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Eu te seguraria em meus braços

Eu afastaria a dor

Agradeceria por tudo que você fez

Perdoaria todos os seus erros

— PAI! PELO AMOR QUE VOCÊ TEM AOS SEUS FILHOS

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— PAI! PELO AMOR QUE VOCÊ TEM AOS SEUS FILHOS...

— Quem disse que eu amo vocês? — ele me interrompe com uma travessa de macarrão com queijo em mãos e meu estômago implora em meu interior para ter aquela travessa. — Eu suporto vocês. Suportei por anos. Aí, quando eu penso que vou me livrar porque ficaram adultos, Santiago decide nos visitar todos os dias, Íris faz um filho endiabrado, você... Você me envergonha, Nicolas.

— Qual é, pai? Eu sou o melhor filho que você tem — rebato tentando me aproximar para pegar a travessa, mas aí que está: eu sou idêntico ao meu pai.

Até os vinte anos eu era um moleque — eu ainda sou, mas isso não vem ao caso —, eu só pensava em beber, na solidão interna que sentia; então, uma loura de olhos claros entrou em minha vida exatamente como aconteceu com meu pai, por isso eu me tornei quem eu sou hoje: David Rossi versão mais lindo, mais engraçado e sem traumas.

Eu sou do meu pai a versão atualizada dos filmes antigos, entendem?

O filme BOM.

Enfim. Eu penso igual meu pai muitas vezes. Quando eu comecei a advogar e ele ainda não tinha se aposentado para viver sua vida trepando com a minha mãe pelo mundo inteiro — não o julgo, pois farei igual futuramente —, nós dois advogamos umas duas vezes juntos, em tribunais, com juízes e contra outros advogados; foi ali que eu soube que a minha linha de pensamento nesse âmbito é igual a do meu pai, mas, como eu disse, dentro de uma versão melhorada.

Pra comida nós somos iguais também.

Não é atoa que ele está com uma travessa em mãos enquanto minha mãe come pacientemente dentro do seu pratinho, como uma dama, como um passarinho que come pouco, a delicadeza em pessoa, ao passo que meu pai...

— Você não vai pegar essa travessa, Nicolas — ele diz ameaçador e eu encaro minha mãe.

— Eu vim almoçar com vocês, com dó de que estivessem se sentindo muito sozinhos e meu pai não quer deixar eu comer... Mãe? Mãe, diga algo sobre isso — peço e ela levanta os olhos de seu prato.

— Você tem vinte e seis anos, Nicolas — rebate.

— Você quer falar de idade? Porque meu pai tem o dobro da minha e está negando uma travessa ao seu filho.

— Por que vocês dois não dividem? — ela propõe como a boa mediadora de conflitos que sempre foi de seus filhos... Adicionando David Rossi nisso.

Eu brigava com Íris e lá estava ela, tentando resolver os problemas; Heitor e eu brigávamos e lá estava ela, nos colocando de castigo; Valentim brigava comigo e lá estava ela, perguntando pra mim o quê que de errado eu fiz para perturbar o tão concentrado Valentim. Deus, era só eu que perturbava essa família?

VÍTIMA DO ERRO (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora