Capítulo 12

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- Sim, eu não vou parar com as minhas aulas! - ela disse por fim para Fairte, que sorriu ao ver a filha tomar suas próprias decisões, sem influencia do marido.

- Isso mesmo! Como que é a professora? - A senhora perguntou curiosa, a morena sorriu e olhou para o céu. Aquela manhã estava ensolarada, e ela caminhava com Fairte pela praça próxima ao apartamento dela. Eduardo ainda não tinha dado o ar da graça, a morena podia até negar, mas ainda se preocupava e amava o marido.

- Ela é incrível mãe. Me ajuda muito sempre, e eu até sai com ela algumas vezes! Pensa em uma mulher animada! - Ela se lembrou de Soraya e todos os momentos que ela passou junto da mulher. Fairte sorria ao ver a filha tão animada contanto sobre algo novo para ela.

- Eita, ela parece ser realmente muito boa! - Ela concordou rindo da animação de Simone. Que passou uma boa parte da caminhada contando coisas sobre Soraya para sua mãe. Que ela a chamava de Si as vezes... Que sempre a abraçava quando a via... Que era muito cuidadosa com ela... Explicava cada detalhe sobre a loira para sua mãe, que escutava cada detalhe atentamente.

- Quando vai ver ela novamente?  - Fairte perguntou quando elas já estavam subindo para o apartamento de Simone.

- Amanhã! - A morena respondeu, enquanto abria com a chave a porta de sua casa.

- Você quer que eu te leve? - Simone finalmente conseguiu abrir e começou a tirar seu tênis dos pés.

- Não precisa mãe! Ela vai vir me pegar!  - Fairte acentiu e entrou para dentro do corredor para que a filha pudesse fechar a porta. Ela passou boa parte daquela manhã com sua filha, almoçou, e decidiu que era hora de ir para sua casa. Deu um abraço em sua menina, pedindo para ela se cuidar, e saiu.

[...]

A noite estava escura, sem estrelas no céu, e a única luz que iluminava a casa era a luz fraca da luminária. Simone estava sentada no sofá da sala, enrolada em um cobertor, olhando fixamente para a porta de entrada. Ela estava preocupada com Eduardo, que ainda não tinha retornado para casa depois da noite anterior, e muito menos mandado mensagem.

Ela se sentia mais aflita a cada segundo que passava. Em meio a sua confusão de sentimentos e memórias, ela se lembrou do dia em que saiu com Soraya para jantar. 29 de abril. A sensação de ter os lábios da loira contra os seus tomou conta de seu corpo, ela tocou seus lábios com o dedo se relembrando. Simone estava perdida em meio a sua própria confusão.

Só sei que nada sei. Tal frase se repetia em sua mente.

Ela suspirou, tentando trazer sua mente de volta para o presente, mas a noite silenciosa parecia agravar ainda mais sua ansiedade. Ela levantou-se do sofá e andou vagarosamente pela casa, tentando encontrar alguma distração para seus pensamentos.

Chegando à cozinha, ela preparou uma xícara de chá quente, tentando se acalmar. Enquanto bebia, ela se lembrou de um tempo em que ela e seu parceiro eram felizes juntos. Parecia tão distante agora, mas ela ainda queria que as coisas funcionassem.  Ela precisava que funcionassem.

Ela se aventurou em seu quarto, sentia falta de momentos felizes que tinha lembranças daqueles corredores. Mas... Agora só tinha lembranças de suas lágrimas desesperadoras e gritos agudos que cortavam aqueles corredores.

Paredes guardam memórias. Sejam elas boas ou ruins.

Simone fechou os olhos e inspirou profundamente, tentando encontrar a paz interior. Mas essa sensação não durou muito, seus pensamentos foram interrompidos pelo som de um celular vibrando na sala. Ela correu, pensando que poderia ser Eduardo, mas encontrou um número desconhecido na tela. Ela pensou em atender mas apenas desligou.

A noite parecia ficar ainda mais confusa. A mulher se perguntava se as coisas estavam desmoronando em todos os aspectos de sua vida, e ela não sabia como controlar seus sentimentos ou a situação difícil pela qual estava passando.

Ela decidiu terminar o dia, tomar um banho quente e dormir. No quarto, ela deitou e, enquanto ouvia o som dos carros que passavam na rua, seus olhos lentamente se fecharam, até que finalmente adormeceu. Seus sonhos estavam repletos de imagens conflitantes, e ela sabia que ainda estava longe de encontrar uma solução para toda sua confusão interior.

[...]

Simone acordou com os primeiros raios de sol invadindo seu quarto. Abriu os olhos e olhou em volta, tentando se lembrar do sonho que tivera naquela noite, mas sua mente estava em branco. Levantou-se devagar, espreguiçando os braços e bocejando. Caminhou até o banheiro e tomou um banho rápido, deixando a água quente relaxar seus músculos tensos.

Ao sair do banheiro, a mulher ouviu um barulho vindo da sala e ficou curiosa. Ela vestiu seu roupão e caminhou até a cozinha, mas antes de chegar, viu seu marido sentado no sofá, olhando para o chão.

- Oi amor, que bom ver você aqui!! - Ela disse surpresa e se aproximou lentamente. Seu marido não respondeu.

- O que aconteceu? Por que você sumiu depois da briga? - Ela perguntou o percebendo distraído a ponto de mal notar sua presença. Ainda sem resposta, ela foi se aproximando e sentou-se no colo dele, colocando as mãos em volta do pescoço do marido, buscando atenção e carinho. Ela falou baixinho, sussurrando em seu ouvido que tinha saudades. O marido ficou calado, mas começou a acariciar as costas dela suavemente.

Simone fechou os olhos e deixou-se levar pelos carinhos e beijos do marido, sentindo uma sensação tão boa em meio a tantas turbulências que estavam passando. Ele estava dando a ela o tipo de carinho que não dava há tempos, o que a deixava realmente feliz e com um singelo sorriso nos lábios.

Os dois conversaram pouco, mas o que importava naquele momento era o gesto de amor que ele demonstrou a ela de forma tão simbólica. Simone tinha esperanças de que tudo poderia melhorar depois daquele pequeno gesto do homem. Aproveitando aquele curtos minutos.

- Eu amo você... - Ela susurrou apoiando seu rosto no ombro do homem.

- Você pode sair agora? Está pesada. - Ele pediu, Simone logo notou novamente a mudança de seu tom de voz. - Você engordou Simone? - Indagou, mas ao mesmo tempo afirmava.

- Eu não sei... - ela disse um pouco triste tocando sua barriga.

- Bom, eu acho que sim. E você poderia mudar essas suas aulas inúteis de meditação para fazer academia. - Ele disse de forma grossa para a mulher, que engoliu em seco, ficando em silêncio em seguida.

A morena ficou no mesmo lugar quando o homem levantou, e deixou algumas lágrimas rolarem por seu rosto, sentindo-se horrível. Ela estava realmente tão pesada assim? Ela foi até seu quarto, tirando o roupão do corpo e o olhando no espelho, sua vontade de chorar apenas retornou. Ela se sentou na cama analisando cada pedaço de pele de sua barriga e coxas.

"Preciso começar uma dieta urgente... eu estou realmente horrível."  Por fim vestindo novamente o roupão e indo em direção a cozinha, onde Eduardo estava.













Continua...

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29 de AbrilOnde histórias criam vida. Descubra agora