindo embalagens cheias de comprimidos brancos e coloridos entre si. Eles ainda estavam presos ao passado, na mesma rotina de festas e excessos.

E eu tentando ser como eles. Que perda de energia querer ter essa vida. Quer dizer, no passado até pode ter rendido bons frutos, a oportunidade em Ohio não apareceu só pela minha força de vontade, mas mesmo assim, não valeria a pena.

Deixei a multidão, as batidas, as drogas e os corpos cheios de suor e puro álcool para trás. Mas sinto que deixei uma parte de mim ali também. Fugi tanto em ser comparada a qualquer um deles e no final eu me resumo ao mesmo mundo em que vivem.

Os zumbidos ainda parecem dar socos e pontapés na minha cabeça, me obrigando a abandonar a garrafa de cerveja ao chão e buscar um refúgio até que minha visão turva volte ao normal para eu poder voltar para casa.

Apoiei minhas mãos nas paredes rústicas e apesar de sentir minhas mãos deslizarem pela superfície áspera e arenosa, continuei os passos cautelosos, tentando não chamar tanta a atenção. Tudo parecia girar e precisei recuperar o fôlego para caminhar mais atentamente. Procurei pelo carro nas ruas mais vazias daqueles quarteirões.

Ele poderia estar lá me dizendo que havia sido uma péssima ideia. Ou para fazer alguma piada idiota sobre o cabelo infantil de Lilian. Queria que ele estivesse ali me protegendo e dizendo que estaria tudo bem. Mesmo eu sabendo que era mentira, que era apenas para... mentir para si também. Eu não me importava e ainda não me importo.

Minhas lágrimas apenas atrapalham mais a visão. Fui retornando a visão até avistar a caminhonete prata de tanto apego de Ethan. O poder de pensamento não poderia ter dado as graças logo hoje em que a maquiagem borrada era a melhor versão que eu poderia ter diante o dia.

Segredos de um passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora