Lua

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- O que você sabe ?

Ela joga os cabelos loiros reluzentes para trás, seu olhar é vagamente irritadiço.

- O suficiente.

- Eu não sei de nada.

Faz um pequeno gesto de assentimento, quase imperceptível. Cerra os olhos.

- Ache o portal e vá embora. Sua presença não é harmoniosa.

O que ela sabe?

- Tenho meus motivos para ter vindo. E não sei como voltar, nem mesmo se quero voltar. - digo a última parte mais baixo. Não é necessário me explicar.

- Seu egoísmo trará coisas ruins.

Ela se aproxima um pouco mais de mim, seus olhos apesar de furiosos me lembram os de um cachorrinho filhote.

Cruza os braços pálidos na frente do corpo. Tenho a vaga ideia de que usando metade da minha força poderia quebrá-los.

Eu não sou egoísta. Meus motivos são tudo menos egoístas. É amor.

- Você não os conhece, se é isso que pensa.

- O desejo - Ela diz pausadamente - e a obsessão, são o egoísmo e a luxuria tentando se disfarçar de amor verdadeiro.

Ouvir ela chamar meu amor por Harry de obsessão me da náuseas. Essa palavra é nojenta e mesquinha perto do que sinto.

Meu amor por Harry flui nas minhas veias em quantidades muitíssimo mais alta do que a própria magia e o meu sangue. Penso em dizer isso a ela, mas não quero parecer obsessivo.

- Eu não vou trazer nada de ruim a ninguém.

Não quero que Luna pense que somos inimigos.

- Já está trazendo.

Ela faz se virar para ir embora. Minha raiva é como um perfume forte no ar. Me sinto sufocado, tonto.

Agarro seu braço a trazendo para perto antes que me dê as costas, o baque da sua cabeça na parede é forte e dolorido. Minha mão direita a aperta pelo pescoço.

- O que você sabe ?

Suas mãos arranham meu pulso, me fazendo afrouxar o aperto. Seus cabelos estão espalhados pela parede, formando ondas brilhantes,  pequenos caracóis que escorrem até sua cintura.

- O que você sabe ? - eu repito.

- Ele não te ama. Nunca vai amar.

Sinto meu rosto formigar. Volto a apertar seu pescoço com força, travando os dedos ao seu redor.

Puxo seu corpo para frente e para traz novamente. Rápido.

A parede de pedra solta um pó fino no impacto.

Faço isso denovo, e denovo, e denovo.

O barulho do crânio cedendo é insuportável. Eu paro.

Não aguentando seu próprio peso, Luna cai quando eu a solto. A parede tem um sorriso escarlate formado onde o corte se fez na nuca da garota.

Olho para ela, as lágrimas escorrem sem parar, ela convulsiona pressionando o ferimento para estancar o sangue.

Seus cabelo loiros estão vermelhos. Pequenos caracóis opacos que pingam em sua roupa.

Me lembro que sentia vontade de provar o sangue de Harry. Bebê-lo como um néctar de vida. Imaginava se conseguiria parar antes de matá-lo, ou se o esvaziaria com a gula de tê-lo em mim.

Meu amor por Harry corre pelas veias.

Tenho nojo do sangue de Luna, o que me faz pensar em sair dali o mais rápido possível. Mas há algo que é pertinente nos meus pensamentos depois do que ouvi.

- Se você acha que minha presença é uma maldição. Se sabe disso, como acredita, porque me ajudou aquele dia ?

Ela me olha nos olhos. As lágrimas parecem escorrer contra sua vontade.

- Senti pena de você.

- Por que ?

- O pecado que você cometeu é maior do que tem capacidade de pagar. Sua vida não vale o mal que fez.

Não sei o que responder. Pragas de morte a respeito de Luna sondam minha mente.

Ele nunca vai me amar.

/lembrando que esse capítulo se passa antes do anterior, é a dita conversa entre Luna e Draco, que ela disse que queria ter aquele dia.

Love me again - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora