Mais um na família

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O som de risadas e gritos agudos não era nenhuma novidade naquela casa, todos os dias Atsushi fazia suas brincadeiras engenhosas no quintal junto ao filho do vizinho, o pequeno Kenji. As crianças corriam felizes no chão de terra sem se importar com o quão pacata era a cidadezinha interiorana ou o quanto os adultos estavam em uma tensão constante os últimos dias.

Veja bem, crianças geralmente são espertinhas, percebem as coisas e depois lotam os adultos de perguntas, com Atsushi não era diferente, ele sabia muito bem o motivo das olheiras de seu pai, os cochichos dos vizinhos e da visita constante da doutora Yosano.

Uma voz firme e um tanto desesperada ecoou longínqua chamando atenção de Atsushi, o platinado parou de correr de repente, deixando o pequeno Kenji confuso, ambos se voltaram para a casa azul no centro do quintal, as duas cabecinhas se perguntando se realmente foram chamados ou foi ilusão. Quando um segundo chamado se fez ouvir, Atsushi saiu em disparada para sua casa, o coração acelerando e os olhos arregalados em medo do que poderia ter motivado seu pai a gritar.

Entrou rapidamente e, não encontrando ninguém na cozinha, foi diretamente até o quarto de seus pais, onde encontrou ambos numa situação preocupante. Oda, seu pai, ajudava Dazai, sua mãe, a se manter de pé enquanto vestia um casaco aleatório por cima do pijama; em seus pés, estava uma poça de um líquido um tanto escuro. Dazai tinha o rosto suado mas parecia calmo, ao contrário de Oda que parecia prestes a arrancar os próprios cabelos ruivos.

- Filho, chama o tio Ango e pede pra ele vim com o carro?- O beta ruivo pediu.

- Ta bom!- Tão veloz quanto podia, Atsushi saiu em disparada até a casa do amigo de seus pais.

Ango era um grande amigo e estava sempre tão presente em sua vida que o pequeno se auto-autorizou a chamá-lo de "tio". Ele morava na rua de trás e sempre emprestava seus serviços com o carro para o casal, uma vez que Dazai era uma tragédia dirigindo e Oda trabalhava no mesmo local que si.

Atsushi mal respirava direito quando alcançou o portão da casa e gritou por Ango ofegante, despejando toda informação de maneira embolada para o moreno quando ele atendeu a porta. Agradecendo aos anos de convívio com o garotinho, que o auxiliou a entender o enigma que o mesmo dizia em meio a lágrimas; Ango tirou o carro da garagem e, junto com o pequeno chorão, foi em direção a casa de seus amigos com preocupação estampada na cara.

Dazai rapidamente foi posto dentro do carro e dispararam para o hospital da pequena cidade.

- Desculpe sujar seu banco, Ango.- Osamu segurava a barriga com as mãos tensas, quase como se pudesse impedir qualquer mal de tirar seu bebê de sí. Seu rosto estava relaxado e tranquilo, mas seu peito parecia doer a cada segundo que passava sem sentir nenhuma movimentação dentro de si.

- Não se preocupe com esse tipo de coisa numa hora dessas.- Ango respondeu.

Oda olhou para o marido com apreensão, aquele seria o primeiro filhote do casal e ambos estavam tão realizados e felizes quando finalmente aconteceu, Dazai sendo um ômega e Oda um beta, foi muito difícil que isso desse certo, já que biologicamente o corpo ômega correspondia perfeitamente com o de um alfa, coisa que Oda não era. Tiveram tantas conversas a respeito dessa gravidez, ambos sabiam que era uma possibilidade pequena de conseguirem ter um filhote, mas por um milagre incrível alí estava Osamu em seu último mês de gravidez.

Atsushi havia sido adotado quando o mesmo tinha 3 aninhos, agora com seus 7 anos, o pequeno até revirava os olhos sempre que Oda e Osamu começavam a mesma conversa melosa sobre amarem ele infinitamente e o irmãozinho que viria não iria o substituir ou roubar toda atenção. Já se considerava um homenzinho, era maduro para entender que preenchia um lugar especial no coração de seus pais e ninguém mudaria isso, na verdade, estava muito ansioso para conhecer seu irmão.

One Shots ( BSD)Onde histórias criam vida. Descubra agora