De GreenLeaf a Seattle eram três horas e meia aproximadamente. Não consegui cochilar, não consegui relaxar meu corpo. Me sentia rígida. Minha musculatura estava rígida. Hinata puxava conversa hora ou outra, eu sabia que era para ser gentil, aliviar a tensão. Não me deixar a mercê dos meus próprios pensamentos. Naruto também era muito gentil. Ele era engraçado, divertido e inacreditavelmente sensível. Isso era um pouco paradoxal porque ele era bem definido e alto fisicamente. Seu olhar encontrou o de Hinata que sorriu para ele. Eles eram muito lindos juntos, faziam qualquer um torcer por eles. Suas mãos se entrelaçaram levemente... E em seguida Naruto voltou sua atenção a estrada. Senti o rosto gelar quando aquilo me lembrou Sasuke... Seus lábios, seu cheiro, ele. Uma dor leve pressionou meu peito. Ele se apertou mais quando eu pensei no meu pai e na minha mãe.
Aos poucos, a mata verde e densa envolta por uma neblina que lembrava a gelo seco, deu espaço aos prédios de Seattle. A madrugada era fria, levemente clara pela lua cheia. Até chegar ao hotel demoramos mais meia hora. Troquei algumas mensagens com o meu pai e minha mãe para passar normalidade e tranquilidade.
Me senti extremamente deslocada no hotel que Hinata escolheu. Ela era doce, meiga, mas extremamente elegante... Os Uchiha, sua família, tinham muitos bens, muitas riquezas, logo o hotel escolhido era um dos melhores de Seattle. Minha família e eu não teríamos dinheiro para pagar a estadia lá sem planejamento e economias. Aquilo aumentou minha sensação de estorvo, fardo.
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Madrugada a dentro, Naruto e Hinata me deixaram em um quarto de casal e haviam ficado com um outro. Alugaram um apartamento inteiro com salas e cozinha além de suítes. Hinata insistiu para que eu pedisse algo para comer, e que ficássemos juntas na sala de estar. Ela me fazia me sentir querida, parecia se importar em me fazer sentir acolhida. Que os meus sentimentos importavam. Mas eu decidi tentar dormir um pouco. Eu queria sumir de tanta vergonha... E aquela maldita sensação de que eu estava incomodando me torturava. Eu podia sentir meu músculo zigomático com espasmos, o que repuxava minha boca em uma reação de puro nervosismo. Desde que cheguei havia ficado sentada na cama de lençóis brancos e macios. Eu teria as apreciado em outra situação mas... Não agora.
Precisava extravasar todas as coisas que eu estava sentindo que estavam me "matando". Podia fazer isso através das lágrimas talvez, ou por uma longa meditação em baixo da água quente eu... Não sei ao certo. Meu celular vibrou, e começou a tocar. Peguei o aparelho do centro da cama "Sasuke", era o que estava no visor. Senti meu coração bater forte no peito.
—Oi.
—Imaginei que estaria acordada... Como você está? -Sua voz... Parecia haver algo tenso em sua voz.
—Eu estou bem! E vocês? Temos notícias? -Houve um silêncio por um instante. Havia alguns ruídos ao fundo.
—Ino e Sai estão cuidando do seu pai. Aparentemente Sasori fugiu para o oeste. Uma direção totalmente contrária a nossa e seus pais por isso vamos investigar. Ainda quero mantê-la sob segurança. -Aquilo feriu minha pobre sanidade mental. Respirei fundo tentando me manter forte.
—Quanto tempo acha que levará isso? Toda essa situação? -Foi o que consegui perguntar.
—Eu entendo o seu ponto. Estou dando o meu máximo! Vamos achá-lo. Não deve ter saído do país. De qualquer forma, estamos vigiando. Shizune já está próxima a sua mãe. Não há sinal dele. -Engoli em seco.
—Tudo bem... Obrigada. -Foi o que consegui responder no momento. Eu não podia ver seu rosto, mas eu podia imaginar sua expressão agora. Sua típica expressão sôfrega. Melancólica.
—Ei...
—Hn? -Ri diante da sua típica resposta.
—Eu te amo! Confio em você e já sinto a sua falta. -Disse por fim. Ele ficou em silêncio por alguns instantes. Logo um pequeno riso mais parecido com uma expiração surgiu.
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Into The Woods
General FictionUm arrepio frio e gelado iniciado na nuca. Essa era uma das coisas mais comuns a serem sentidas ao pisar em Leaf Village, Washington. Poderiam dizer que era pelo frio e chuvas intensas. Quem fosse mais supersticioso, diria que era por causa das lend...