Pᴀʀᴛᴇ 1

1K 60 83
                                    

Você deixou sua casa cedo pela manhã como rotineiro. Dirigiu até o trabalho sem muita empolgação, mesmo que adorasse o que fazia, estava exausta de noites mal dormidas e sobrevivendo à base de cafeína. Não conseguia pregar os olhos durante a noite com medo de uma possível guerra entre humanos e máquinas.

Ao adentrar a delegacia foi direto para a área de descanso onde fazia suas refeições. Pegou uma xícara e entornou uma quantidade excessiva de café no recipiente, inspirou o aroma familiar como se toda a cafeína já despertasse seu corpo apenas em sentir o cheiro.

Caminhou para a sua mesa sem prestar muita atenção de fato ao seu redor, o que causou uma colisão que a desnorteou por alguns instantes, por sorte o café se manteve intacto em sua xícara. Levantou o rosto com inúmeros xingamentos na ponta de sua língua preparada para dispará-los contra a pessoa em quem esbarrou.

Precisou de um tempo para assimilar o que seus olhos estavam vendo. Os xingamentos se perderam em algum lugar fundo em sua mente, enquanto um androide se mantinha parado à sua frente. Um sorriso ensaiado no rosto, a pele perfeita, o Led na lateral direita piscando em amarelo e depois se estabilizando em azul, um pequeno amontoado de fios castanhos escapando para fora do penteado perfeito no lado esquerdo e sem saber explicar, seus olhos se manteram ali, a mão livre coçando para arrumá-lo.

- Sinto muito... - Os olhos castanhos e robóticos, mas assustadoramente reais, pareceram analisar seu rosto por um instante. - Detetive Sn Ss. - Não tirou o sorriso artificial do rosto, mas seu olhar seguiu para a xícara de café. - Há uma alta quantidade de cafeína em seu organismo, que pode acarretar em insônia, irritabilidade, nervosismo, arritmia e agitação. Eu aconselho diminuir o consumo.

Acordando do que parecia um transe, seu rosto se contorceu em uma expressão de descontentamento para com a máquina. Seus olhos caíram sobre seu parceiro que assistia a cena com ironia plantada na face. Hank riu e você o xingou.

- Que porra é essa?! - Lançou para o homem, que respirou fundo.

- Esse puto me encontrou ontem. - Vendo que sua feição continuava em questionamento, o androide se prontificou em explicar:

- Meu nome é Connor, sou o androide enviado pela CyberLife para auxiliar nos casos sobre divergentes. - E novamente o sorriso, que embora muito bonito, você não poderia negar, sentiu vontade de o arrancar dali.

- Pare com isso. - Disse simples, o olhar preso nos lábios dele.

- Parar com o que, Detetive? - Seu rosto simulava perfeitamente confusão.

- De sorrir, é esquisito. - Os cantos dos lábios dele voltaram a uma posição normal. - Com licença. - Pediu e com o indicador livre empurrou a testa dele para o lado, liberando o caminho até sua mesa, que era colada com a de Hank.

O androide parecia um tanto desnorteado, seu Led girava amarelo enquanto o olhar se mantinha na sua direção.

- Qual o sentido de mandar a merda de um androide para caçar outras máquinas? - Perguntou enraivecida, tomando seu lugar.

- Não me pergunta porque eu não faço a mínima ideia, mas o Fowler me tirou do caso e esse robô vai ser teu parceiro. - Você se engasgou com o café.

- O QUE?! - Exclamou em descrença, despertando a curiosidade de outros policiais no departamento. - Por que?

- Ele disse que eu preciso de uma folga, pelo menos até parar de beber tanto. - Hank bufou. - Quando foi que isso me impediu de fazer a porra do meu trabalho?! - Ele elevou a voz propositadamente, olhando para a sala do capitão.

- Porra Anderson! E por que eu que vou pagar o pato? - Seu olhar se direcionou ao androide, que arrumava a gravata.

- Porque você tá nesse caso comigo, bom, estava! - Ele se irritou. - Não que eu esteja muito triste em parar de perseguir essas merdas. - Você concordou, queria estar no lugar dele. - Eu só vim aqui pra te contar pessoalmente porque eu sabia que iria surtar, agora eu vou pro bar. - Disse se levantando e você o lançou um olhar intimidante, que ele sabia bem o que significava. - Uma cerveja pra tirar isso da cabeça e vou pra casa. - Intensificou o olhar. - Eu juro, caralho!

I'ᴍ Bᴇᴄᴏᴍɪɴɢ  Hᴜᴍᴀɴ - Imagine Connor (DBH) Onde histórias criam vida. Descubra agora