Amélie Shio
Acho que fazia uns dois meses que me mudei para Lípsia, Alemanha, e apenas duas semanas que comecei a frequentar a escola. Como não sabia falar o Alemão direito, fiquei esse tempo sem amigos, nenhum queria ter a dificuldade de falar com uma estrangeira que não sabia a língua do país, mas nunca chegaram a me tratar mal
Eu costumava almoçar em um canto afastado da escola, em uma arquibancada da quadra fora de uso que tinha nos fundos da escola, ninguém ia lá
Apenas um grupo de garotos do ensino médio que gostavam de implicar com um garoto que parecia ter a minha idade
Eu odiava ver o menino sofrendo na mão dos adolescentes mais velhos, mas não sabia como fazer eles pararem e eu nunca conseguiria bater neles. Eu até perdia um pouco do apetite, mas se eu fosse comer em outro canto eu me sentiria culpada
— dessa vez seu irmão tá doente e não pode te proteger- um dos garotos fala empurrando levemente o mais novo- vai ter que achar algum homem bem forte para te ajudar
O irmão do menino sempre aparecia para ajudar ele, mas acabava apanhando junto, até porquê como uma criança iria atacar três, as vezes mais, adolescentes
— eu nunca fiz nada para vocês, por que não param?- o garoto pergunta olhando para baixo com uma voz chorosa
Eu queria muito ajudar ele
— vai chorar, neném?- outro garoto debocha fazendo os amigos soltarem altas gargalhadas
— deveria pensar em se vestir igual um homem de verdade e não como um viadinho ou um mendigo que nem seu irmão- o terceiro fala dessa vez empurrando o garoto no chão com mais força
O mais novo se encolheu deitado no chão em posição fetal, abraçando os joelhos
— porra, pirralho, nem para você fingir ter coragem né?- o primeiro adolescente fala chutando o pequeno
— fracote
Coloco a bandeja, que até então estava no meu colo, em cima da arquibancada e me levanto indo em direção à quadra
Não sei como, mas eu iria ajudar, não poderia deixar ele lá sozinho
No momento que um dos mais velhos ia dar mais um chute no mais novo eu me posicionei no meio deles e estiquei o braço com a mão aberta, mandando eles pararem
— que isso? - um deles pergunta dando um sorriso de lado
— arranjou uma namorada, Bill Kaulitz?- outro pergunta rindo- deve ser um homem disfarçado de mulher, até porquê ela nem tem peitos
— olha só, tampinha- o mais agressivo põe a mão no topo da minha cabeça- não se mete onde não é chamada
Eu não entendia o que ele falava então apenas dei um chute, com toda a minha força, no tornozelo dele, o mesmo gritou de dor e se sentou no chão para massagear o local dolorido
Eu sempre fui bem forte até
— qual é, sentiu dor com isso?- um dos outros dois debocha rindo
— ela é forte porra. Vamos, depois a gente resolve isso- se levanta e sai andando para fora da quadra mancando, junto com os amigos
Logo que perco eles de vista, me viro e vejo o menino, que agora sabia que se chamava Bill, sentado no chão enquanto olha para mim. Estico minha mão para ajudar ele a se levantar, assim ele faz
— obrigado- ele diz limpando as lágrimas com a mão livre
Aproveito que ainda estamos de mãos dadas e o puxo até o lugar que eu estava sentada comendo. Quando chegamos, nós sentamos e eu dou meu pedaço de bolo, que era minha sobremesa, e um garfinho para ele comer
— eu queria muito esse bolo- diz sorridente e olha para mim- qual é o seu nome?- pergunta e logo põe um pouco do bolo na boca
— Matsuri
— que nome difícil- fala de boca cheia- me chamo Bill
Sorrio e fico observando ele comer o bolo, parecia gostar do sabor e estar mais relaxado. Ao acabar, me entregou o prato e eu o coloquei na bandeja novamente
— você é nova?- apenas concordei com a cabeça- é a menina que veio do Japão que todo mundo tá falando?
Apenas olhei ele confusa, não entendia o que falava, mas me sentia bem sabendo que ele queria falar comigo
— aé, você não fala nossa língua ainda- diz cabisbaixo- tudo bem, eu te ensino- sorri e eu faço o mesmo
Continuei sem entender o que ele falava, mas como parecia simpático, apenas sorri
O dia se passou e os mais velhos não voltaram a implicar com ele, provavelmente continuariam no dia seguinte. Bill não estudava na mesma sala que eu, ele era 1 anos mais velho, mas me acompanhou na saída e ficou comigo até meus pais chegarem, ele ia embora sozinho a pé
Bill era um garoto adorável, com um estilo único e uma personalidade muito boa, não entendi o porquê de implicarem com ele
...
Bill kaulitz
Assim que Matsuri foi embora eu saí da escola o mais rápido o possível já que provavelmente aqueles garotos iam atrás de mim, mas também porque eu estava animado para falar com Tom sobre minha nova amiga
Chegando em casa, eu abri a porta animado e vejo meu irmão na sala vendo televisão enquanto minha mãe media a febre dele
—Oi, Bill- minha mãe me olha e abre um sorriso- parece animado
—eu tô- digo fechando a porta e sentando do lado dela no sofá
— eu gostaria de saber o motivo
— eu fiz uma nova amiga- digo balançando os pés
Tom me olhou impressionado e logo deu um sorriso também, ele sempre quis que eu tivesse mais amigos além dele
— que legal- minha mãe acaba de por o termômetro no braço do meu irmão e se vira para me abraçar- eu estou tão feliz por você
— qual o nome dela?- Tom pergunta se ajeitando no sofá
— Ma...ma...
— não sabe o nome dela?
— eu sei, é que é difícil- digo pensando na pronuncia certa- Matiuri?
Tom ri da minha tentativa, provavelmente falha, de falar o nome da minha amiga
— eu sou um péssimo amigo, não sei nem falar o nome dela- olho para baixo
— não é não- minha mãe diz- ela tem um nome difícil mesmo, daqui a pouco você pega o jeito
— você acha?
— claro- ela sorri e se levanta- amanhã Tom há vai para a escola, apresenta ela para ele, pode até chama-la aqui
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Save Me | Tokio Hotel
Fanfiction- "Eu nunca terei palavras o suficiente para agradecer quando me salvou aquela vez. Eu te amarei para sempre [...]" 2°🥈 Bill Kaulitz (28/02/2024)