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"Eu não gosto do Travis." Declara Erling, do outro lado da mesa do refeitório do CT.

"Eu sei, amor. Mas ele tá arrependido."

"Isso não significa que ele tenha te superado." Ele faz bico, igual criança.

"Jogador, mas se for assim, você vai ter que ficar bravo com todos os homens e mulheres do planeta. Todo mundo tem um crush em mim." Provoco, imitando sua voz manhosa.

"Eu te odeio." Seu dedo do meio se vira para mim, reforçando o recado.

"Não odeia, não." Não consigo segurar a risada, dando a volta na mesa. Erling não contesta, só empurra a cadeira para trás, me dando espaço no seu colo.

Envolvo os braços pelos seus ombros, espalhando beijos por todo o rosto dele.

O Travis pode sentir o que ele quiser. Amor ou ódio, por mim é indiferente. Eu amo o Erling e não vejo isso mudando jamais na minha vida.

"Espero que ele tenha ficado com o quarto do lado do nosso, assim eu posso mostrar para ele a noite toda o quanto não existem chances com você." Meu namorado supostamente inocente estampa um sorriso vingativo no rosto.

"Ai meu deus, Erling!" O repreendo com um tapa no braço.

"O que foi? Tenho certeza que você vai se divertir tanto quanto eu."

"Falando nisso..." Mudo de assunto, ignorando sua pouca vergonha. "Você realmente não se importa de eu levar todo mundo para o jogo?"

"Claro que não, patricinha. Na verdade, eu fico aliviado de saber que seus amigos vão estar com você." Ele rouba um selinho, alisando minha coxa. "Esse próximos dias vão ser bem agitados, é bom que você tenha pessoas próximas lá quando eu não puder estar perto."

"Ta bom." Cobro suas bochechas, me abaixando para colocar nossos lábios de novo.

"E aí, casal?" Bernardo diz, chegando perto da nossa mesa com uma maça na mão.

"Bernardo!" Cumprimento, ainda encostada contra o peito do Erling.

"Posso senta com vocês?"

"Óbvio." Puxo minha xícara de café para liberar espaço para ele. "Tava esperando te encontrar hoje pra te parabenizar pelo jogo, você foi um absurdo. Tipo, sério mesmo."

"Ah Mia, obrigado." Ele fica tímido, diferentemente de qualquer cara no time, que com certeza abriria um sorrio convencido de orelha a orelha.

"Tem publicidade hoje também?" Erling pergunta, agarrado a minha cintura.

"Sim, mas vim aqui entregar uma coisa pra vocês." O meio campista desliza um envelope branco perolado até a gente. Assim que reconheço o que está na minha frente, meus olhos se enchem de lágrimas e então eu confirmo minha teoria de estar na TPM.

"Não acredito!" Erling sorri, analisando o convite de casamento.

"Pois é, vai ser em um vinhedo no Vale do Douro." O noivo diz, completamente orgulhoso.

"Vai ser lindo demais." Suspiro como uma princesa da Disney. "Sempre quis conhecer o Douro, dizem que é um dos lugares mais lindos de Portugal."

"E é mesmo."

"Nós vamos, com certeza." Meu namorado confirma, tão ansioso quanto eu.

"Perfeito, vou avisar a Inez então." Ele nos deixa sozinhos, caminhando quase saltitante enquanto morde a sua maça.

"Acho que vamos para Portugal na pós temporada." Brinco com seus cabelos loiros, já empolgada com a ideia de viajar para um lugar paradisíaco com o Erling. Ele abre a boca para falar alguma coisa, mas depois de alguns segundo me encarando, ele desiste, enfiando o rosto no meu pescoço para beijar toda a pele exposta que consegue. Viro gelatina no seu colo, afundando as unhas no seu abdomên definido para evitar um gemido.

Temos que parar com essa coisa de exitar o outro em lugar públicos. Podemos estar sozinhos no refeitório agora, mas obviamente não dá para fazer nada a respeito da minha calcinha molhada aqui.

"Tenho que ir para o estúdio." Ele afasta a boca subtamente, me deixando tonta de tesão.

"Você vai pagar por isso." Ameaço, levantando do seu colo.

"Dúvido." O desgraçado pisca, me desafiando nitidamente. Bufo de raiva, aceitando a mão que ele estende por puro reflexo.

Uma vez que estamos de mãos dadas, ele não permite que eu me desvensilhe dele até chegarmos no estúdio de gravação do time, onde ele me solta para cumprir com sua agenda. Sento em um canto, acompanhando ele dar uma aula de como fazer gols para o canal do ManCity, assistindo highlights de jogos e depoimentos do Pep. Erling ri e faz piadas junto com a equipe que conduz o vídeo, me fazendo sorrir feito uma idiota.

"Do que você tá rindo tanto?" Ele interrompe a entrevista para falar comigo.

"Você é muito fofo." Confesso, arrancando risadas de todos os presentes. Erling não ri, apenas me encara como se quisesse me devorar, aqui mesmo, no meio de todo mundo.

Depois disso eles começam a falar sobre o físico do Erling e eu posso jurar que é alguma armação para me deixar maluca. Se fala sobre treino e recuperação pós jogo, mas é quando ele diz que usa o próprio peso elevado para se exercitar que eu acho que vou perder a cabeça. Me lembro perfeitamente da sensação que é ter cada grama do seu corpo sobre o meu. É divina.

Um arrepio cruza minha coluna como um choque.

"O Pep disse uma vez, que você geralmente fica cheio de hematomas depois dos jogos. Isso é verdade?"

"É, as vezes eu até me pergunto o que eu tô fazendo para me machucar tanto." O jogador ri, mas eu não acho graça. Odeio quando levanto sua camiseta e me deparo com a sua pele clara cheia de marcas roxas espalhadas. "Ela fica preocupadíssima, mas não é nada demais." Ele aponta para mim, como se não amasse me ver cuidando dele.

"Nossa, que namorada terrível que eu sou." Reviso os olhos, lhe dando o dedo.

"Ele fica muito machucado mesmo?" Me incluem na entrevista.

"As vezes parece que ele foi lutar box e não jogar futebol." Reclamo, vendo o dito cujo sorrir para mim. Tenho certeza que dentro da sua cabecinha está adorando que o mundo vai poder me ver falando do seu corpo. "Falando nisso, como tá aquele roxo imenso na sua costela?" Me distraio, lembrando da cotovelada horrível que ele levou do Rudiger, no último jogo contra o Real Madrid.

"Tá melhor." Ele levanta a lateral da camiseta, me mostrando um hematoma amerelado. Suspiros são audíveis por todo o ambiente, cada mulher presente babando em cima dos músculos definidos do meu namorado.

"Um dia você ainda vai quebrar alguma coisa."

"Daí você cuida de mim." Ele diz, sem vergonha nenhuma do grupo de pessoas em volta de nós.

Em dois passos largos dele chega na minha frente, planta um selinho nos meus lábios e segue a entrevista segundo depois, calando as vozinhas ciumentas que estavam gritando na minha cabeça.

Esse cara só tem olhos para mim.

Quando minhas amigas falavam isso meses atrás eu não acreditava, mas a cada dia que passa fica mais difícil não enxergar esse fato.

Fico extremamente feliz, por que literalmente não existe nenhum homem no mundo para mim que não seja esse norueguês de quase dois metros de altura e dezenas de quilos a mais do que eu.

H - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora