Pedido de casamento

205 17 5
                                    



Depois do episódio constrangedor no quarto, quase não tive coragem de olhar Alexandre nos olhos, não só pelo o que ele havia dito, mas por pensamentos intrusivos que acabaram me atingindo em cheio. Imaginar eu e ele dormindo no mesmo quarto já era inacreditável há uma semana atrás, agora que nós tínhamos transado, e mesmo que hipoteticamente, a ideia disso me deixava extremamente constrangida.

Sei lá. Com certeza sua mãe sabia sobre nossa hipotética vida sexual, nós éramos noivos, é... natural?

Entretanto, isso não anula a vergonha que estou sentindo agora, de sua mãe, e dele. E por mais determinada que eu estivesse em ajudá-lo, não imaginei que isso faria parte do plano, e realmente não fazia, só aconteceu.

Quando ele saiu do banheiro, tive a chance de entrar e me trancar lá, fugindo dele e de qualquer conversa estranha que viesse a acontecer. Usei meus pertences que estavam lá desde a noite passada, fiz minhas necessidades fisiológicas, tomei um banho rápido, sequei o cabelo, escovei os dentes e usei um creme para hidratar a pele.

Assim que saí, já vestida, encontrei meu chefe sentado na borda da cama em que eu dormi durante a noite. Ele estava entretido no celular, e quando me percebeu ali guardou o aparelho no bolso.

Alexandre não parecia nem um pouco afetado com o que havia acontecido.

— Podemos ir? — Perguntou, levantando da cama, e eu apenas assenti, ainda sem olhar diretamente em seu rosto.

Nero me guiou até uma sala no andar de baixo, que eu deduzi ser a sala de jantar, tinha uma mesa de vidro comprida, diversas cadeiras acolchoadas e estava posta com uma louça de cerâmica, que pela elegância, aparentava ser caríssima, assim como tudo naquela casa.

Todos já estavam em seus devidos lugares, Fernando estava na ponta da mesa, e aleatoriamente sentados estavam Luiza,Bento,Alice, Otaviano, mais duas crianças, que deduzi ser os mais novos da família, e para meu desgosto e de meu chefe, o casal, Leonardo e Karen. Pareceu conspiração que os únicos lugares livres eram de frente deles.

— Bom dia. — Eu e Alexandre falamos em um uníssono, chamando a atenção de todos.

— Bom dia, casal. —Otaviano berrou, animado.

— Que bom que já desceram, o café está servindo. —Luiza disse com o olhar intercalando entre nós dois.

—Ale. — Uma garotinha de cabelos longos e pretos e que aparentava ter pelo menos doze anos gritou, correndo até meu chefe para abraçá-lo e surpreendentemente ele retribui o gesto apertado. — Senti tanto a sua falta, irmão. — Falou meiga quando ele a soltou.

— Também senti a sua, princesa. — Tocou a pontinha do nariz da menina, que não tirava o sorriso grande do rosto, parecendo maravilhada por encontrá-lo.

— Irmãozão. — O menino, que aparentava ser um pouco mais velho que a irmã, chegou logo atrás, o abraçando também.

— Como você está? E a escola? —Alexandre perguntou, atencioso, e eu sorria sem nem perceber.

— Eu 'tô bem, a escola é bem maneira. — Disse, então me olhou. — Essa é a Giovanna? — Apontou para mim e eu alarguei o sorriso.

— Eu mesma! Estava ansiosa para conhecer vocês, é um prazer. — Disse, encarando os dois, verdadeiramente feliz em conhecê-los.

— Você fala difícil igual o Ale— A menina falou, e eu não sei se o comentário foi bom ou ruim.— Você é muito mais bonita do que eu pensei. — Suas bochechas ficaram rubras ao fazer o elogio e eu entendi que o negócio de "falar difícil" não foi algo ruim.

Que fofa!

— Obrigado. — Senti minhas bochechas esquentarem junto com as suas.

— É linda mesmo. — Ouvi a voz atrevida de Otaviano ao fundo.

Tyrant |GNOnde histórias criam vida. Descubra agora