𝐭𝐡𝐫𝐞𝐞

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(TW: alcoolismo, abandono paterno)

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(TW: alcoolismo, abandono paterno)

Manhãs certamente, na sua opinião, eram a pior hora do dia. Já estava acostumada a acordar no mesmo horário para ir à escola nos dias de semana, é claro. Agora, estar de pé às sete, em pleno sábado, não era muito agradável. Alcançou seu celular, desligando o despertador irritante. Ás vezes tinha vontade de jogar o aparelho contra a parede. Levantou, sem se dar o trabalho de sequer ajeitar a cama — estava muito sonolenta para isso — e foi se aprontar no banheiro.

Ao sair, encontrou sua mãe na sala de estar do mesmo jeito que esperava: apagada no sofá, cheirando a bebida barata e algum perfume aleatório masculino. Suspirou, caminhando até onde a mulher estava, em passos silenciosos. Retirou seus sapatos e a cobriu com um lençol que se encontrava dobrado na mesinha de centro, essa que estava cheia de bitucas de cigarro, latas de cerveja e moedas.

Não se lembrava quando, exatamente, sua vida virou de cabeça pra baixo daquele jeito. As memórias genuinamente felizes era muito antigas. Havia algumas coisas que você se perguntava se realmente aconteceram ou foram apenas invenções da sua mente. Quando parava para pensar sobre isso, sempre tinha uma pequena crise existencial. Lembrava-se de ter escutado alguém dizer que, ao pensar em algo que aconteceu, fosse antigo ou recente, visualizar aquilo em terceira pessoa podia significar que seu cerébro inventou ou alterou os fatos.

Se a nossa memória fosse apenas uma lembrança exata e detalhada das nossas experiências, poderíamos pensar que nos lembraríamos de todas elas com a perspectiva em primeira pessoa. Porém, recordar uma memória não é como assistir a um filme ou um slideshow do que aconteceu. Nós editamos e modificamos inconscientemente nossas memórias cada vez que as recordamos. O problema era, todas a suas memórias estavam em terceira pessoa, tanto as antigas como as mais recentes.

Passava mais tempo do que gostaria pensando sobre isso. Você tinha uma curiosidade enorme sobre a mente humana. Mas, não sabia como colocar todos esses pensamentos para fora. E essa incapacidade também era algo que gostaria de entender. Queria ter a oportunidade de conversar com um psicólogo sobre isso, um dia.

Parou para pensar melhor sobre esse tópico ao assistir o videoclipe da música Lost in Yesterday, de Tame Impala. Basicamente, ao longo do vídeo, a cena apresentada vai melhorando cada vez mais. Não em qualidade visual ou artística. Ela, simplesmente, ficava mais feliz. E aquilo foi como uma lâmpada acendendo no topo de sua cabeça. A partir dali, quando se pegava sentindo falta de alguém ou algo, perguntava:

𝐄𝐕𝐄𝐑𝐋𝐎𝐍𝐆 | kazutora hanemiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora