III - 𝑉𝑖𝑜𝑙𝑒𝑡 𝑒𝑦𝑒𝑠

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𝓢𝓾𝓶𝓲𝓻𝓮 𝓚𝓪𝓴𝓮𝓲

Naquele momento eu só precisava sair daquele lugar, eu sei que já deveria ter superado e agora enfrentar isso numa boa, mas não dá, eu não consigo, é constrangedor demais, eu era muito ingênua naquela época e algumas lembranças fazem com que eu me sinta tola, não que eu seja, mas talvez naquela época eu tivesse sido. Me recordo de cada mínimo detalhe de como eu era no sétimo ano.

Uma garota de doze anos tímida, alegre, um pouco introvertida, algumas inseguranças, mas nada que me desmotivasse. Apesar de tudo, eu era uma adolescente feliz, uma menina de atitudes, observadora, buscava sempre ajudar os outros. Porém como toda a adolescente, eu também tive aquela fase das ilusões, aquela fase onde você vive no mundo da lua e sonha com um príncipe encantado, pois é, sabe quem eu materializava como o meu príncipe encantado? Ele mesmo, Boruto Uzumaki! Eu era cega por esse garoto, para mim ele era perfeito, sempre fissurada nele. Porém naquela época eu também achava que Boruto nutria sentimentos por mim, quando eu digo que eu era cega, não é porque eu realmente era, a verdade era que eu me recusava a enxergar o que estava bem na minha frente, Boruto era apaixonado por Sarada e para mim foi um baque, meu coração havia sido partido pelo meu amor platônico.

Quando se é adolescente, a gente não pensa muito, sabe? Eu sabia que Sarada e Boruto eram muito próximos, mas eu imaginava que fosse apenas amizade, pelo menos por parte da Sarada, nunca se passou pela minha cabeça que Boruto seria apaixonado pela amiga de infância. Porém como toda a adolescente iludida e emocionada que eu era, para não me auto humilhar, eu poderia dizer que na verdade eu era sensível, quando Boruto me disse que não sentia o mesmo, o que para mim foi um "fora". Confesso que me acabei de chorar, eu chorei tanto, acho que fiquei até desidratada, me recusava a comer, ouvia músicas tristes, desenhava corações partidos na parede do meu quarto e vivia grudada com o meu gatinho chamado Nue, na minha cabeça ele era o único que me entendia, uma coisa bem clichê mesmo, fazer o quê, o primeiro fora a gente nunca esquece.

Sinto a vergonha voltando descaradamente para o meu rosto quando a figura loira se aproxima sorridente.

— Depois a gente se vê, Sarada. Preciso ir ao banheiro. — saiu praticamente correndo na direção oposta daqueles olhos azuis e sorriso colgate.

— Sumire! — escuto a morena me chamar, porém já estou longe.

Sinto minhas mãos suando frio e um alívio passar pelo meu corpo, foi por pouco! Essa atitude pode ter sido idiota e extremamente mal educada, mas o que eu posso fazer quando Boruto trás de volta lembranças minhas que para mim foram vergonhosas e eu gostaria de nunca ter passado por elas, não é tão fácil superá-las. Estou tão perdida em pensamentos que acabo esbarrando em uma garota, juro que por um fio eu não caio com a intensidade do baque.

— Wow garota, calma aí. Está fugindo de alguém? — a garota de cabelos castanhos curtos pergunta-me arqueando uma das sobrancelhas.

— Para falar a verdade... Estou. — digo meia constrangida.

— Deve ser sério então. — ela responde me encarando.

— Caso de vida ou morte. — falo séria.

— Sei... Você é nova, não é? Nunca te vi por aqui. — pergunta-me analisando.

— Sou... Sou sim. — respondo.

— Entendi... Então você está perdida, roxinha? — me pergunta, estranho o apelido.

— Mais ou menos, você poderia me ajudar, gatinha? — pergunto entrando na brincadeira.

— Gatinha? — indaga.

— Seus olhos. São verdes, me lembram gatos. — concluo.

— Entendi. Posso te ajudar, sim. — a garota gato me responde animada.

𝘽𝙧𝙞𝙣𝙜 𝙈𝙚 𝙏𝙤 𝙇𝙞𝙛𝙚 - 𝐾𝑎𝑤𝑎𝑠𝑢𝑚𝑖Onde histórias criam vida. Descubra agora