05 | Trato com o diabo

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Capítulo 05:
“Trato com o diabo”

— Vamos conversar, Dooyoung.

Queria estar alucinando. Outra conversa? A última não tinha acabado bem. San devia pensar que eu era burro. Não havia ninguém que me fizesse ao menos tentar falar com ele. Sem chances.

— Me persegue, pronuncia meu nome errado de propósito, depois de tudo ainda quer que eu converse com você? — a indignação soava evidente em minha voz, não acreditava no que havia escutado —. Se é que vai ser mesmo uma “conversa”.

Ele revirou os olhos. Como podia ele parecer com mais enfado do que eu. Ele nem ao menos tinha esse direito. Bem… Talvez tivesse. Porém, a vítima continuava sendo apenas uma pessoa, e ele é que não era!

— Você é mesmo paranóico. — sua voz saiu num suspiro.

Se eu não estivesse em um lugar público e não fosse um frangote – admito isso, não posso nem mais negar – já teria por impulso feito algo que ocasionaria em ematomas nele. Na pior das hipóteses, San revidava com mais força e levando mais ao extremo. Não queria que, dessa vez, fosse eu a ir em uma ambulância para o hospital. Tentei me acalmar, seria melhor não fazer, absolutamente, nada.

— Paranóico? Você não me dá um minuto de paz. — me queixei, deixando mais palavras e frases que queria dizer para ele presas em minha garganta.

Você não se dá um minuto de paz, você está sempre fugindo como se eu fosse um assassino! — cruzou os braços, impassível.

Ri com sarcasmo. — Virou piadista agora? — ele arqueou uma sobrancelha ao me ouvir, “droga”, pensei, não deveria deixar ele com raiva —. Quero dizer, você literalmente me ameaçou! — falei apressado —. Como queria que eu reagisse? Pulando de alegria, fazendo uma festa pra comemorar e te dando um beijinho em forma de agradecimento? — quanto mais falava, menos conseguia segurar as palavras, era uma necessidade colocar tudo para fora —. Você disse que faria me faria mais sei lá quantas atrocidades, transformaria minha vida num inferno e eu estaria fodido de jeitos inimagináveis! — me exasperei, elevando a voz e gesticulando exageradamente. San continuava sério, parado no mesmo canto, capaz de não ter mexido um milímetro desde que havia chegado ali —. Como você esperava que eu reagisse ao ter alguém com uma reputação tão suja quanto a sua me perseguindo e fazendo da minha vida uma desgraça de acontecimentos constrangedores? — parei.

Já havia tagarelado demais. Se continuasse, talvez tivesse o privilégio ver o sol nascer novamente. Mesmo meu cérebro me alertando, ter colocado aquilo para fora fora um alívio, apesar da preocupação que veio logo em seguida.

Contudo, San não teve a reação esperada por mim. Ele continuou parado, com a mesma expressão, me encarando. Por mais assustador e intimidador que fosse, estar assim ainda era melhor do que ele avançar em cima de mim e me machucar com seus punhos.

Fechou os olhos, suspirou, um suspiro genuíno. Se encaminhou para uma parede e encostou seu corpo ali, apoiando o pé nela e escondendo as mãos nos bolsos de sua jaqueta. Ele olhou para os próprios pés e disse baixo algo que não pude escutar.

Estalou a língua na parte de cima da boca, fazendo um barulhinho. Fiquei confuso, ele parecia ter uma irritação inquietante.

— Não acredito que vou fazer isso. — passou a mão direita no cabelo, depois abaixou e massageou sua têmpora —. Ei, Dooyoung! — ele abriu os olhos e os direcionou para mim novamente —. 'Cê é amigo do Seoho, né?

Estreitei os olhos, por que do nada ele fez essa pergunta? Não poderia abaixar a guarda, então antes de responder de forma receosa, me afastei, indo para onde poderia correr e teria facilidade em fugir caso o loiro tentasse algo.

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