Seul, Coreia do Sul
11/07/2022A longa reportagem sobre o atentado ao 11 de setembro fizera minha cabeça latejar e minha vista pesar. Era uma tortura psicológica a qualquer ser naturalmente coreano, se informado ao atentado todos os anos, consecutivamente como um aniversário. Algo que aconteceu do outro lado do mundo. Viver em um país tão atrelado ao Estados Unidos resultava nisso.
Talvez a tortura psicológica fosse a falta de capacidade do meu cérebro de enviar certos comandos para o meu corpo. Incapacitado de ter restado alguma forma para pegar o controle remoto. Sem forças, fraco e sem vida. A raiz do cabelo castanho tão escuro que se aproximava do preto, enquanto os restantes dos fios estavam em um loiro desbotado. O rosto pálido, cada vez mais fino. Tudo o que me restou foram as roupas bonitas.
Estava sem vida e devidamente vestido, como um cadáver em seu funeral.
Taehyung e Seokjin eram a razão para eu ainda me alimentar e me higienizar corretamente, creio que se eles não me obrigassem a tal feito, com certeza me privaria disso. Como ando me privando de absolutamente tudo desde que ele se foi, sem olhar para trás, sem se importar comigo.
Infelizmente eu ainda me importava com ele. Gostaria de saber se ele está bem, se está se alimentando direito, se ainda pratica esportes, se ainda ama one piece, se ainda come hot dog coreano todo domingo, se ainda guarda os presentes que eu havia lhe dado, se ainda sentia algo por mim. Eu gostaria muito de saber, porém não tinha mais acesso as suas redes sociais e meus amigos se negavam a falar sobre ele. E eu não podia ir até ele.
Ou talvez pudesse?
Algo despertou em minha mente, uma vontade que finalmente me fizera querer levantar da minha cama. Estava quase formando um enorme buraco no colchão, do tamanho exato do meu corpo, devido ao longo tempo em que passava sobre ela. Mas eu finalmente a deixaria, eu iria encontrar com ele. O veria de perto, após tanto tempo. Como será que ele está? Talvez tenha mudado a cor do cabelo ou talvez esteja mais alto, Jaehyun sempre foi mais alto do que eu.
Guiado a esses pensamentos, era como se a vontade de retornar a vida reacendesse em mim. Finalmente estava realizando tudo o que deveria por conta própria. Senti falta disso, confesso. Era como se tudo em mim despertasse, sentia prazer em tomar o banho, em escovar os dentes e a escolher um conjunto de roupas que fossem me favorecer. Exceto pelo cabelo, tudo em mim parecia como antes, como deveria ser.
Deixei o prédio dos dormitórios da universidade naquela noite, indo rumo a parte de trás do campus, onde estava a estrada. Lá podíamos ver as calçadas com barraquinhas de aperitivos e sobremesas, exatamente atrás dos prédios, o asfalto largo logo após e mais uma extensa calçada que ficava as margens de um riacho. O riacho Hongjecheon.
Lembro-me de apreciar muito caminhar à beira do lago. Havia um ponte que ligava a calçada a um templo, porém nunca me surtira vontade de atravessa-la, pelo menos não até esse momento, onde eu encarava o templo pouco iluminado, bem distante de onde eu estava. Infelizmente não podia perder tempo com esses pensamentos.
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Like Crazy • Jikook
Fanfic[EM ANDAMENTO] Envolto em sua bolha de bloqueio emocional, Park Jimin mantém a certeza de que nunca mais se apaixonará novamente. Até Jeon Jeongguk surgir em sua vida, com o único objetivo de mostrar a ele, que estava errado. " - Eu acho que nós pod...