A Mentira

253 19 22
                                    

E agora eu estou gargalhando diante de meu chefe e eu tentei mesmo não rir de sua cara quando ele falou algo sobre eu e ele, noivos e viagem. Mas o que me pegou mesmo de surpresa foi que seu rosto permanecia sério, mesmo com meu ataque de risos.

Não sei se realmente achei aquilo engraçado ou se estou nervosa o suficiente para não conseguir ter outra reação se não rir.

—Não 'tô brincando. Eu quero que finja ser minha noiva por cinco dias diante da minha família.

Ok, eu não ganho dinheiro suficiente para uma coisa absurda dessas.

Em toda a minha existência eu sempre fui fanfiqueira, imaginando coisas impossíveis, mas nunca o que meu chefe malvado acabou de dizer.

—Por quê?

—O real motivo não vem ao caso agora, apenas preciso que responda. —disse e voltou a sentar sem tirar os olhos de mim.

- Não posso fazer isso, Senhor.—Mesmo em choque ao perceber que aquilo não era uma brincadeira de mal gosto, eu neguei. Óbvio que não aceitaria isso, mesmo acatando todas as suas ordens por ser meu chefe essa não seria possível. Aliás, era exatamente por ser meu chefe que eu diria não.

Vi seu olhar mudar para um canto qualquer da sala, como se procurasse uma saída.

—Eu pago o dobro, ou melhor, o triplo do que você ganha. —Ofertou. —Serão apenas cinco dias.

—Eu já entendi que serão apenas cinco dias, mas o senhor vai me desculpar, isso não se trata de dinheiro, eu já estou satisfeita com o que ganho e minha honestidade não está a venda.

—Sua honestidade? —Seu tom foi irônico.

—Sim, senhor. —Fui curta, nem um pouco satisfeita com o rumo que a conversa estava tomando.

—Giovanna, o que você quer? É só pedir que eu mando entregar. —Sua mão jogou seus cabelos para trás em um gesto impaciente.

—Tenho certeza que o senhor não é velho o suficiente para ter problemas de audição. Eu não vou aceitar me prestar a esse papel. —Parece que o medo de perder o emprego se esvaiu do meu corpo. —A não ser que...

—A não ser que o quê? —Me olhou esperançoso.

—Que me diga o porquê desse pedido absurdo. —Eu realmente queria saber a fofoca.

—O motivo não é da sua conta. —Ele disse rude.

—Então é não! —Cruzei os braços decidida.

Ele me encarou com as sobrancelhas arqueadas e eu fiz o mesmo, eu com certeza não vou aceitar nada, a não ser que tenha uma explicação plausível para isso. Mesmo relutante o vi relaxar sobre a cadeira sem tirar o olhar assassino de mim e então finalmente dar o braço a torcer.

—Minha tia avó morreu, ela era bem velhinha e seu último desejo foi que eu noivasse com uma pessoa boa antes de sua morte, mas infelizmente isso não foi possível. Esses cinco dias serão para prestar homenagens a ela, seu velório acontecerá em Búzios e eu quero que minha família veja que levei a sério o desejo dela. —Sua cabeça estava baixa e sua voz agora trêmula. —Partiria o coração dos meus avós se não levasse alguém até lá, realizando não só o desejo dela como deles também.

Isso realmente me pegou de surpresa, esperava uma fofoca, mas ele só queria realizar o desejo de sua tia avó.

Caralho, meu chefe tem coração!

— Então sou uma pessoa boa?

—É sério que você só escutou essa parte? —Ele me olhou indignado.

Tyrant |GNOnde histórias criam vida. Descubra agora