Capítulo 21

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Ela leu os papéis que estavam sobre a mesa da cozinha, e continuou conversando com o advogado sobre o inicio do divórcio. Simone sentia que Eduardo não aceitaria aquilo de forma tão fácil, mas estava decidida, não voltaria mais com o homem. Nem se ele fosse de ouro.

Era manhã de terça, e Simone estava sentada na mesa da cozinha. Fairte avisou a filha que iria fazer compras, mas que logo logo estaria em casa novamente, e que qualquer coisa que acontecesse era para ela ligar ou para Soraya ou para ela.

A morena encarava a janela fixamente, relembrando o dia de domingo. Algo nela estava quebrado. Era doloroso. Ela suspirou e se arrumou na cadeira macia, encarou as pernas desnudas pelo short curto e tocou os hematomas que haviam naquele local. Escutou batidas já porta, imaginou que sua mãe poderia ter esquecido a chave e se levantou para atender.

As batidas ficaram insistentes a cada segundo que ela demorava.

- Já vou! - Ela gritou chegando próxima a porta. Tocou a maçaneta e a abriu. - O que você faz aqui? - Simone perguntou, tentando diminuir o espaço entre a porta para deixar apenas uma greta, mas ele segurou.

- Vim buscar a minha mulher. - Ele disse de forma cínica. - Vamos Simone, chega de draminha. - Ele gesticulou com as mãos.

- Eu quero ver o seu draminha quando você estiver na cadeia Eduardo. - Ela disse.

- Você não faria isso... Lembra-se? Tudo o que faço por você é para o seu bem... - Ele abriu espaço na porta e entrou na casa, Simone ficou paralisada encarando os olhos do até então seu marido. - É por que eu te amo... - Ele encostou na bochecha dela.

- SE AFASTE DE MIM! -Ela gritou tirando a mão dele de seu rosto, e se afastando para trás.

- Ah Simone... Isso me deixa tão intristecido. Você não é assim. - Ele susurrou cruzando seus braços.

- A sou assim sim! Não quero você aqui. Some. - Ela tentou fechar a porta mas novamente foi impedida.

- Eu estou mandando você vir comigo Simone. Não me obrigue a usar a força.  - Ele segurou o braço da mulher, que tremia.

- Eu não...

- Simone? - Ela parou de falar quando escutou uma voz feminina a chamar. Olhou pelo corredor e viu Soraya parada com um buquê de girassóis em seus braços. A loira olhou para o homem, e sentiu seu coração se acelerar. - Você não escutou! Ela mandou você SOLTAR. - Ela disse firme se aproximando e entrando na frente da morena em forma de tentar protegê-la.

- Soraya...- Simone tentou chamá-la, mas a loira não escutou.

- É melhor você desaparar daqui, ou eu vou chamar a polícia! E vou fazer questão de falar cada detalhe das inúmeras crueldades que você fez com a mulher que eu amo! - Simone piscou abismada. - Entra Simone... - A loira pediu com cuidado, encarando ferozmente Eduardo a sua frente.

- Vai abedercer mesmo essa vagabunda?! - Ele exclamou. Recebendo um tapa no rosto vindo de Soraya.

- Lave a sua boca para falar de mim! - Simone fez como Soraya tinha pedido e entrou. - Ou você some da minha frente AGORA ou eu não respondo mais por mim.

- Como vocês quiserem. - Ele se "rendeu". - Mas vocês vão se arrepender. ESCUTOU SIMONE?? VOCÊ VAI SE ARREPENDER! - Ele gritou para que a morena escutasse, ela estava escorada na parede do corredor tentando conter as lágrimas de seus olhos. Soraya bateu a porta, suspirando preocupada.

A loira entra na casa, com lágrimas nos olhos, procurando um lugar para se acalmar depois de discutir com o marido de Simone. Ela vê a morena apoiada na parede e sua curiosidade é despertada.

- Você me ama? - Simone pergunta encarando as orbes claras da loira, e cora desviando o olhar.

- Simone, você me ama? - Ela repetiu a pergunta. A morena, que agora conseguia enxergar quase claramente aquele sentimento crescer ainda mais dentro dela, se encolheu um pouco diante da pergunta, mas seu coração batia mais rápido.

- S-sim Soraya... - A loira se surpreendeu com a resposta, e se aproximou da mulher. - Eu amo você. - Afirmou com mais certeza. - Eu amo cada pequena coisa sobre você. -  Soraya... Eu nunca me senti assim antes. Eu não sei o que está acontecendo, mas tudo o que eu sinto é que eu quero ficar perto de você o tempo todo...  - Simone pega a mão de Soraya delicadamente, acariciando-a com o polegar.

- Não se preocupe, Simone. Eu entendo exatamente como você se sente. E eu sinto o mesmo por você. - A morena sorri e se aproxima da loira ainda mais, descansando a cabeça sobre o ombro dela.

- Eu não sei o que virá a seguir, mas eu só quero ficar aqui com você agora. - Susurrou envolvendo Soraya em seus braços.

- Simone... - Soraya susurrou sentindo o cheiro do perfume de hortelã da morena lhe inundar os sentidos. Tocou as costas dela sentindo o calor de seu corpo.

- Sol... Você me salvou no dia em que nos conhecemos... - Ela encarou os olhos profundos de Simone, notando eles marejados.

As duas mulheres deslizam timidamente uma para perto da outra, seus corações batendo acelerados em antecipação ao que virá a seguir. Há uma tensão elétrica no ar, mas também um sentimento reconfortante de segurança e carinho mútuo. Seus rostos se aproximam lenta e cuidadosamente.

Seus lábios se tocam, suaves e inseguros, enquanto elas exploram esse novo território juntas. O beijo é inocente, mas ainda assim é intensamente emocional e significativo para ambas. Simone as emoções acumuladas fugindo em ondas através de seu corpo, seu coração batendo cada vez mais forte, enquanto a outra é envolvida em um abraço apertado de amor e admiração.

Elas continuaram a se beijar, explorando cada sensação que sentiam, suas mãos se entrelaçando e seus corpos se inclinando suavemente um para o outro. Embora seus corações estejam acelerados, há uma paz silenciosa que paira sobre elas, à medida que elas se entregam a todo o amor que sentem uma pela outra.

É um momento mágico, tão doce e inocente...

Soraya se afastou delicadamente do rosto de Simone, que sentiu falta dos lábios macios da loira nos seus. Ela deixou sua testa se roupousar sobre a da professora, elas sorriam timidamente uma para a outra, e se abraçaram novamente, de forma reconfortante.

Simone agora entendia o significado da frase que a loira anotou na última página do livro que deu para sua aluna, uma lágrimas escorreu por seus olhos.

Os arco-íris mais belos aparecem só depois de grandes temporais.















Continua...



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29 de AbrilOnde histórias criam vida. Descubra agora