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Geórgia Hoff

— o que é isso?- Amélie pergunta abrindo uma caixa que eu havia deixado em cima da mesa

— meu vizinho me deu- falo lendo um livro que a escola tinha mandado ler

— o Tom ou Bill?- pergunta vendo a caixa

— nenhum deles, o do outro lado- falo fechando o livro e logo olho para ela- pode abrir, é um espelho- ela sorri e começa a abrir a caixa ‐ o menino é da escola, do seu ano

— qual o nome dele?- pergunta enquanto tirava o espelho da caixa

— Daniel, algo assim

— é da minha sala, ele é esquisito- fala analisando o objeto em suas mãos- mas o espelho é bonito

— não pode chamar as pessoas de esquisitas, Amélie

— mas ele é

Daniel me entregou esse presente no dia anterior, eu nunca tinha o visto na vida. Ele disse que me admirava e achava linda, foi simpático então aceitei o presente

— ou você acha normal alguém presentear outra pessoa sem nunca terem se falado na vida?- olha para mim novamente- onde vai por o espelho?

— não sei- me levanto e vou até ela- não pensei nisso ainda

— talvez...- olha em volta- ali- aponta para uma prateleira que ficava na parede em frente à cama- está vazia

— pode ser - pego o espelho da mão da garota e vou até a prateleira

Subo nas pontas dos pés e posiciono o objeto apoiado na parede junto com outros enfeites que tinham

— ficou ótimo- ela diz

— ficou mesmo- me afasto um pouco para observar- inclusive, se está aqui é porque sua mãe deixou, como foi as recuperações

— ótimas- diz animada- fui muito bem na de geografia, por pouco não gabarito- se joga na cama- graças ao Bill

— e as outras?

— foram fáceis- diz e começa a rir- não sei nem como fiquei de recuperação nisso

— que bom então- me deito ao lado dela- isso quer dizer que podemos fazer uma festa em comemoração a primeira turnê dos meninos

— sim, uma ótima ideia- estica os braços‐ o que podemos fazer?- mexe os braços aleatoriamente

— podemos fazer uma mini festa só entre nós- sugiro olhando para as mãos dela

— é a melhor opção - fala e se senta na cama- quando vai ser?

— O mais cedo possível- me sento também- ele vão em breve

— eles estão ensaiando hoje?- ela pergunta e me olha

— sim, vão ensaiar amanhã e depois, final de semana livre

— então a festa será no sábado- fala juntando as mãos

— ótimo!- junto as mãos também- até por que eles tem figurinos para experimentar no domingo

— que saco- se joga na cama de novo- eu queria sair com Bill no domingo

— eita, gata- me deito também- só depois da turnê, vão estar ocupados a próxima semana inteira menos sexta

— então vou sair com ele sexta!- fala animada

— não vai não, eles viajam sábado de madrugada, precisam descansar o dia todo

— que vida difícil- passa a mão pelo o rosto e bufa

— você que decidiu namorar um estrela- me viro de barriga para baixo e a olho

— não me arrependo- se vira na mesma posição que eu mas balança os pés‐ é literalmente como namorar seu ídolo

— ele é seu ídolo?- pergunto

— óbvio, música boa, talento e beleza, não tem como ele não ser meu ídolo- fala com um sorriso fofo

— que casal fofo, só espero que não morram de diabetes- falo ironicamente

— por que morreriamos de diabete?- pergunta me olhando confusa

— não entendeu? Tipo, são tão doces...- percebo que ela continuava sem entender só pela cara que fazia- esquece

— já esqueci- diz me fazendo rir

Eu adorava a lerdeza de Amélie para absolutamente tudo. Lembro do Bill tentando confessar o que sentia por ela em um ano inteiro, só foi perceber quando ele falou com todas as palavras

— meu pai levou minha mãe para jantar fora ontem- mudo completamente de assunto- acho que beberam mais do que deviam, foi traumatizante- digo a fazendo rir

— minha mãe nunca saiu com ninguém além do meu pai- ela diz

— você nunca me falou do seu pai- lembro a olhando- o que aconteceu?

— ele morreu quando eu tinha 10 anos- se vira de barriga para cima e olha para o teto- ele estava doente, eu só descobri a situação dele depois que morreu, nunca me falaram qual era a doença

— e como ele era? Se quiser falar, é claro

— ele era incrível!- diz fazendo aparecer um sorriso lindo em seu rosto- quando eu tinha seis anos eu mudei de cidade, de Toyama para Tokio, na escola nova foi difícil fazer amigos porque já tinham seus próprios grupos

— e o que aconteceu?

— fiquei um ano sem nenhum tipo de amigo, só me incluíam em trabalhos as vezes mas nem falavam comigo direito- suspira- durante esse ano, enquanto todos meus colegas iam brincar um na casa do outro, papai ficava comigo sempre que podia, brincava de boneca comigo, deixava eu maquiar ele, me ensinava a cozinhar e tal

— meu pai nunca fez isso comigo - digo e olho para baixo- continua

— no ano seguinte eu fiz algumas amizades, alunos novos ou brigaram com o antigo grupo. Sempre que eu levava meus amigos em casa ele os tratava muito bem- olho para ela e vejo seus olhos brilhando- eles sempre queriam voltar para brincar com ele também

— imagino, do jeito que você está falando, parecia ser ótimo

— mas um dia minha vó foi me buscar na escola mais cedo- seu sorriso desmancha- eu fiquei feliz já que eu ia para casa mais cedo, mas não foi bem assim, eu fui para o hospital e vi mamãe chorando no corredor- seus olhos se encheram de lágrimas e sua voz começou a ficar trêmula- ela falou que ele tinha ido embora, eu não entendi muito bem no começo, mas como estávamos em um hospital eu só liguei os pontos

— sinto muito

Eu nunca fui boa em consolar pessoas então apenas virei de barriga para cima e a puxei para um abraço confortável. Ela chorou em meu ombro enquanto falava da saudades que ela tinha dele, junto com momentos que ela lembra que tiveram

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Mbti de todas as meninas que apareceram na fic:

Amélie: ISFP
Geórgia: ENTJ
Evelyn: ENFP
Lidia: ISFJ
Agata: ENTP

(Sim, eu fiz um teste para cada uma)

Spoiler:
Nao sou fã de final feliz

Save Me | Tokio Hotel Onde histórias criam vida. Descubra agora