Pelada

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Apesar de já ter me conformado com o fato de que eu realmente estava ali fingindo ser a noiva do meu chefe, e que estava disposta a ser a melhor noiva durante esses dias, algumas coisas ainda martelavam na minha cabeça.

Uma delas é que ele, Alexandre Nero, não parecia ter a vida fácil como eu imaginei.

Eu sempre quis ter uma família grande, com jantares em feriados, churrascos aos domingos, amigos para contar e uma casa que acomodasse todos os que amo, mas depois que meus pais morreram e perdi meu irmão, tudo aquilo era apenas um sonho muito distante.

Alexandre tinha tudo isso, e essa foi a primeira vez que desejei estar no seu lugar, não pelo seu status social, pelo seu cargo ou pelo seu dinheiro.

Eu só não queria me sentir tão sozinha.

Quando comecei a trabalhar, boa parte do meu tempo era investido nisso, saía às seis da manhã e chegava às seis da noite, comia e depois de um dia cansativo só queria minha cama. Com isso, fui me afastando de boa parte dos meus colegas de faculdade, então entendi que na verdade eu só conseguiria manter alguém na minha vida se depositasse tempo de qualidade nessas pessoas, e como meu trabalho sempre foi a prioridade, isso não aconteceu.

A questão é que, ou ele não dava valor ao que tinha, ou algo ali o atormentava.

O que me leva à segunda opção.

O olhar apaixonado de Alexandre para a noiva do irmão.

Quando o vi sumindo casa a dentro, tive a certeza de que se ele fosse um animal, seria um touro de uma animação infantil, soltando fumaça pelo nariz. Nem me atrevi a segui-lo, o conheço muito bem para saber que é melhor deixar que ele esfrie a cabeça sozinho, caso tente diálogo agora ele com certeza descontaria sua frustração em mim, então dar espaço para que ele reorganizasse seus sentimentos era a melhor escolha.

—Gio, meu amor.—Era Luiza, me tirando dos meus devaneios.

—Sim?—Abri um sorriso.

—Onde está Alexandre? Não me diz que ele te deixou aqui sozinha.—Ela perguntou, me percebendo parada no meio da festa.

—Na verdade ele foi ao banheiro, mas disse que volta já. —Inventei uma mentira inocente para não ter que contar minha teoria sobre seu filho estar apaixonado pela noiva do seu outro filho.

—Menos mal. Quero te apresentar para algumas pessoas, vem comigo.—Ela disse, e sua mão gelada agarrou a minha, me arrastando pelo gramado como uma criança.

Quando chegamos próximo ao grupo, me senti mal mais uma vez por estar tão inadequada para a ocasião, não é como se eu não notasse o olhar de julgamento de alguns com quem já conversei ali.

—Olá, pessoal—Sua voz entusiasmada chamou a atenção de todos.—Essa é Giovanna, noiva de Alexandre.

Naquela altura eu já estava tão cansada de apresentações que não tive nenhuma reação senão sorrir, esperando que algum deles tomasse a atitude de falar primeiro.

—Meu deus! Então é verdade?— Uma morena, falou, ela estava vestida com um macacão branco com recortes dos dois lados da cintura e saltos da mesma cor sua pele, mas o que mais chamou minha atenção foi a beleza natural do seu rosto.

—Estamos em um almoço de comemoração ao noivado e você ainda pergunta se é verdade? —O homem que estava ao seu lado murmurou, mas a morena o ignorou.

—Prazer, eu sou Alessandra, amiga do Ale desde que éramos crianças. - Diferente de todas as outras pessoas da festa e igualmente a Luiza, ela me abraçou forte.

Tyrant |GNOnde histórias criam vida. Descubra agora