Capítulo 01

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A música soava baixo pelos cômodos da casa quase vazia, se não fosse pela presença da mulher detalhadamente arrumada para a frente da mesa, ela analisava os pratos e dava uma última arrumadinha nos talheres. Olhou para a porta quando escutou o barulho das chaves do lado de fora, passou a mão pelos fios escuros e animada apertou as mãos uma contra a outra.

Quando seu marido entrou pela porta ela logo tratou de se encaminhar na direção dele, que olhou para a mulher a sua frente e em seguida para a mesa atrás dela. Suspirou.

- Boa noite am... - Ela começou a falar mas logo parou, Eduardo passou diretor por ela, simplesmente a ignorando. Ela abaixou o olhar para o chão e pensou consigo.... "Será que ele não gostou?"

Eduardo bufou e colocou sua maleta no chão do quarto, puxou a gravata do pescoço e foi em direção ao banheiro. Fingiu não escutar a voz fraca de Simone o chamar na porta. A morena ainda tentando ter alguma esperança de que seu marido de a ela alguma atenção naquela noite, se sentou na cama e observou sua imagem a frente da cama.

"Eu estou ridícula" -Pensou com os olhos marejados- se sentindo desconfortável dentro de um vestido preto curto, que a deixava exposta demais para seu proprio gosto, e muita maquiagem tampando seu rosto que a incomodava, fora o batom vermelho estonteante que refletia em sua pele branca como neve. O perfume preferido dele, o aroma mais doce que ela tinha consigo. As lagrimas limpas e um sorriso exposto no lugar. Tudo isso para ele. Que nem para ela ligava mais, porém, Simone não queria admitir a si mesma que havia perdido seu marido para alguma "puta qualquer" que ele tenha conhecido na esquina de algum lugar.

Ela então, tratou de colocar um sorriso em seu rosto quando escutou a porta ser aberta. Eduardo saiu olhando novamente para sua mulher, e pegou seu celular na mesa, se retirando do quarto. Simone ficou de boca aberta, e engoliu em seco. "O que eu fiz dessa vez?" , começava a ficar paranoica.

- Amor... - Ela falou de forma arrastada vendo ele tomar uma dose de Whiskey e se sentar no balcão. - Eu fiz alguma coisa de errado? - Foi quase se arratando a ele.

- O que você acha? - O copo foi colocado sobre o balcão com força, assustando a mulher. Ela pensou consigo mesma, mal saiu na semana, apenas foi para a casa de sua mãe, que mais uma vez havia tentando a convencer de deixar seu marido.

Mas, a mulher o amava demais e sempre dizia a mesma coisa. "Não mesmo! Ele não é isso que você pensa, ele é um amor." Fairte se preocupava mais com sua filha ao passar dos meses, ela não saia de casa, não tinha amigas, e sempre tinha manchas pelo corpo, como mãe ela sempre aconselhava sua menina, que era teimosa demais para escuta-lá. Ou apenas estava cega demais.

- Eu não fiz nada amor... Eu fiz o jantar! Por que não aproveitamos hoje? - Ela sorriu e se aproximou mais do homem. - Além do mais... É nosso aniversário de casamento... - Ela tentou beijar Eduardo, que a empurrou para longe de si. Simone sentiu seus olhos marejarem, sua respiração oscilou e ameaçou parar de vez.

- Eu vou sair. - Disse por fim, se levantando do balcão e passando pela mulher parada. Que nem ao menos tentou impedi-lo. Simone sabia o que ele faria agora, buscaria nos braços de outra o que poderia ter em casa. Ela sabia que de madrugada ele chegaria bêbado, com marcas de batom no rosto, a encontraria acordada como sempre a esperando. E negaria a ela um mínimo beijo.

Ela suspirou e assim que a porta da casa foi trancada ela abriu o zíper do vestido apertado o deixando cair sobre seus pés. Era inevitável a presença das lágrimas em seu rosto. Com raiva pegou a garrafa de vinho que está posta em cima da mesa e arremessando contra a parede branca, as mãos ela levou a boca tentando tampar e fazer os soluços pararem. Sentou na cadeira da mesa, encarando o prato dele a frente do dela, pegou a peça a arremeçando para o outro lado da sala. Passou a mãos no cabelo, os tirando de seu rosto, se levantou cambaleando e sem forças no corpo e ia andando na direção de seu quarto.

- aí! Porra! - exclamou quando sentiu algo perfurar seu pé, o sangue pingava no chão. - inferno... - Ela foi para o banheiro, tentando ignorar a dor e a mancha vermelha que ficava para trás. O corte era pequeno, mas sangrava com certa abundância. Ela puxou o rolo de papel higienico enrolando quase todo no seu pé. Se abaixou e procurou dentro das portas que ficavam a baixo da pia do banheiro algo para fazer curativo, quando achou enfaixou o pé e se levantou, encarando seu estado no grande espelho a sua frente.

Seus olhos estavam pretos e a maquiagem escorria a baixo, manchando sua pele branco. O batom vermelho estava borrado e espalhado. Ela olhou para a mão, se lembrando que tentou limpar ele logo depois de Eduado, mas não conseguiu. Foi em direção ao box do banheiro manchando, e entrou debaixo da ducha gelada, preocupada com o homem. Simone temia que ele se fosse e não retornasse mais, que a deixasse sozinha como tantas vezes ameaçou. E ela não saberia lidar com sua vida sozinha. Ela precisava dele.




Continua...

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Enfim né mores, quem é vivo sempre retorna né? E eu voltei! Uma fanfic onde eu vou abordar a dependência emocional e um relacionamento abusivo - Já deixando claro que haverá variados gatilhos- e teremos a superaçao ne gente! Quem já viveu sabe como é complicado sair dessa fase. Vou escrever sobre a protagonista descobrindo e explorando o amor de verdade... Conhecendo novos horizontes e novas pessoas!

29 de AbrilOnde histórias criam vida. Descubra agora