✧ Capítulo 5 ✧

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Dream não falou muito do cetro
– achava a palavra "cajado" muito religiosa e feia, então optou por chamar de cetro – do irmão, e Nightmare – mesmo tendo surtado de ter conseguido a própria arma – perdeu a animação bem rápido sobre esta.

Um cetro simboliza realeza, é um símbolo de poder e demonstra autoridade, a lua no topo do centro é claramente a marca do irmão, considerando que – após olhar muito – juntando todas as linhas do arco em uma superfície plana ele mostra um sol, apesar de ser tão trabalhoso fazer isso que Dream desistiu antes que Nightmare percebesse o quanto ele não era distraído.

O garoto do sol estava acordado, quando viu o irmão aproximar a mão de uma maçã dourada, fazendo uma careta e murmurando algo sobre "por que ela escurece?", Dream ficou apavorado de pensar no irmão segurando aquilo, o que aconteceria se a negatividade tocasse na pura positividade daquela maneira? Apenas pensar na possibilidade apavorava Dream. Mas assim que Nightmare caiu em sono profundo, Dream dormiu.

A mãe, Gaia, apareceu em sonhos para Dream nesse dia, Dream tomou um susto quando apareceu na colina e em vez da árvore uma alta guardiã de longos cabelos feitos de folhas estava sentada aonde a árvore ficava.

A mãe era alta, devia ter o que? 3 metros supunha Dream, usava um longo vestido azul claro, a longa cauda de ossos balançava levemente atrás dela. O cabelo de folhas era tão longo que preenchia o redor dela com suavidade e o arco de galhos e flores atrás de sua cabeça flutuava com cuidado, suas mãos, com pequenas flores de macieira crescendo nestas, estavam pousadas em suas coxas, e ela o olhava cautelosa. Tinha uma marca de lua igual a de Nightmare na bochecha direita e um sol igual ao de Dream na esquerda.

Dream e ela não tinham muito em comum, apenas a marca de sol – herdada do Tio, guardião da pureza – e a coroa na cabeça, a expressão dela era parecida com a que Dream fazia, mas o formato dos olhos e do rosto era diferente, Gaia já havia dito que Dream era a cara do Tio dele.

– Dream. – falou Gaia, com uma voz que parecia sair do chão, doce, materna. – meu menino, precisamos conversar.

Dream caminhou até a mãe, se sentindo tão pequeno perto da altura vasta da guardiã. Chegando nela estendeu os braços, pedindo colo, a guardiã levantou as mãos e segurou o pequeno guardião nos braços, o apoiando em suas coxas.

– desculpe por deixar que queimassem a senhora, mamãe. – Dream falou, torcendo os lábios e estreitando os olhos como se doesse. – como está se sentindo?

Gaia faz carinho na bochecha do filho, contornando o mais recente quebrado em seu rosto com os dedos.

– estou melhor agora, não se preocupe meu menino. – disse ela novamente. – não é por isso que te chamei aqui, odeio atrapalhar o seu sono e o do seu irmão, mas você está mais com a cabeça no chão, Nightmare é teimoso.

– falar comigo sobre o que mamãe? – questionou Dream.

Gaia estreitou os olhos, quadrados com as pontas afiadas, deixando apenas partes das pupilas detalhadas de folhas e flores a mostra.

– sinto um mal presságio vindo. Um bem ruim, mas não consigo dizer o que é. – ela torceu os lábios, a pintura vermelho escarlate que os pintava desaparecendo conforme sua boca virava uma linha fina. – você tem que cuidar do Nightmare como nunca, estão chegando no seu aniversário de 10 anos, vão comer sua primeira maçã em breve, e toda essa situação me preocupa. – ela apertou as mãos em Dream, angustiada.

Dream desviou o olhar, a primeira maçã, esse assunto causava ansiedade em Dream. Era um ritual que Gaia impôs, estavam chegando na primeira vez de executa-lo e isso era apavorante.

As maçãs acumulam parte de energia negativa e positiva que a mãe absorveu nos anos anteriores a virar uma árvore, quando ainda vivia entre os guardiões que agora haviam a abandonado a conta própria. Dream e Nightmare nasceram de um pequeno acúmulo dessas energias a 9 anos e 10 meses. As maçãs nasceram depois do nascimento dos príncipes, e a cada 10 anos cada um vai comer uma delas.
Dream uma dourada e Nightmare uma negra, absorvendo sua energia e aumentando a própria força, ao todo são 100 maçãs, 50 pra cada, eles comeriam uma a cada 10 anos pelos próximos 500 anos. E quando isso acabasse, seriam tão poderosos quanto um guardião real. Um que havia nascido sob os rituais e previsões dessa raça.

A mãe havia avisado, comer a maçã vai doer, vai criar uma camada de magia dentro de seus ossos que vai dar sensação de peso, a garganta vai fechar e vai ser difícil respirar, nada muito intenso, mas vai doer. Afinal magia está sendo inserida a força em seu corpo e isso pode ser fatal se feita sem controle.

– vou cuidar para que Nightmare não faça nada estúpido, mamãe. Pode confiar em mim. – Dream falou, emanando uma leve aura de confiança que fez Gaia esboçar um sorriso melancólico.

– sei que vai meu menino, eu sei que vai. – ela o levantou, abraçando ele e torcendo os lábios. – me desculpe por não o proteger daqueles humanos.

– não se preocupe mamãe, eu sei que você não pode mudar de forma assim, somos gratos que, mesmo dessa maneira, você cuide da gente. – Dream retribuiu o abraço, inspirando fundo o doce cheiro de maçã que a mãe emanava, sabendo que essa visita não aconteceria de novo pelos próximos anos. – o Night despertou a arma dele! Mas ele não está muito animado.

Ela deu uma risada cansada, o sonho ia acabar em breve, a energia dela para isso estava acabando. Dream sentiu lágrimas geladas marejarem seus olhos.

– quando ele entender que o cetro é perfeito para ele, ele verá que não há motivo para desânimo. – disse a guardiã, baixinho. – me desculpe por fazer você e seu irmão amadurecerem tão rápido, eu não queria isso, desculpem por eu estar tirando a infância de vocês, os fazendo ter que lidar com problemas que achei resolver. – lágrimas escorriam por suas bochechas, geladas e doces como gotas de chuva. – me desculpe meu menino.

Olheiras apareciam lentamente sob os olhos da mãe, ela estava usando energia demais para manter o sonho. Dream percebeu que o cenário tremia e se distorcia levemente, como um borrão, e a imagem da mãe começava a se dissolver.

– mamãe. – disse ele alto, segurando o rosto da mãe com as pequenas mãozinhas, a guardiã o olhou surpresa, ainda com lágrimas molhando as mãos do pequeno. – vou cuidar de Nightmare! Vou garantir que ele será um bom garoto e que ele será feliz! Eu prometo mamãe, só prometa que vai ficar conosco e parará de se culpar por estar presa na forma de uma árvore.

Gaia soluçou, e disse baixinho:

– eu prometo meu menino, agora, vá dormir.

E então o sonho se desfez, Dream acordou entre os galhos da árvore, sob a luz do luar, com suor escorrendo por suas costas.
O de amarelo se sentou grunhindo pelo incomodo das costas estarem grudando nas roupas, ignorando isso Dream olhou em volta, buscando o irmão.

Mas não o viu em lugar nenhum.

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