Soraya acordou cedo e foi para cozinha preparar o café da manhã. Ela cozinhou calmamente ovos mexidos, pão torrado e café, os levou para a mesa e sentou-se para desfrutar de seu prato. Enquanto ela mastigava seu pão, escutou Simone gritando por ela do quarto, diversas vezes. A loira largou o garfo que tinha em mãos no mesmo momento e deixou seu prato na mesa, correndo para o quarto ver o que estava acontecendo.
Ela abriu a porta rapidamente, encontrando Simone chorando em sua cama, com as mãos cobrindo o rosto e o cobertor a cobrindo. Soraya imediatamente foi para a cama e abraçou fortemente a mulher, tentando acalmá-la. As lágrimas molharam o cabelo de Simone enquanto ela soluçava nos braços da loira.
- Ei... está tudo bem. Estou aqui para você. O que aconteceu? - Soraya acariciou as costas de Simone murmurando palavras de conforto. Simone soluçou ainda mais alto, tremendo em seus braços.
- Eu tive um pesadelo horrível... Foi tão real Soraya... - Ela disse entre pausas e soluços.
Soraya continuou a acariciar as costas de Simone, sabendo que ela precisava de tempo para se acalmar. Ela sabia o quanto era importante estar ao lado de sua aluna apesar de tudo. Ela precisa de apoio, precisava de segurança... precisava de amor.
- Respire fundo, Simone. Comigo, inspire e expire lentamente. Com calma. - Soraya falou com muita calma.
Simone começou a respirar mais lentamente, tentando seguir o ritmo da professora, que continuou abraçada a ela, sabendo que ela precisava de um momento para se acalmar. Depois de alguns minutos, Simone finalmente conseguiu se acalmar. Ela levantou-se para sentar, secando as lágrimas e olhando para a loira.
- Eu realmente não sei o que faria sem você... - Simone confessou baixinho, Soraya sorriu. "Nem eu sei o que faria sem você..." Ela pensou consigo mesma.
- Você sabe que sempre estarei aqui para você. Não importa o quê, não importa quando. Eu sempre estou aqui para você. - Ela puxou as mãos da morena as apertando com firmeza.
Simone abraçou novamente a professora, as duas ficaram naquela posição confortável por mais algum tempo, antes de Soraya finalmente sugerir que se levantasse e fossem tomar café da manhã.
As duas compartilharam seu café da manhã e conversaram sobre temas leves e descontraídos, Soraya queria fazer de tudo para que Simone não se sentisse tão mal naquela manhã. Ela sorriu pela primeira vez naquele dia, e isso fazia tudo valer a pena para a loira.
Soraya fazia brincadeirinhas com o café da manhã para conseguir tirar risadas da morena. Em uma dessas vezes, ela tinha servido bolo confeitado para elas duas, Simone querendo entrar na brincadeira passou o dedo no chantilly e o passou na pontinha do nariz de Soraya.
A loira parou por alguns segundos para apreciae a morena rir dela com a mão no rosto, e ficando cada vez mais vermelha enquanto suas covinhas apareciam em seu rosto. Realmente valia a pena.
[...]
- Minha mala! - Ela voltou correndo para o carro de Soraya, ao perceber que tinha esquecido ela no carro. Elas estavam indo para o apartamento de Fairte, que já as aguardava ciente de todos os acontecimentos.
- Vamos? - Soraya perguntou sorrindo.
- Sim. - Ela respondeu por fim.
Quando elas chegaram na porta do apartamento da mãe de Simone, ela bateu algumas vezes na porta, e não demorou muito para a senhorinha abri-la e abraçar a filha com força.
- Você está bem meu amor?? - Ela perguntou tocando a face da filha, notando os ferimentos.
- Bem melhor mãe... Graças a Soraya. - Ela saiu da frente da porta para que Fairte conseguisse ver a tão falada professora de meditação.
- Então você é a Soraya! - Ela foi simpática puxando a loira para um abraço, ela estava envergonhada mas retribuiu. - Eu ouvi muita coisa sobre você! Venham entrem! - Ela convidou Soraya e sua filha para entrarem.
Se sentaram na cozinha enquanto Simone explicava tudo o que tinha acontecido na noite passada. Seu rosto estava inchado, seus olhos estavam vermelhos e ela segurava um lenço nas mãos para enxugar suas lágrimas. Fairte, que sempre foi uma mãe amorosa para Simone, colocou a mão no ombro dela.
- Meu amor... Pode dizer a nós. Vamos te ajudar. - Disse chegando mais perto da filha. Simone olhou para as duas mulheres que estavam à sua frente e sentiu um nó em sua garganta. Ela respirou fundo.
- Eu não consigo mais lidar com isso mãe. Ele me machuca... tanto... - Fairte olhou para Soraya, que encarava fixamente a amiga. A loira segurou as mãos de Simone, passando mais segurança ainda.
- Nós sabemos o que você está passando, querida. E estamos aqui para te ajudar. Você não precisa passar por isso sozinha. O que você está vivendo é ciclo muito difícil de se quebrar e muitas vezes as vítimas tem medo de buscar ajuda... - Simone engoliu em seco e continuou assim que Soraya parou de falar.
- Ele... - A voz dela tremeu. - me estuprou. - As palavras saíram em um sussurro, mas Fairte e Soraya conseguiram ouvir.
A loira se levantou rapidamente e abraçou Simone, que começou a chorar ainda mais. Fairte ficou em silêncio, mas estava segurando as lágrimas, se sentia culpada por não ter denunciado Eduardo em todas as vezes que teve a chance. Ambas as mulheres sabiam que Simone precisava do apoio delas mais do que nunca naquele momento.
-Você precisa denunciar ele. Não pode continuar vivendo assim. - Soraya falou.
Simone sabia que a professora tinha razão, mas ela ainda tinha muito medo. Ela não sabia como iria lidar com a busca da justiça e com as consequências de denunciar seu marido. Ela olhou para as duas mulheres à sua frente e viu que elas estavam juntas nessa. Elas a apoiariam até o fim.
- Sabemos que é difícil, mas juntas podemos superar isso. - A loira falou gentimente tocando o rosto de Simone.
Fairte concordou com a cabeça.- Você é forte minha filha. Eu estou aqui para te dar apoio, eu te amo. - Ela beijou a testa da morena, que abraçou à mãe. - Estamos aqui para te ajudar a cada passo. - Fairte incluía Soraya já como família. Se fazia bem para sua menina, ela já amava.
[...]
As horas naquele dia passaram voando, Fairte se comprometeu em procurar advogado para o divórcio que a filha tinha decidido fazer. Ela se sentia mais leve ao saber que sua menina finalmente se livraria daquele monstro. Soraya se despediu de Fairte e Simone acompanhou a mulher até no carro dela.
- Obrigada mais uma vez Sol. - Ela agradeceu abraçando fortemente a loira.
- Me ligue qualquer coisa...- Ela disse se afastando um pouco do corpo da morena. Ela deu um breve tchauzinho e estava quase entrando quando escutou Simone falar algo.
- Soraya eu... - ela parou e desistiu.
- Você o que??- Soraya indagou de longe.
- Nada! Beijos! - Ela mandou um beijinho no ar tirando mais um sorriso dos lábios da professora.
Simone voltou para dentro do apartamento da mãe, que mandou ela ir tomar um banho para se deitar. Alegando que a morena precisava descansar.
- Filha! - Fairte chamou quando Simone já saia da cozinha. - Eu gostei dela. - A morena sorriu.
- Eu também gosto dela... - Simone confessou, mas não disse em qual sentido. Fairte concordou e mandou a filha se apressar para o banho.
Fairte lavava uma panela quando escutou um celular tocar, era o de Simone. Ela largou oque fazia e secou as mãos para ver quem era. Quando viu o nome de Eduardo na tela, ela rapidamente desligou. Não queria nunca mais que ele se aproximasse de sua menina. E se aparecesse na porta da casa dela, ele iria conhecer a fúria de uma senhora de 1,50.
Sua raiva passou quando ela viu uma notificação de Soraya pela tela de bloqueio. Eu te amo, Simone. Estava escrito, mas a loira logo apagou por medo. Fairte sorriu, e fingiu ignorar.
Mas ela sabia que o futuro de Simone era com essa certa loira.
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29 de Abril
أدب الهواةO amor verdadeiro pode vir de onde menos se espera. "e não importa do que as nossas almas são feitas,a minha e a dele são a mesma." O Morro dos ventos Uivantes- Emily Brontë