3

1K 71 2
                                    

Enquanto Amanda foi comprar itens de decoração para o nosso quarto, peguei um trem e fui para Londres almoçar com o meu pai.

Liguei pra minha mãe ontem, chorando que nem criança, e ouvi ela avacalhando com a reputação dele até não poder mais. Me senti mal quando ela me pediu desculpas por ter me dado ele como pai. Não é culpa dela.

No fim das contas, decidi ir, por que sou superior. Ele acha que sou uma criança mimada e eu vou lá provar para ele que sou uma adulta e sei o que estou fazendo. Pelo amor de deus, passei um ano há mais de 20 horas de avião longe da minha casa. Sei me cuidar muito bem. To pouco me fodendo para a reputação dele e é isso que ele vai ouvir. Se tem gente querendo saber o que eu faço da minha vida é culpa dele.

Ele ta esperando a menina quieta que ele lembra de quando eu tinha 15 anos, mas eu sinto muito, sou outra pessoa agora. Quero sentar na frente dele com a cabeça erguida e conversar de igual para igual. Esse desgraçado nem saber o que atingiu ele.

No restaurante chiquérrimo, digo o nome do meu pai para o recepcionista que me conduz até uma mesa de canto, avisando que o querido ainda não chegou. Me sento na cadeira estofada, bufando alto quando o rapaz vai embora. Tento respirar fundo para acalmar a minha raiva, se não sou capaz de esbofetear a cara dele quando o vir.

Fico uns 10 minutos com os cotovelos apoiados na mesa e a cabeça nas mãos, de olhos fechados e a cabeça longe.

"Emily?" Me assusto quando um cara enorme de alto, extremamente musculoso que parece a porra de um viking, chama por mim ao meu lado.

"Sim?" Digo confusa, sabendo que conheço ele de algum lugar. Será que é acessor do meu pai ou alguma coisa assim, que eu vi uma vez na vida e não fiz questão de guardar o rosto? Se fosse, estaria de terno, não de moletom e bermuda.

"Sou o Erling, seu pai pediu pra eu te encontrar aqui." Ele sorri simpático, puxando a cadeira na minha frente para se sentar.

Fico tensa, assistindo o homem com os cabelos loiros presos em um coque, se sentar na mesa comigo.

"Desculpa, eu não entendi." Olho para ele com as sobrancelhas juntas, tentando não ser grossa antes de saber se ele sabe com o que está lidando.

"Você é filha do senhor Harrison, né?" Ele me olha com cuidado com grandes olhos verdes. Respondo sua pergunta com um simples abano de cabeça, esperando ele soltar a língua. "Ele contou que você tava precisando de calmaria na sua vida agitada de estudante de direito e que talvez seria legal um amigo para conversar." Fico olhando para a cara dele, piscando repetidas vezes, em completo choque.

"Desculpa de novo, mas de onde você conhece meu pai?" Testo o terreno.

"Ele é um dos maiores sócios do clube, vai muito assistir os treinos e ta sempre nos jogos." Escuto atentamente as informações que ele me passa, tentando ligar os pontos.

"Que clube?" Ainda não sei aonde já vi a cara dele. Ele não tem um rosto comum, então conheço ele mesmo de algum lugar.

"Manchester City." O coitado responde franzindo a testa, confuso por eu não saber.

"Claro que sim!" Bato na mesa com o punho fechado, me caindo a ficha. "Você é o Haaland." Esfrego o rosto, ligando os pontos na minha cabeça. "Desculpa, não tinha te reconhecido antes." Jogador de futebol tem ego grande, espero que ele não tenha de ofendido.

"Tudo bem." Ele ri, descontraído.

Me apavora o fato dele não ter noção nenhuma da realidade aqui.

"Olha Haaland, eu vou te mandar a real." Junto as mãos na minha frente, me apoiando na mesa. "Eu achei que o meu pai que viria almoçar comigo." Olho bem em seus olhos, falando pausadamente para que tudo fique claro. "Essa história que ele te contou não é verdade." Erling se contrai com a informação que lhe dou. "Eu fui numa festa esse final de semana, e ele pirou." Omito a parte que odeio o meu pai, deixando no ar apenas um leve desprezo. "Aparentemente ta querendo que eu arrume um namorado e sossegue em casa para não arrumar problemas para a imagem dele, já que carrego seu sobrenome." Tenho a sensação de que pareço uma completamente lunática.

H - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora