▻five; witch hunt

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O solado do coturno afundava na terra úmida a cada passo, como se a própria terra tentasse puxá-lo para baixo

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O solado do coturno afundava na terra úmida a cada passo, como se a própria terra tentasse puxá-lo para baixo. O som alto que ecoava do antigo cemitério era perturbador, uma cacofonia de vozes sussurrantes e risadas distorcidas. O ar estava carregado de eletricidade, e eu sentia os pelos dos meus braços se arrepiarem enquanto avançava.

O som alto aumentou, e eu soube que estava chegando perto. O solo tremia sob meus pés, e o ar parecia mais denso. As árvores ao redor pareciam se contorcer, trazendo uma aparência aterrorizante para esse cenário todo.

Minha respiração estava acelerada, visível em pequenas nuvens de vapor no ar gélido. As roupas largas que roubei de Trevor não me esquentavam o suficiente. Os dentes batiam de frio, mas a adrenalina me mantinha alerta.

Afinal é quase meia-noite, hora da caça às bruxas!

Deixei um sorriso escapar quando já conseguia ouvir os gritos e risadas próximos. Não imaginei que fosse chegar tão longe, pulando a janela do segundo andar da minha casa, atravessando os becos isolados ou subindo às colinas para estar aqui. Demorei cerca de uma hora para conseguir, mas finalmente participaria da caçada desse ano.

O capuz do moletom escondia parcialmente meu rosto, e eu observava o espaço por baixo daquele disfarce. Ao certo, haviam trinta ou quarenta adolescentes, alguns grupos sentados em lápides tortas e velhas, outros estavam pegando bebidas das várias caixas de isopor que Trevor carregou em sua Ford raptor. 

Puxei o capuz um pouco mais para baixo quando vi Trevor rondar o espaço com duas garotas, uma de cada lado. Ele não podia sonhar que eu estava aqui!

Deixei alguns suspiros fundos e cansados enquanto observava meus coturnos sujos, os cadarços enterrados na terra. Dei alguns passos para trás e me virei, buscando um lugar mais discreto. A lápide mais afastada no canto do cemitério antigo parecia convidativa. Dizem que as mulheres enterradas aqui eram bruxas, e que uma vez por ano, na noite dos mortos, elas saíam em busca de vingança. Eu nunca acreditei nisso, mas sempre acreditei que essa seria a melhor noite do ano para os que estivessem aqui.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo ronco alto de alguns carros chegando. As luzes dos faróis cortavam a escuridão, revelando silhuetas familiares. Minhas pernas tremeram e meus olhos fitaram a Dodge Demon que assumia a liderança dos quatro carros que terminavam de estacionar na estrada de terra.

Porra, Élion!

Um suspiro escapou quando vi ele descer do carro com uma pintura facial de caveira. Do lado do passageiro, Nik desceu com um cigarro preso nos lábios, a mesma pintura facial estampada em seu rosto. Ambos se entreolharam e começaram a caminhar cemitério adentro. Eram inseparáveis, mas Élion sempre foi mais próximo de Nik, assim como Trevor era de Yuji.

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