Capítulo 1

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A primeira vez que Mark pisou nos corredores de uma das grandes empresas musicais do país, ele tinha apenas treze anos. Aparelho nos dentes (de cor azul), fios pretos picotados como se tivesse sido ele quem cortou com tesoura sem ponta enquanto se olhava no espelho, e uma estatura baixa com um corpo fino.

Caminhou ao lado de seu irmão três anos mais velho, ambos guiados com o aperto suave das mãos maternas em seus ombros.

Seu irmão sabia cantar e tocar três instrumentos diferentes. Qualquer melodia, qualquer partitura. Mark sabia cantarolar o rap do Yunho durante Mirotic, e dançar Ring Ding Dong do Shinee.

Mark foi o único que passou na audição. Tão jovem viu-se fadado a ver a decepção nos olhos de seu irmão, quem esperançosamente atendeu a ligação do telefone, e lhe ofereceu um parabéns fraco e indesejado.

Culpado de ter tirado das mãos do mais velho a oportunidade dos palcos, sem sequer saber se era isso que queria na vida, tratou de fazer o seu melhor na frente dos espelhos da empresa, enquanto a música soava ao fundo, e seus sapatos escorregavam em um barulho estridente contra o piso.

Treinou incessantemente durante três anos, até ser colocado em um alinhamento de um novo debut, com cinco outros trainees de idades próximas, e tempo de treinamento semelhante ao seu. E durante outro ano teve toda sua agenda voltada ao lançamento grupal.

Com dezessete, foi puxado para o cômodo do funcionário superior e autoritário da empresa, e informado que debutaria sozinho. Que iria antes de todos os cinco talentosos rapazes, e que carregaria todo o fardo da fama sozinho.

Mark sentia-se culpado novamente; Por adiar o lançamento do grupo, e por dar um passo sozinho que não foi oferecido a eles.

Tudo isso porque ele era "o mais preparado para subir aos palcos", e seria suficiente para ir "cara a cara com o novo lançamento da empresa rival". Outro fardo que teria de carregar, sem reclamar.

Quando estava para fazer dezoito anos, Mark debutou com 7th sense, que viria a se tornar uma das músicas mais famosas do ano, e uma das coreografias mais elogiadas por todos os seguintes.

Ao mesmo tempo, Dream debuta pelos comandos da Cult Tech Company (a dita empresa rival), com quatro garotos da sua faixa etária (entretanto, mais novos) e visuais tão belos que eram frequentemente comparados com o F4 - quarteto aclamado do drama Boys Over Flowers.

Durante toda sua carreira, e agora alcançando quatro anos, Mark viu-se fadado a programar-se para estar sempre preparado a ter um lançamento no mesmo período que os garotos de belezas esculpidas. Algo que clamava como injusto a princípio, porque um só rapaz contra quatro era uma luta nada equilibrada, mas a forma que suas músicas equiparavam com as do Dream em todos Charts musicais, competindo pelo primeiro lugar, provava que ele tinha sim potencial para enfrentá-los.

Honestamente? Mark era pacífico demais. Seu último desejo seria enfrentar quatro homens bonitos, três deles mais altos que ele, e um menor e adorável. Não via motivos (e nem coragem) para erguer um dedo sequer para qualquer um deles se fosse necessário.

Ainda assim, vinculado ao contrato, e positivamente recebido pelo público e pela indústria, Mark aprendeu a deixar sempre uma quantia de músicas dignas de um álbum completo em mãos. Afinal, no segundo ano de sua carreira passou a experimentar sendo um dos compositores, e no terceiro também auxiliou com as produções. Hoje fazia tudo e era quem recebia auxílio de profissionais da área que rondavam a empresa.

E quando Mark lançava Child, Dream lançava Glitch Mode e tudo começa a acontecer no Paraíso.

Paraíso era o galpão de atos libidinosos e "ofensivos" dos diversos artistas da Indústria. Afastado da capital, e com segurança implacável. Um recanto para os diferentes artistas da Indústria (modelos, cantores, rappers, atores) aproveitarem uma pequena porção do que seria uma vida real, sem os inúmeros flashs em seus rostos, fãs obcecados e perguntas inconvenientes.

Grandes problemas - marknoOnde histórias criam vida. Descubra agora