●8 Capítulo●

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Volteiiiiiii,vcs estão bem na fita viu,descidir fazer maratona de 5 CAP para vcs.

Boa leitura seus gays ❤😍

Pov:maraisa

Eu o olho do outro lado da pequena mesa no terraço. Estamos em nossos roupões porque ela avisou que me quer de novo depois do jantar e eu disse que a queria também, na maior cara dura. Essa mulher está me transformando em outra pessoa. Marilia está concentrada em me servir, as sobrancelhas meio franzidas. Me pergunto como seria seu rosto completamente relaxado. Nesse momento seus olhos levantam e encontram os meus. Eu ofego baixinho, meu coração despencando com o impacto. É como se os olhos verdes possuíssem uma espécie de força magnética que me mantém presa, incapaz de desviar o olhar. Estende o prato e eu o pego. Seus olhos estão intensos nos meus e percebo novamente aquela centelha de algo diferente.

Obrigada. — murmuro, pegando meus talheres.
Ela se serve e começamos a comer em um silêncio tácito. A comida está deliciosa e me permito saborear com vontade, uma vez que no evento estive nervosa o tempo todo, com medo de cometer alguma gafe no meio dos ricaços. Além disso, a vaca argentina contribuiu para minar meu apetite. A voz de Ed Sheeran flutua até nossos ouvidos. Eu coloquei a pasta quando a comida chegou e Marília surpreendentemente veio ajudar o funcionário a organizar tudo na mesa. Olho a Acrópole e quase suspiro sonhadora. Estar aqui fora, sob a brisa noturna, tendo essa vista espetacular à nossa frente, é quase como um encontro romântico. É eu sei, estou viajando. Não há nada de romântico nessa situação. Abano um pouco a cabeça. Sou tão tola. Porém, está claro que ela quer uma trégua. Por quê? O que a fez suavizar comigo? Pergunto-me intrigada.

— Fale-me sobre você, carla. — sua pergunta baixa me faz levantar a vista, encarando-a, chocada. Seus lábios contraem e pega sua taça de vinho, me encarando atentamente.
Eu bufo e limpo a minha boca, tomando um pequeno gole de água.

— Não acha que já passamos dessa etapa? — digo para desafiá-la.
Seus olhos cintilam e ela abre um meio sorriso, tomando um gole do seu vinho, me encarando.

— Embora discutir com você seja estimulante, especialmente a forma como a discussão termina... — seu tom e olhar são perversos, fazendo alusão a nosso sexo alucinado desta noite. Droga, ela tem razão. Meu rosto esquenta e seus olhos ficam mais intensos, penetrantes. — não quero ter que matar um leão toda maldita vez que quiser transar com você.

— O que você esperava? Estou sendo obrigada a fazer sexo com uma mulher que é desconhecida para mim. — digo, sem deixar minha mágoa de fora.
Seu maxilar fica tenso. Para minha surpresa, ela acena.

— Sim, eu entendi essa parte e estou disposta a fazer concessões. — diz, empurrando o prato limpo.
— Quais concessões? — pergunto finalmente, pegando a última porção do meu prato e levando à boca.
Marilia me olha longamente antes de responder. É uma mulher inteligente e já percebeu que não sou tão tola quanto pareço.
— Quero continuar tendo sexo mesmo depois de engravidá-la. — diz baixo, rouca, me hipnotizando com seus olhos lindos. — É muito gostosa. Não vou abrir mão de foder com você tão cedo.
Suas palavras são machistas demais para ela como sempre, mas, Deus, eu molho, pulso, desejando-a insanamente. Saber que estou agradando uma mulher experiente e fria como ela me deixa envaidecida, não posso evitar.

— Mas, o contrato...

— Esqueça o contrato. — pede, seu tom mais suave, sedutor. Deve ser exatamente assim que o diabo vem pedir sua alma. Caçoo. — Vou lhe permitir ver a criança. Vou lhe dar o que você quiser.

Eu rolo os olhos para a forma fria como se refere ao bebê.
— Nosso filho, marilia. — resmungo. — A criança é um termo muito frio e clínico. Você será o mãe dele ou dela.
Ela franze o cenho e acena quase imperceptivelmente.
— Sim, nosso filho. — repete como que testando isso em sua língua. — Fiquei a par das dificuldades financeiras que sua família está passando. Não há mais nada além de hipotecas... — meus olhos ardem ao ouvir essa confirmação. Almira e Dove acabaram com anos de trabalho do meu pai. Seu olhar fica mais intenso no meu e ela murmura: — pensei bem durante o banho e decidi que não vou deixá-la desamparada quando nosso acordo terminar. — meu coração aperta dolorosamente quando menciona o final. — Posso lhe dar o que quiser, carla...
A forma como diz as últimas palavras faz meu sangue esquentar e eu rosno, porque está de novo querendo pagar para ter sexo comigo. Que filha da puta
!
— Para que eu continue trepando com você? — cuspo com raiva. Ela rola os olhos, a expressão levemente irritada.
— Pare com esse moralismo tolo, menina. Já percebeu que sinto muito tesão por você. — diz rispidamente. — É incompreensível para mim que uma menina inexperiente consiga me agradar tanto na cama, mas, agrada. Muito. Se for sincera consigo mesma vai admitir que nos damos bem demais na cama. A maioria dos casais não tem metade da química que nós temos. — seu olhar está queimando no meu. — Quero ter acesso a você sem dramas adolescentes. Estou cansada de brigas infrutíferas.
— Como se você não estivesse tendo exatamente o que quer, toda vez que vem para cima de mim! — ranjo os dentes.
Arrogância enche o seu semblante.
— Eu sempre tenho o que desejo, baby. — o sorriso cínico brinca em sua boca. — O que estou propondo a você é: não lutarmos cada vez que formos trepar. — eu bufo, tomando um gole do vinho, precisando de álcool para lidar com essa mulher presunçosa. — E que me deixe compensá-la por me dar o meu herdeiro. — seu tom abaixa outra vez. — Aquele contrato é...
— Digno de uma senhora feudal? — a alfineto.
Seus olhos ficam quentes e frios ao mesmo tempo.
— Injusto com você. — admite e meu queixo cai. — Sou implacável com quem me trai, carla. — diz numa voz que me dá medo. — Por isso quis punir marcos por ter me roubado, mas, acabei punindo você em vez dele. — uau. Ela está me pedindo desculpas? Franzo o cenho em confusão. Abro a boca para falar, mas, me corta com dentes cerrados: — não ouse me pedir para libertá-la. É tarde demais para isso. A tive e gostei. É minha agora, ponto final.
A forma como diz isso, com ferocidade, faz meu coração saltar. É como se não fosse abrir mão de mim nunca, o que é uma loucura. Eu acho que a história de Calista colocou ideias descabidas em minha cabeça.
— Em suma, minha proposta é: vamos ficar juntas até nossa atração se extinguir, e quando tudo acabar, ficará bem amparada financeiramente. — continua quando não falo nada. E aí está, carla, sua boba, ela ainda vai se livrar de você. Pare de fantasiar. — Vai poder seguir com sua vida. — seu cenho franze um pouco quando diz isso. — É muito jovem, pode estudar, retomar o balé. — eu soluço quando menciona o balé, meus olhos enchendo de lágrimas. Seus olhos estreitam, atentos sobre mim. — O que foi?
Abano a cabeça, desviando os olhos dos dela. O balé. Deus, eu tenho tentado não pensar muito nisso. O que vou fazer da minha vida sem a dança?
— O balé acabou para mim. — minhas palavras chocam a mim mesma e eu a encaro, assustada. Não havia dito isso para ninguém, nem mesmo Dinah. Por que estou contando minha maior desilusão para ela, dentre todas as pessoas? Algo passa em seus olhos. Uma emoção muito parecida com pena, empatia, algo que torna o seu rosto mais suave. Não é uma emoção gritante, porque marilia jamais baixa a guarda assim. Nunca conheci uma pessoa tão reservada quanto ela. Ficamos alguns instantes em silêncio, eu tentando me impedir de chorar e ela me olhando com essa estranha emoção no fundo das íris geladas.

O̸ a̸c̸o̸r̸d̸o̸  ■G!p□Onde histórias criam vida. Descubra agora