Passar o dia juntos estava sendo infinitamente mais fácil e agradável que qualquer um dois dois poderia pensar. Claro que ainda tinham atritos por motivos bobos, mas conseguiam solucionar tudo de forma amigável.
— Miguel, chega! Anda, só uma pausa, não consigo mais nem pensar — Robby reclamou.
— Mas ainda tem coisa pra amanhã. Você promete que é só uma pausa? — Miguel perguntou desconfiado, arqueando uma sobrancelha.
— Prometo. Vamos comer alguma coisa e voltamos, anda — Robby disse, já se levantando.
Miguel levou uma mão à testa e depois apertou o cenho impacientemente. Mas se levantou em seguida, dando a vitória ao outro. Afinal, estavam estudando há mais de três horas, era realmente cansativo.
— Tá, você venceu. Eu quero hambúrguer.
— Tá achando que isso aqui é uma lanchonete, Diaz? — Robby implicou.
— Podia ser, se você investisse. Vai logo, eu tô te ensinando a tarde toda, eu mereço — argumentou.
— Só tá me ensinando porque quer manter suas notas, espertinho — Robby respondeu enquanto abria o congelador e pegava 4 carnes de hambúrguer.
Miguel ficou estranhamente silencioso, pensando em como o mais baixo tinha razão. Ele havia levado comida para ele, comprado shampoo e feito várias coisas apenas para fazê-lo se sentir melhor, mas Miguel só o tinha ajudado por interesse próprio até aquele momento. Sentiu uma vergonha profunda do quanto havia se afastado de quem realmente era por uma rivalidade idiota. Mas ainda tinha tempo de consertar as coisas.
— Você quer ajuda? — perguntou, se aproximando de Robby na cozinha.
— Talvez seja bom mesmo. Yaya disse que você queima tudo — Robby disse com um sorriso — você pode cortar os pães e escolher o que vai botar dentro enquanto eu frito.
Miguel olhou a geladeira e achou queijo, cebola, maionese e ketchup. Pegou tudo e levou para a bancada onde faria os sanduíches.
— Olha aqui — disse, mostrando a Robby o que tinha escolhido — posso botar nos seus também?
— Pode, valeu.
— Pena que a alface acabou — Miguel disse, preenchendo os pães.
— Já teve alface nessa casa? Sem ser nas marmitas da sua mãe? — Robby perguntou, incrédulo.
— Eu disse que ia levar seu pai pra fazer compras, lembra? É uma nova era na residência Lawrence — Miguel disse, orgulhoso.
— Quarto decorado, geladeira cheia… Acho que até aceito morar aqui quando tudo isso acabar — Robby disse — parabéns pela vitória.
— Foi difícil, seu pai nem sabe os nomes das verduras. Mas deu tudo certo. Eu só não sei muito bem o que fazer que não seja salada — Miguel admitiu.
— Vou te ensinar algumas coisas quando meu pai estiver no dojo — Robby prometeu.
Miguel olhou para ele, já com as mãos desocupadas. Ele jurava que poderia dar um abraço nele, se não achasse que ia levar um golpe de espátula na cabeça.
— Uau, valeu. Pode considerar pagamento pela tutoria.
— E toda a comida que eu fizer pra você até lá? Você me deve, Diaz — Robby disse, com um risinho vitorioso. Miguel não se importou nem um pouco.
O latino ajudou Robby a montar os quatro sanduíches e os dois se sentaram para comer, aproveitando bem a pausa. O garoto de olhos verdes via Miguel comer e lamber os dedos sujos de ketchup, se deliciando de forma tão aberta e sem vergonha que Robby não pôde evitar admirá-lo. Nunca achou que veria a si mesmo dessa forma, a cada dia era mais bizarro observar o uso que Miguel fazia de seu corpo, e esse pensamento teve duplo sentido o suficiente para fazê-lo ficar vermelho de vergonha imaginando se Miguel tinha os mesmos pensamentos que ele toda vez que tomava banho ou trocava de roupa. Ele sinceramente não sabia quanto tempo resistiria a ter certas atitudes… inadequadas.

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No Seu Lugar
Fiksi PenggemarUm pedido desesperado de Carmen faz o universo agir para restaurar o equilíbrio. Com corpos e vidas trocadas, Miguel e Robby terão que se entender e aprender mais sobre si mesmos e sobre o outro para terem suas vidas de volta.