Concorrendo pelo insuperável.

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Capítulo 6.

— Licença Doutô Stenio, Donelô,

Ouviram os passos acelerados de Creusa ao fundo, que bateu na porta semiaberta para abri-la em seguida.

— ... mal noivaram e não estão se atracando de novo não né? Oxente ceis dois!

Eles riram.

— Acertando os detalhes minha vida.

Enunciava ainda convergido nos olhos marejados de Helô, impactados pelo que havia dito anteriormente. 

— Dotô Stenio, faz um favor...

Levantou-se imediatamente se dirigindo até Creusa. Cochichavam baixo, em ruídos que a Delegada não fazia questão de escutar, ao contrário, versava sua atenção em contemplar o entorno e as palavras dele, ainda reverberando em seu inconsciente. Tanto tempo desperdiçado com superficialidades...

Stenio mal retornou e já estava ela de pé, deslumbrando-se instantaneamente ao visualizar o que carregava: 

— Cê não fez isso...

E mais uma vez, seu silêncio a rendeu. Ele voltou-se satisfeito até ela ao terminar de posicioná-lo: um quadro a óleo de dimensões consideráveis. Qualquer que fosse bastaria: eram  apreciadores assíduos de arte, mas ia além. Simplesmente, a pintura remontava parte de seu primeiro casamento, uma em específico.

Embora se lembrassem com risos da especial e brega cerimônia, diante deles, um dos poucos registros que se recordavam com um carinho legítimo. 

Ela não estava acostumada com seu lado emocional tão aflorado. Apesar disso, não queria sabotar um dos dias mais felizes de sua vida, e respirando, deu um desconto a si mesma: se entregaria as emoções, por hoje. 

— Tá tudo legal?

Havia notado a rápida mudança de expressão. 

— Tá sim...

Sorriu, ele era mesmo fascinado em estudar suas nuances. 

— ... nossa foto...

Ela prosseguiu, apontando à moldura. 

— Favorita, eu sei disso.

Completou, mirando-a com um quê de orgulho.

— Como eu disse, meus reles artifícios convencionais...

— Reles?! 

Examinou-o indignada.

— Quando o valor é Inestimável, todo intermediário passa a ser insignificante.

— Hum.

Cruzou os braços, transferindo o peso para uma das pernas. 

— Tudo que eu faço por você é ínfimo para o teu significado.

— Tu vai falir desse jeito.

Aproximou-se ainda mais dela.

— Faliria feliz... 

Incitava o perigo nela pouco a pouco, só não esperava o abraço repentino, seguido de alguns suaves beliscões e cutucadas. 

— Planeta Terra chamando Stenio...  

Prolongando-se, ele seguia dizendo coisas lindas em seus ouvidos. Tê-la buscando a segurança em seus braços era uma sensação inigualável. 

—  Nada pode tirar sua força viu? É a mulher, a pessoa, mais forte que eu conheci e vou conhecer na vida. Portanto, saiba que essa sua vulnerabilidade...

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