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UM ANO DEPOIS
— Ok, deveríamos ter feito festa de aniversário somente para as crianças e nada para os adultos, Heitor e Nicolas estão comendo tudo — desabafo abraçando Aurora, triste porque meu marido é uma grande criança.
— Se acalme, temos estoque pra todos — ela acaricia meus cabelos rindo. — E é sempre assim, o inferno do Heitor come tudo dos filhos dele. Na verdade, ele pega as lembrancinhas do filho pra dividir com ele em casa.
— Que coisa horrorosa — ouço minha sogra dizer e levanto a cabeça assustada. — Eu criei monstros, não filhos.
— Monstros esfomeados — pontuo até ouvir um "mamãe" bem alto e procurar por Lourenço na festa.
Encontro o pequeno nos braços do seu padrinho Jensen, já sendo acudido pelo mesmo.
— Jensen com crianças é como uma foto — Jade diz, em seu habitual tom gelado ao meu lado. — Na foto há um grande revólver junto de um grande urso de pelúcia.
— Jade! — minha sogra repreende e a ruiva apenas arqueia uma sobrancelha.
— Eu vou tirar a minha sobrinha daquela bagunça — anuncia se afastando e caminhando até Eva que se encontra entre Samantha, Matteo, Catarina, Laila e Cecília.
— Eu tenho tanta pena da Eva e de Matteo, eles são os mais calmos e os que mais sofrem — Aurora observa com um sorriso.
— Mas Samantha não grita com Eva, observe-as quando tiver somente as duas. É uma relação de respeito e paz, vivendo em harmonia com o limite de ambas — minha sogra explica e eu bufo quando percebo que Lourenço desanimou com a festinha, deixando tudo que seguro nas mãos de Aurora e caminhando decidida até os dois.
— O que houve aqui? — cruzo os braços e meu filho faz um biquinho.
— Ele caiu no meio da brincadeira — Jensen explica mostrando o joelho ralado de meu filho. — Eu disse pra ele que tomar um tiro é bem pior.
— Jensen... — coço o rosto em puro nervoso.
— O que... FILHO, VOCÊ TEM UM MACHUCADO AÍ, EM! — Nicolas grita ao meu lado, atraindo a atenção da festa toda. — Pra mim um machucado é sinal de pura honra, principalmente no aniversário. Você é guerreiro condecorado agora, prontíssimo para ir para a guerra!
Lourenço franze o cenho, eu franzo o cenho e Jensen parece ser o único a entender a reação de Nicolas.
— É, cara! Lembra daquele filme dos príncipes que a gente viu? Agora você é um príncipe fortão, que consegue vencer os exércitos!
Ok... Talvez os dois precisem de remédios.
— Viu, cara? Está bonitão, rico e maneiro com esse machucado, pare de frescura — Nicolas pega Lourenço para coloca-lo no chão. — Vai fazer mais machucados, a regra é quem se machucar mais, é mais forte.
