4

588 32 28
                                    

Na noite que foi se deitar, Patrick só pensava nas palavras de Vera. Aquele "eu te odeio" mostrando realmente raiva em suas palavras, ela nunca havia falado assim. A culpa o consumiu e a dúvida também, por que ela havia ficado tão chateada? Ele sabia que ela estava gostando, sabia que não se qualificaria como assédio. Então tomou a atitude de levá-la até a cama e respeitar o seu espaço. Vê-la tão pequena em seus braços despertou coisas que nem ele identificou o que poderia ser.

Por isso prefiriu criar uma relação agradável com a morena dos olhos azuis que eram tão chamativos para o homem.

Como ele não prestou atenção nela e só a ideia de que ela era sua noiva, mesmo de mentira, caiu a venda da mulher que ela era, e aquele desejo absurdo repentino?

(...)

Ao terminarem de almoçar, ambos foram trabalhar, mesmo que de folga. Resolveram uma papelada juntos, conversaram mais, viram um filme. Passaram literalmente o dia inteiro próximos e mantendo contato.

- Me explica como eu não percebi?

- Mulheres tem seus truques.

- Pode ser, mas como você usava a blusa do pijama na empresa, é impossível eu não perceber.

- Não duvide de uma mulher. - ela solta uma piscadela.

- E alguém de lá percebeu?

- Só Stella.

- Vocês são bem próximas não é?

- Digamos que ela me apoiou em um momento difícil.

- Entendi. Tem mais um cliente que estava na lista e não vimos.

- Quem é?

- Enzo Roberts.

Vera sentiu o coração parar. Ela levantou e já sentia as lágrimas descerem. As mãos estavam trêmulas, estava mais pálida do que já era, seus lábios perderam a cor. Ela conhecia bem a sensação que tanto teve por causa desse mesmo homem. Aquele maldito ataque de pânico, a sensação que você vai morrer, que um buraco vai te engolir da terra.

- Vera, o que você tem?

Ela não tinha forças para responder. Só se abraçava e chorava descontroladamente, se jogando na parede atrás dela e caindo no chão.

- Ei ei, tá tudo bem. Eu estou aqui.

Ele diz e se abaixa abraçando a mulher. Aconchegou sua cabeça no peitoral dele e o abraçou de volta. O homem sabia o que ela tinha, já esteve naquela situação após a morte dos pais.

Ele falava coisas bobas do trabalho, que estava ajudando ela a esquecer e se distrair, soltando pequenos sorrisos.

Aos poucos, ele sentiu a respiração dela voltar ao normal.

- Está tudo bem. Passou, seja lá o que for, passou. Eu estou aqui, ok? Nada vai te machucar.

Ela continuou abraçada nele, se apertando nos braços do homem, se sentindo segura como jamais se sentiu. Em todas as suas crises, era somente ela e ela, e ter alguém ali, te apoiando de uma forma tão boa e eficaz, foi essencial pra ela.

Ela ainda não conseguia se mover, então ele a pegou no colo enquanto ela só fechou os olhos sentindo o conforto de seus braços, até afundar na cama e abrir os olhos novamente.

Ele pegou um travesseiro e estava indo até a sala, quando ela consegue forças pra falar.

- Aonde vai? - sua voz saiu como um sussurro.

- Para o sofá.

- Não! Por favor, fica aqui.

- Tem certe..

ContractOnde histórias criam vida. Descubra agora