VI - 𝐻𝑒𝑟 𝑛𝑎𝑚𝑒

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𝓚𝓪𝔀𝓪𝓴𝓲 𝓤𝔃𝓾𝓶𝓪𝓴𝓲

Eu claramente não conseguia dormir, porra... Aquela garota não saía da minha mente, como pode? Se parecia muito com ela ou talvez seja o efeito da droga criando ilusões na minha mente, ilusões das quais eu não quero pensar. Já faz cinco anos, cinco anos sem ver a garota de cabelos roxos que tanto me intrigava, que mexia comigo de uma maneira estranha. Eu não gostava de Sumire Kakei. Ela era boazinha demais, ingênua demais, isso claramente me irritava. Essa preocupação toda e inocência, sempre querendo ajudar a todos e se colocando sempre em último lugar fazia mal, até para ela mesma.

Eu não conseguia entender e também não admitia nem para mim mesmo. Sumire Kakei não me irritava, a garota de cabelos roxos me causava admiração, eu não queria, mas era inevitável não reparar. Sua bondade em ajudar os outros mesmo quando ela mesma estava mal, me causava uma admiração pela garota, me fazia querer observa-lá, entender o que se passava na mente dela. Por mais que eu odeie admitir isso e nunca tenha contado para ninguém, Sumire Kakei foi a única garota em que me interessei de verdade. Não um interesse amoroso, eu acho, mas um interesse de curiosidade, que chamasse a minha atenção.

Sendo realista, não sou a melhor pessoa para falar sobre amor ou romance já que não sei o que é sentir essas coisas. Não tive um amor materno, não tive alguém que me ensinasse como amar, como ser carinhoso, como demonstrar afeto. Minha vida foi cheia de dores e decepções, não tive um convívio familiar bom, não tive um exemplo de família, não tive pessoas que me amassem de verdade. Minha infância foi conturbada e cheia de traumas causados pela pessoa que deveria me amar e acolher, a pessoa que deveria cuidar de mim foi a pessoa que mais me machucou. Essa pessoa me deixou com traumas, cicatrizes e marcas, me machucou tanto por fora quanto por dentro, por fora, felizmente, não é visível a minha ruína, mas por dentro eu estou completamente quebrado.

Sem sentimentos, sem emoções, vivendo de migalhas de sensações, não sinto nada, meu corpo vive, mas minha mente está literalmente morta. Me dopo sem arrependimentos, pois isso é a única forma de me fazer sentir alguma coisa, me fazer sentir vivo. Não faço isso por ser estúpido ou por diversão e prazer, faço isso para poder me esquecer de toda a dor e as lembranças do meu passado completamente fodido. As drogas são a única maneira de me fazer esquecer as lembranças e a dor da minha infância, isso me perturba a noite toda em forma de pesadelos e eu me drogo para conseguir dormir.

A pessoa que me causou todos esses traumas, que me fez sofrer, que me fez chorar, que me fez deixar de acreditar na felicidade e perder a confiança na humanidade, a pessoa responsável pela minha ruína e a minha dor. Essa pessoa foi o meu próprio pai. Um ser repugnante e sem coração, que sempre pensou em si mesmo, sempre foi irracional e nunca demonstrou um pingo de afeto por mim. O ser que eu mais odeio e que quando criança me fazia sentir inferior e indefeso, mas que agora me causa repulsa, nojo, raiva e se eu pudesse o mataria sem nem pensar duas vezes.

Meu pai não era assim. Ele costumava ser uma pessoa amorosa e protetora, principalmente com a família, ele a amava. Amava a minha mãe, ela era tudo na vida dele e sem ela ele não era nada. Quando minha mãe anunciou a gravidez, não foi motivo de infelicidade, pelo contrário, meu pai ficou muito feliz e jurou amar a criança. O meu nascimento foi a prova de amor do casal, no começo era bom e a minha vida foi harmoniosa até os três anos de idade. Pois quando a tragédia aconteceu, minha vida nunca mais foi a mesma, e o que era bom se tornou um verdadeiro inferno.

Eu tinha três anos naquela época. Meus pais e eu estavamos fazendo compras em um supermercado quando bandidos invadiram, lembro-me das pessoas gritando em desespero e implorando por suas vidas. Os bandidos apontaram as armas e um deles ameaçou.

𝘽𝙧𝙞𝙣𝙜 𝙈𝙚 𝙏𝙤 𝙇𝙞𝙛𝙚 - 𝐾𝑎𝑤𝑎𝑠𝑢𝑚𝑖Onde histórias criam vida. Descubra agora