Fogo e Terra - Warren x Layla

O Baile

Warren Peace

Não gosto de baile, detesto eventos sociais, e depois dos últimos acontecimentos nem tem clima pra festa. Então decido ir pra fora tomar um ar e encontro Layla sentada na escada.
Penso em ignorar e manter minha imagem de "cara mal" mas a essa altura do campeonato nem vale a pena, afinal já conversamos no restaurante e eu aluguei um terno só para vir a essa festa idiota (por mais que ela não saiba disso).

- O antisocial sou eu. - comento descendo os degraus e sentando ao lado dela - O que tá fazendo aqui fora?

- Contei o que sinto pro Will. - ela fala e eu permaneço em silêncio esperando ela continuar - E ele disse que só me vê como amiga.

- Pelo menos você tentou, no futuro vc não vai ficar se perguntando o que teria acontecido se vc tivesse dito o que sente. - após falar isso ela fica em silêncio e passa longos segundos me olhando, a ponto de me deixar desconfortável.

- O que foi? - pergunto

- Pra alguém com cara de poucos amigos, vc é um ótimo conselheiro, sabia? - ela me olha com um sorriso meigo e então eu levanto

- Aonde vc vai? - percebo seu olhar confuso e esclareço

- Tem uma festa acontecendo lá dentro, eu não gosto de festas, mas vc devia estar lá. - estico o braço para ela e ela se levanta. Em seguida voltamos para a festa.

- Ele tá olhando - ela comenta enquanto dançamos

- Isso te incomoda?

- Não. - ela aperta os braços ao redor do meu pescoço e se aproxima mais. - a partir de hoje Will Stronghold é passado.

E assim continuamos até a música acabar.

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No dia seguinte....

- Ei Layla, senta aqui com a gente. - Will fala mas ela não faz isso.

- Depois. - ela diz de forma vaga e observo ela se aproximando da minha mesa e sentando bem na minha frente

- Você não vai me expulsar dessa vez? - ela pergunta se referindo a primeira vez que almoçamos juntos e ela me convidou pro baile na intenção de provocar o Stronghold

- Já desisti de tentar - não estou sorrindo enquanto falo isso, mas ela deve ter reparado no tom de humor, pq ao contrário de mim ela riu.

- O que vai fazer depois da escola? - ela pergunta

- Que? - pergunto de volta sem entender aonde ela queria chegar

- Eu perguntei o que vai fazer depois da escola. Se não for fazer nada a gente podia assistir um filme lá em casa.

Fico alguns minutos em silêncio enquanto observo ela genuinamente confuso. Após ver que ela não iria falar nada eu falo.

- Só pra deixar claro, eu não tenho amigos. - digo na intenção de que ela perceba que não temos qualquer intimidade

- Olha... levando em consideração que vc me fez companhia quando o Will me deu um toco no restaurante e também foi de terno no baile, mesmo dizendo que não iria... - e ela continua falando - Acho que pode se dizer que somos amigos sim.

Fico alguns segundos em silêncio e chego a conclusão de que não tenho argumentos pra isso. Eu nunca tive amigos, todos só me viam como "o filho do vilão e da heroína que foi corrompida pelo vilão" e todos tinham medo, então ninguém se aproximava.
Não sei como se faz amigos, mas não odeio ela, e realmente, tivemos alguns momentos de conversa juntos.

Eu não respondo e ela continua com aquele sorriso bobo no rosto como se tivesse ganhado alguma coisa.

***

Algumas horas depois...

Toco a campainha de Layla e depois de alguns minutos ela atende.

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Layla

Escuto a campainha tocar e grito para minha mãe ouvir já que ela estava lá em cima no quarto e eu na sala.

- Deve ser o Warren, eu atendo! - abro a porta e sorrio ao ver ele, eu sabia que viria...

- Entra - abro espaço e deixo ele entrar

- Com licença - ele passa pela porta um pouco tímido, não conhecia esse lado educado dele, mas na verdade eu nem conhecia ele a alguns dias atrás. Pelo menos sei que o que as pessoas falam dele está totalmente errado.

- Eu vou fazer pipoca. Fica a vontade. - comento após abrir a Netflix na TV

Na cozinha quando coloco a pipoca na panela percebo que o gás acabou.

- O MÃE O GÁS ACABOU!

- DESCULPA FILHA, ESQUECI DE AVISAR, AMANHÃ CEDINHO A GENTE COMPRA OUTRO.

Suspiro frustrada e percebo Warren se aproximando.

- Eu posso? - ele pergunta apontando para a panela e eu digo que sim e me afasto. Então ele pega a panela, coloca na palma da mão e usa seus poderes para esquentar, em questão de segundos a pipoca já está pronta.

- Uau esse poder é muito útil. - sorrio e coloco a pipoca no pote e voltamos para a sala

- O que quer assistir?

- Nada de romance - ele responde

- Tá bom. - eu falo e coloco "Diário de uma paixão" para a gente assistir, mesmo ele sendo contra.

Assistimos o filme e depois ele colocou um de terror para assistirmos.

- Já acabou? - pergunto escondendo o rosto do ombro dele.

- Ainda não. - depois de alguns minutos ele completa - Agora acabou.

Tiro a mão do rosto e vejo a frase "Baseado em fatos reais" na tela

- Tinha que ser um filme baseado em fatos reais? - pergunto e ele sorri

- Se eu tenho que assistir Diário de Uma Paixão vc assiste filme de terror. - ele diz e em seguida levanta e pega o casaco.

- Tenho que ir, já está tarde e prometi a minha mãe que não iria demorar.

- Tem certeza? Não quer esperar mais um pouco.

- Não dá

- Ok então - acompanho ele até a porta e me despeço com um beijo na bochecha e percebo que ele ficou surpreso com o gesto, mas não comentou.

- Até amanhã

- Até - Ele diz e vai embora.

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Warren Peace

- Mãe, cheguei. - coloca o casaco no cabideiro e sento no sofá junto com ela

- Estava com aquela garota? - ela pergunta com um sorriso bem sugestivo

- Sim. - respondo e ela sorri ainda mais - Nem começa, mãe.

- Eu já te contei a história de como me apaixonei pelo seu pai?

- Como eu poderia esquecer? A senhora conta desde que eu era moleque.

- É eu conto bastante né? - ela ri - Nós éramos completos opostos, ele era um vilão e eu uma heroína, tinha tudo pra dar errado, mas isso não nos impediu de nos apaixonarmos.

- Já chega mãe, eu tô muito cansado e tenho que acordar cedo amanhã. - dou um beijo em sua testa e subo as escadas até o meu quarto - Boa noite mãe.

- Boa noite, filho.

Após entrar no meu quarto me jogo na cama e penso sobre os últimos dias.

É...acho que tenho uma nova amiga. - penso e desligo o abajur para dormir.