𝘽𝙧𝙞𝙣𝙜 𝙈𝙚 𝙏𝙤 𝙇𝙞𝙛𝙚 - 𝐾𝑎𝑤𝑎𝑠𝑢𝑚𝑖

XIV - 𝐷𝑒𝑎𝑡ℎ 𝑘𝑛𝑖𝑔ℎ𝑡

Recomendo ler este capítulo ouvindo:
Heathens - Twenty One Pilots
(Não necessariamente, mas estou disposta a indicar uma música por capítulo - então, que fique de preferência.)

❝ Por favor, não faça nenhum movimento brusco. Você não sabe metade do abuso. ❞

𝓚𝓪𝔀𝓪𝓴𝓲 𝓤𝔃𝓾𝓶𝓪𝓴𝓲

Fantasmas do passado.

Eles sempre estariam presentes em nossa vida, era algo eterno, se não fisicamente, então mentalmente.

Infelizmente, o meu destino preferiu manter o meu passado em carne e osso. Vivo demais para que todas as minhas feridas fossem cicatrizadas.

"Você nunca será livre enquanto eu existir. Se acha que uma vidinha boa irá apagar o que você fez, está muito enganado."

O meu passado me odiava, e eu gostaria de odiá-lo se suas palavras não tivessem um pouco de sentido na minha mente. Como eu poderia ser feliz quando eu tirei a felicidade de uma pessoa?

Talvez eu devesse estar no lugar dele. E não tentando buscar uma redenção que não viria. Enquanto ele existisse.

Todos diziam que eu deveria esquecer. Por que eu fazia isso? Por que eu buscava os meus fantasmas novamente?

A culpa.

Quando isso foi colocado tantas vezes em sua mente, você começa a acreditar, e as palavras pesam bem mais do que deveriam, as feridas são mais profundas do que aparentam.

Está enraizado em mim.

É um ciclo vicioso do qual eu estou destinado a seguir, independentemente de quem tentar me salvar ou impedir. Eu deveria passar pelo mesmo sofrimento, talvez eu fosse pior.

Afinal, eu não estava pagando por isso.

O som do meu punho colidindo com o saco de pancadas ressoava como um eco em minha mente, cada golpe um passo mais perto de me libertar dos demônios que me assombravam.

Ou de sucumbir a eles.

Meus movimentos eram determinados, alguns fios do meu cabelo, úmidos de suor, nublavam a minha visão. O saco balançava com cada soco, como se estivesse absorvendo não apenas a força de meus golpes, mas também minha dor, minha frustração e meu ódio.

Ódio de mim mesmo por não conseguir me livrar dessa culpa, dessa perseguição incansável.

Mas eu aguentaria.

Talvez esse fosse o meu castigo. Viver com a culpa.

Eu queria desesperadamente me desfazer de todo o meu passado. Eu tive oportunidades, tive chances, mas não as aceitei completamente. Ainda não.

Essa vida não me pertencia. Eu não merecia nada disso, ainda havia muito para se cumprir.

E apenas quando os demônios fossem para o inferno, o meu passado iria com eles. E eu viveria em paz. Até lá, sua dor seria a minha.

— Você parece mais tenso que o normal hoje. — A voz de Naruto interrompeu meus pensamentos.

Ergui meu olhar, meus punhos cessando os movimentos no saco de pancadas. Minha expressão suavizou. Sua presença sempre foi um tipo de calmante para a minha turbulência interior, estranhamente.