CAPÍTULO 19

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VISELLA

A algo sobre sentimentos que me levam a questionar se realmente valem a pena os sentir, o que seria melhor...Não sentir nada ou sentir tudo? Por parte da minha vida eu fingir não ter sentimentos e na outra parte eu me esqueci que os tinha, eu nunca fui livre e mesmo que não houvesse alguém aprisionando o meu corpo eles estavam perseguindo a minha alma, no momento estou livre, mas ainda sim estou presa dentro de mim, mas quando eu estava com Aemon, tudo era diferente, não haviam grades, algemas éramos eu e ele, nossos corpos se conectavam nossas almas estavam ligadas uma a outra.

— Princesa! — Escuto a voz de Ailín vindo do lado da porta, eu estava me aprontando para receber meu marido e os outros que haviam ido até essa breve viajem. Haviam se passado mais de quinze dias desde que a viajem se iniciou, Ailín me comunicou que as vezes viajens como essas poderiam progredir de tempo se tranformando até em rebeliões maiores, mas que Aris e Aemon eram os melhores no que faziam.

Eu abri a porta e junto do Snow fui para o lado de fora do castelo, teríamos que caminhar um pouco em direção aos portões então obrigatoriamente teríamos que conversar. — Não tem passado muito bem ultimamente. — Ele me encarou pelo canto do seu olho.

— Acredito que seja o frio. — Sorri para ele.

— A comida daqui não lhe agrada? Você tem vomitado tudo o que come. — Ele parou e esperasse que eu fizesse o mesmo, contudo, apontei para Anya, Siri e Torrhen que aguardavam por nós.

— Vamos! — O puxei.

— Princesa! — Anya me abraçou até onde me alcançava e foi no mesmo instante que os portões foram abertos.

Eu procurava o rosto de Aemon, mas só vi os homens do Norte cabisbaixos provavelmente todos exaustos e famintos, assim como não via o rosto de Aemon eu não via o de Aris, foi então que me pareceu que algo estava estranho quando encarou Torrhen.

— Onde ele está? — Questionei o lorde. — Onde está meu marido?! — Fui até a carroça onde os feridos estavam, Aris estava entre eles, seus olhos me encaravam enquanto eu procurava por Aemon. — Onde Aemon está? — Minhas voz falhava enquanto eu o puxava pelas roupas, temendo que algo pior houvesse acontecido.

— Princesa... — Aris encarou a carroça ao lado onde havia apenas um corpo enrolado a um lençol.

Eu escutei o grito de Siri e vi se ajoelhar no chão, era o choro de uma mãe que havia perdido um filho, mas Aemon não estava morto, ele era o melhor soldado de do Norte, ele não poderia ser morto.

Eu caminhei até a carroça e encarei o lençol branco, minhas mãos estavam trêmulas quando eu puxei para ver o seu rosto, e era Aemon, mas não o meu...Eu o coloquei em meu colo, ele não tinha o calor do seu corpo, não sua cor, seu sorriso não estava em seu rosto, esse não era o meu marido, não poderia ser ele. Eu me perguntei se havia uma maldição sobre mim, se a culpa da sua morte era minha, e tive certeza quando vi o sangue escorrendo em minha pernas.

— Princesa. — Lancel estava ao meu lado desde a primeira hora que eu estive com Aemon. — Está sangrando.

— Ele não sabia... — Eu alisei o rosto de Aemon. — Não sabia que eu estava grávida.

— Se não formos até o meistre pode perder o b...

— Já o perdir... — Levantei o meu vestido para que ele visse o sangue que havia saído de mim. — Eu perdir os dois... — A neve do Norte caia mais uma vez, dessa vez em tristeza, pois seu herdeiro não estava mais entre eles.

Eu não havia saído do meu quarto desde o funeral de Aemon, eu fui examinada pelo meistre e me deu a certeza que não havia um bebê dentro de mim, as servas não entravam em meu quarto assim com eu ordenei a Lancel que deixasse minha comida do lado de fora, que nunca foi comida por mim a uma semana.

— Visella. — Era a voz de Aris.

— Não.

O maldito entrou em meu quarto vindo até mim, eu estava deitada na cama e ele parecia tão infeliz quanto eu. — Tem um prato de comida na sua porta, eu pisei nas batatas.

— Os ratos não vão gostar disso. — Me virei entre os lençóis para não ver o seu rosto, ele me lembrava Aemon, me lembrava aquele dia.

— Aemon ele me...

— Não! — Me levantei colocando o dedo no seu rosto, mas acredito que pela fome me desequilibrei e sentei-me na cama com sua ajuda. — Aemon não tem o direito de ter dito nada no seu leito de morte... — Eu sentia meu rosto molhada a cada palavra que dizia. — Ele me deixou...Ele...

— Ele disse que a amava, ele moreu sorrindo dizendo o seu nome e vendo o seu o rosto, ele repetia a palavra querida e que esperaria por você, ele disse que você devia ser feliz Visella! — Aris sorriu para mim. — Ele a amava!

— Maldito! — Eu me encolhi nos braços de Aris entre as minhas lágrimas e pela primeira vez em muitos dias, fiz uma refeição.

Eu a via fazer uma cara triste, e também via Torrhen fazer a mesma cara por mais que ele negue em todos os livros de histórias que forem escritos. — Torrhen, não chore...Eu vou voltar. — O abracei.

— Não estou triste. — Ele revirou seus olhos.

— Anya, me prometa que quando voltar será tão boa com a espada quanto esses seus irmãos bobos. — Me abaixei ficando a sua altura.

— Anya promete! — Nos abraçamos enquanto eu encarava os dois atrás dela.

— Nós a queremos aqui, ele iria querer você aqui... — Siri me abraçou.

— Aqui é a sua casa...Visella. — Torrhen  assentiu.

Eu voltaria para Porto Real, por algum tempo pelo menos para superar a morte de Aemon, sentir seu cheiro nas cobertas, e lembrar da sua presença por todo o quarto ou cômodo não me ajudava vê-lo como uma boa lembrança, apenas como dor. E eu precisava disso, precisava para que eu pudesse matar os responsáveis pela rebelião, eu os queimaria, os torturaria, os faria sangrar até sua última gota de sangue por terem matado o meu marido.

NOTA

Entramos em um ponto diferente, eu gosto muito de escrever capítulos engraçados não sei se sou boa escrevendo capítulos tristes mas eu tento e esse foi um deles.

FANFIC DO AEMOND LIBERADA

THE FALL OF A KING - MAEGOR TARGARYENOnde histórias criam vida. Descubra agora