CAPÍTULO 25

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Boa leitura ❤️
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-Ela é o motivo de você não querer voltar para lá? -questionou Reiner.

Os dois estavam sentados um em cada sofá enquanto se encaravam friamente prontos para iniciar aquela conversa que Levi preferia nem ter.

-Não só ela. Eu odeio pagar de coitadinho, Reiner, mas você não acha que eu já passei por merda demais naquele inferno? Quando decidi não voltar para lá não foi tentando esquecer de tudo ou buscar uma paz superficial, eu sei que nunca vou ter paz, as minhas noites de insônia me garantem isso todos os dias. Eu só quero um lugar onde eu não veja tudo o que eu perdi em cada esquina e não tenha a sensação que a qualquer momento tudo vai ter início de novo.

Reiner ficou pensativo por uns minutos. Jamais tivera uma conversa daquela profundidade com Levi, sabia que ele deveria guardar muita coisa dentro de si, mas ouvi-lo desabafar era ainda pior.

-Eu sei disso. Me equivoquei ao assumir que a sua vida aqui estava sendo solitária, achei que te levar de volta seria o melhor pra você mas a verdade é que seria o melhor para nós que permanecemos lá -disse de cabeça baixa.

-Eu gosto de todos vocês. Ainda que eu não diga e que as minhas formas de demonstrar sejam duvidosas, eu gosto de vocês. E eu pretendo visitar Paradis, estar por dentro de suas vidas assim como sempre me mantive graças as cartas esquisitas que o Connie escreve -Reiner soltou uma pequena risada -Mas não acho que o melhor para mim seja voltar a viver aquilo, lá eu estaria diretamente ligado ao governo, lidando com os idiotas que ainda idolatram o Eren. Eu estou cansado Reiner, muito cansado.

-Eu entendo, mas o que eu peço por ora é que considere passar algum tempo lá, uma semana que seja. Talvez consiga passar um tempo com a Mikasa e quem sabe  convencê-la a viver aqui também, ela também merece se afastar disso. Talvez você até leve a sua namorada e ela possa ajudar -Levi suspirou.

-Eu preciso de uns dias para organizar isso, mas eu pretendo sim ir. Contanto, é claro, que você garanta que não está me levando pra limpar alguma cagada feita por vocês pirralhos.

-Não, eu garanto que não -o loiro riu do tom de voz do mais velho -Agora, mudando de assunto, eu não imaginava que o capitão fazia sucesso com mulheres.

-Eu esperei a sua piadinha desnecessária desde que entrou aqui, sabia? -Levi revirou os olhos, mas na verdade estava segurando o riso.

-Ela parece uma boa pessoa -acrescentou o ex-guerreiro.

-E é. Ela tem me ajudado muito aqui, em todos os sentidos e jamais me descriminou pelo meu passado -sorriu um pouco ao se lembrar de Jade.

-Ela sabe de tudo?

-Ela sabe o que todos sabem, nunca me senti confortável para contar sobre toda a minha vida de merda -suspirou -Talvez seja muita coisa pra ela suportar.

-Se ela te quis todo enfaixado, quase cego e numa cadeira de rodas tenho certeza que descobrir que você cresceu num puteiro não vai ser nada assustador -o loiro gargalhou e Levi o encarou incrédulo.

-Não me lembro de te dar tanta liberdade, cadete -fechou seu semblante, mas estava se divertindo lá no fundo.

-Qual é, você sabe que eu tô certo -deu de ombros -Além do mais, você não é mais meu capitão, lembra?

Antes que pudesse voltar a protestar pelas falas abusadas de Reiner a porta se abriu minimamente e bem devagar Falco espiou o lado de dentro. Em seguida correu para fora novamente e os dois puderam ouvir o garoto dizer "a barra tá limpa", provavelmente para as mulheres que estavam pelo lado de fora. Rapidamente então a porta se abriu e dessa vez quem apareceu foi Jade.

-Estamos incomodando? A Gabi arrumou encrenca com uma garota na praça e precisamos voltar mais cedo -Reiner encarou a garotinha com um olhar de repreensão. Ela estava claramente envergonhada.

-Tudo bem, nós já terminamos -Levi -O que aconteceu? -de repente toda a vergonha da mais nova parece ter passado e ela saltou para o meio da sala com uma cara de ódio e pôs-se a explicar:

-Aquela insuportável da Ava da minha sala estava lá, ela convidou o Falco pra brincar de esconde-esconde e não me chamou, e ele como o amigo incrível que é me deixou sozinha -respirou fundo olhando Falco de canto de olho, o mesmo estava de cabeça baixa -E depois aquela palhaça ainda veio me provocar dizendo que ele gostava mais dela, o que é totalmente improvável, afinal eu sou linda, inteligente, forte e muito mais interessante do que aquelazinha. Então eu simplesmente agarrei os cabelos dela e arrastei sua cara na grama -disse gesticulando com as mãos e ao final cruzou os braços.

No fim de todo aquele chilique todos estavam segurando o riso, exceto Falco que parecia se sentir culpado por abandonar a amiga e por tudo o que veio depois.

-Ok, melhor eu ir terminar o jantar -disse o Ackerman se retirando enquanto todos continuaram falando sobre a situação das crianças.

De dentro da cozinha Levi podia ouvir Jade interagindo com os novos conhecidos. Ela sempre foi muito simpática e direta, então puxar assunto não era um problema. Ouviu conversarem sobre como estava Paradis, como era o lugar e um pouco sobre as pessoas que conviviam lá. Era notável o interesse e a curiosidade em sua voz, e ele não deixou de pensar que ela adoraria ouvi-lo contar histórias de lá também.

Não demorou muito para que o jantar fosse servido, todos se sentaram e comeram ainda conversando. Jade contou um pouco sobre sua vida e família e os ex-guerreiros também falaram poucas coisas sobre a infância e assuntos do tipo. Poucos minutos depois todos já se ajeitavam para deixar a casa de Rivaille, incluindo Jade. Foi então que ele se aproximou discretamente e sussurrou em seu ouvido:

-Você pode ficar mais um pouco? -ela logo percebeu que o tom de sua voz não tinha nada a ver com carência, pelo contrário, ele estava preocupado.

-Claro! -concordou dando um sorriso confortante.

Todos os outros se despediram e partiram por volta das oito e meia, e então o casal voltou a ficar sozinho.

-Seus amigos são legais, foram bem simpáticos apesar de eu ter achado o Reiner um pouco estranho a princípio -voltaram para o sofá. Levi se deitou e ela logo fez o mesmo se aconchegando em seus braços -Então pode ir começando a me explicar o que é que tanto te aborrece -se virou para frente para encará-lo e começou afagar seu rosto.

O mais velho apenas fechou os olhos, tanto pelo carinho quanto para se desviar daqueles olhos curiosos que ele sentia que podiam ler sua alma.

-Acho que está mais do que na hora de esclarecer algumas coisas sobre o meu passado.

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After Chaos | Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora