A Dupla Conquista.

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Capítulo 2.

Meses de investigação a fio. Helô estava prestes a solucionar seu principal caso naquele ano, um dos mais complexos de toda sua carreira. Cada vez mais perto, e com a evidência que faltava em mãos, não perderia tempo: o dia pacato traria uma prisão bem sucedida. 

Durante o trajeto, conduzindo-se à localização indicada, ditava precisamente os comandos à sua patrulha, sem que lhe escapasse nada. Sequer imaginava que das ocorrências a serem feitas, a mais aguardada lhe sairia de brinde. 

Dispersaram-se pelo estabelecimento às pressas quando chegaram, sua profissão jamais a pouparia de adrenalina. Yone e Helô eram as únicas não fardadas, devido a discrição sugerida, e iam na direção oposta aos outros, comunicando-se por escutas e pontos estratégicos dentro do Shopping.

— Delegada na escuta?

— Pode falar, estamos ouvindo. 

— 2º andar, tá indo em direção à Rommanel.

— Deixa com a gente. 

Deu um risinho frouxo enquanto subiam a escada rolante. A quebra da seriedade tida como inabalável fez Yone virar-se surpresa: dos anos que trabalhavam juntas, raras senão nulas foram as vezes que Helô pré operação reagiu minimamente, a salvo do foco absoluto. Conjecturou o que poderia vir disso: 

— Convencida?

Tentou tirar algo dela, mas seria difícil.

— Tu não?

E voltando-se para frente, apertaram o passo. Helô centrou-se a ficar séria novamente: para além do que não foi dito aquela era sua joalheria favorita, não só a dela.

Esbarrar em Stenio saindo do local foi um tanto inesperado: o salto de sua bota deu um pequeno tranco no piso liso, e de quase correr parou bruscamente. Ficaram parados por alguns segundos, olhando-se desorientados, tempo suficiente para que o bandido apontasse a arma para as costas do Advogado, e fazendo-o de refém, o levasse de volta a loja, onde anunciaria o assalto.

Se antes dúvida, agora era vez do desespero tomar conta, mas ela não deixaria que transparecesse. Helô pedia calma enquanto Yone aguardava os reforços em silêncio. Os olhos outra vez se encontraram, aflitos. Não colocaria tudo a perder depois de uma inspeção tão minuciosa, sorte dele ser sua única exceção: seu coração se partia ao vê-lo passar pela mesma situação, de novo, sem ter nada haver com isso. 

Helô abaixou-se para deixar a arma no chão, pedindo que o delinquente fizesse o mesmo. Os quatro se abaixaram, estando as pupilas dos dois ainda fixas uma na outra. 

— Con-fia... Em... Mim...

Silabou, e a partir da leitura labial, ele afirmou com a cabeça de maneira rápida e movimentos descompassados. Dentre todos seus medos, o de armas era sua fobia mais acentuada, mas naqueles minutos, tê-la apontada para si era um alívio:  tudo que temia era que de alguma forma fosse Helô quem estivesse na mira.

— Nenhum passo se não eu estouro! Eu estouro ele! 

Estava cada vez mais difícil para Heloísa não desabar vendo Stenio naquele estado. Quando prestes a cometer uma loucura para livrá-lo, ainda que perdessem o caso, avistou por um dos laminados ao fundo o reflexo de sua equipe adentrando pela segunda porta de acesso. 

— Tá cercado!  Tá cercado!

Amedrontado, deixou cair a arma, e não houve tempo para medo ou tensão, precisava ser ágil, e mais que depressa, o desestabilizou. Stenio, no segundo que escutou o impacto no solo, liberto do gelado cano de metal que o tocava, deu um salto para o lado oposto. Desequilibrando-se, caiu no chão após escorregar, onde permaneceu sentado: levantar com as pernas bambas seria mais uma para lista de esforços e vergonhas não disposto a passar naquelas condições. 

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