Pancadinha do amor

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—Você bem que poderia ter desmentido toda a história de velório antes que eu arrumasse minhas malas, a maioria das roupas que eu trouxe são pretas.—Resmunguei observando meu reflexo no espelho grande do quarto, vestindo a única peça clara que, por luz divina, resolvi trazer.

Um vestido estilo polo branco, nos pés eu calçava um tenis branco que Luiza me emprestou.

—Se eu tivesse feito isso você teria recusado. —Respondeu, sentado na ponta da cama enquanto me assistia andar igual barata tonta.

—Vai assim?—Questionei quando o vi com a mesma roupa quente de antes, moletom e calças compridas.

—Algum problema?—Se analisou.

—Não, só me perguntei se não está com calor. 

—Não estou.—Suspirou quando respondeu, passando as mãos em ambas as coxas e então levantando para ir em direção ao closet que até então eu não tinha entrado.

Aproveitei os poucos minutos que estava longe de seu olhar para colocar brincos e deixar o cabelo apresentável. Quando voltou,Alexandre colocou algo, que imagino ser a carteira, no bolso e me olhou entediado, esperando eu confirmar que estava pronta.

Com um sorriso sugestivo e os olhos entreabertos eu joguei os cabelos para trás, antes de dar uma voltinha no meio do quarto.

—Noiva apresentável? —Sorri abertamente quando perguntei.

—Estamos atrasados.—Ele hesitou em responder, ignorando totalmente minha pergunta.

Minha cara de desagrado não escondeu minha insatisfação ao vê-lo caminhar até a porta.

—É bom elogiar de vez em quando, sabia? Uma das condições era você me elogiar.—Caminhei em seu encalço.

—A condição foi elogiar seu trabalho, não sua aparência.—Essa me pegou desprevenida.

—É claro que eu sei disso.—Cocei falsamente a garganta.—Mas o que as pessoas vão pensar?

—Que somos reservados.—Continuou caminhando.

Meu chefe e seu dom de ter resposta para tudo.

—Um casal apaixonado não consegue ser reservado.—Resmunguei, fazendo bico.

—Então seremos os primeiros.

Ah, seu filho da...

Mal consegui segurar a língua, mas o revirar de olhos foi impossível, quando eu achei que estávamos nos entendendo foi tudo por água abaixo.

Alexandre não passou na fila do carisma, mas na fila da tirania e crueldade foi diversas vezes.

Voltamos a estaca zero.

...

—Aqui é muito lindo.

Estávamos caminhando por um gramado enorme em um clube de golfe que além de ser um espaço esportivo, tinha um restaurante sofisticado, área de lazer infantil, piscina e uma lagoa pequena, onde se via algumas pessoas se aventurarem em caiaques.

—É sim, depois da reforma ficou ainda melhor, aqui na verdade era um clube masculino, mas depois do pedido dos garotos para que se tornasse um lazer para família as coisas melhoraram.—Alessandra explicou.

Ela sugeriu que caminhássemos a sós, enquanto os outros estavam curtindo programações diferentes. Eu gostava dela, a verdade é que Alessandra me deixava confortável e era nítido o quanto ela gostava da minha companhia também.

—Eu adorei sua roupa.—Comentou, descontraída.

—Obrigado, a sua também está linda,—Agradeci, mesmo que não concordasse com ela.—mas continuo me sentindo um peixinho fora d'água.

Tyrant |GNOnde histórias criam vida. Descubra agora