𝐭𝐰𝐞𝐥𝐯𝐞

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(TW: ansiedade, depressão, menção à violência doméstica e abuso) 

Kazutora havia colocado, tirado e recolocado suas meias três vezes nos últimos seis minutos, e eram apenas oito do manhã. 

Esperava Keisuke o buscar sentado no sofá da sala enquanto sua mãe fazia café. O aroma amargo e caloroso o acalmava um pouco. Ele sabia que ficaria inquieto até dar o horário de sair, então preferiu que isso acontecesse enquanto estava rodeado por seus amigos. 

Não importava quantas vezes ele já tinha jogado, a sensação que antecedia era sempre difícil. Uma bagagem sólida, pesada e desconfortável, que teimava sobrepor toda agitação fervorosa e alegre que o esporte proporcionava. A euforia só se destacava quando o time todo se abraçava vibrando após o último apito. 

Ele já ouviu dizer algumas vezes que a obsessão ganha do talento. À vista disso, martelava em sua cabeça: Estaria ele obcecado o suficiente? E se aquilo não fosse realmente pra ele, e estivera esse tempo todo alimentando o sonho de alguém que um dia fora?

Cada manhã nos tornamos pessoas novas, em um mundo novo, isso é inevitável. Assim, cada versão nossa é uma interpretação diferente do nosso meio e, consequentemente, de nós mesmos. Na infância de Kazutora, o futebol era seu maior sonho. Sonhava em estar em um time grande, escutar o coro de milhares de torcedores e vibrar junto à eles. Imaginava os cenários vividamente, com os olhos marejados quase todas as vezes.

𝐄𝐕𝐄𝐑𝐋𝐎𝐍𝐆 | kazutora hanemiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora