Um conto de fadas

Cap.22

Cristian

Após sair do castelo daquele bacaca, rabugento, fui ao encontro de meu filho no reino de Roanh. Fazia alguns anos que tinha trocado algumas palavras com ele, pois nós nunca fomos muito próximos e a mãe dele, não foi a que me casei.

Matheew é um garoto complicado, sua mãe, era uma das mulheres mais altas da corte; mas era casada, um casamento sem amor... Ela precisava de alguém que lhe desse uma atenção maior, que lhe falasse palavras bonitas e dissesse que a amava. E naquela época, eu era essa cara. 

Sempre gostei de aventuras, ser um libertino nunca saiu do meu sangue, mas graças aos nossos encontros escondidos o pai dela descobriu e  exigiu que eu contasse tudo para o marido dela.

Eu era tão jovem para me casar, tão jovem para ter uma criança, eu estava no auge da minha adolescência e não pensava muito nas consequências...disse ao pai dela que falaria, disse que me responsabilizaria e que nunca mais ousaria em tocar nela.

Mas o coração é teimoso, a minha mente dizia "faça o certo, saia desta enrascada, ela merece algo melhor!"
E eu, claramente não fui pelo oque estava gravado com todas as letras para fazer.

Jurei amor, ternura, segurança, a uma dama tão amável. Eu realmente a adorava, mas passou-se tempos e não avia notícias minhas para o seu marido. Então o pai dela mesmo contou, e isso gerou um escândalo terrível.

Eu queria salva-la, queria que ela não tivesse sofrido...mas nem sempre o coração é ouvido.
Ela falou comigo, disse que estava grávida, e eu assumi, com toda a felicidade do mundo. Mas na hora do parto só um dos dois sobreviveu, e foi o meu filho.

Desde então a vida tem sido meio conturbada, me casei com uma mulher chamada Laila, que nunca amei de verdade. E meu filho decidiu se mudar para um dos nossos castelos de verão e vive lá a muito tempo.

Foram mais de 3 dias na carruagem, ela era uma das melhores, mas continuava sendo desconfortável para viagens longas...

°°°

Avisto o castelo perto do vale, com longas montanhas cobrindo suas torres, fazendo com que ao longe pareça uma casa meio abandonada. Pois a frente dele estava totalmente acabada, sem cor e se formavam alguns longos galhos de plantas que não consigo indentificar em suas paredes.

Desço da carruagem, pego minhas malas e vou ao encontro do grande portão, bato exatamente duas vezes e ela automaticamente se abre.
Logo atrás vejo uma figura alta, era o Matthew. Ele estava muito diferente, seus cabelos loiros cortados mas muito hidratados, seus olhos azuis reluziam por conta da quantidade de luz que atravessava a porta. 

No momento, minha única reação foi dar um sorriso caloroso.

-Pai? Oque veio fazer aqui?- Matthew arqueou sua sobrancelha loira.

-Queria conversar com você, fazer uma proposta.- ele me deu um espaço para entrar, e eu assim fiz.

-Venha, vamos para sala.

Caminhamos pelo longo corredor, por ordens dele, dispensei todos os criados. Mas por mais impressionante que seja, o castelo estava impecável.

-Você contratou novos criados?- perguntei andando ao seu lado.

-Não, sou eu que mantenho as coisas sob controle por aqui.- Vamos a uma sala aberta, com dois sofás e uma mesa no meio.

-Então...queria te fazer um proposta.

-Fale pai, mas se for para voltar pra o seu reino, a resposta é não.

-Não é exatamente isso, se não quiser voltar pra lá, eu te entendo. Mas preciso que você faça uma coisa pra mim...- me sentei no sofá a frente dele e dei um dos meus melhores sorrisos.

-E oque seria?- Matheew estava muito desconfiado, afinal, fazia anos que seu pai não ia o visitar.

-Que você tire informações de uma menina, que se passe por um guarda do castelo de verão. - Ele estava com um olhar assustado, mas logo se transformou em um olhar de frieza.

-Você nunca muda, não é? Simplesmente achei que sua vinda aqui não teria nada aver com a sua vingança, mas pelo visto sua vida inteira gira em torno disso!- Matheew cuspia as palavras com desgosto.

-Olha aqui! Preciso de você! Não se esqueça que se eu ganhar essa batalha, a glória também vira para você. - Minha voz soou meio alterada, fazendo com que o meu filho se levantasse da poltrona e agarrasse meu colarinho.

-Escuta aqui, seu velho maldito. Eu te ajudarei se quiser! Nunca tive glória em toda a minha vida e ao contrário de você, não vivo de luxo. Posso muito bem recusar essa merda toda. -Ele já estava me levando a força até a porta que tínhamos acabado de passar no saguão.

-Imaginei que você diria algo parecido, portanto...-estralei meu dedos e dois guardas seguraram meu filho, fazendo com que ele me soltasse. - se não aceita por bem, vamos fazer isso por mal.

Ele tentou lutar contra os guardas,  mas a força bruta deles era muito maior. Com a cara de desprezo, Matheew entrou na carruagem, sendo empurrado a força.

-Por todos esses anos, acreditei que você tinha mudado. Que tinha tomado um pouco de força e conseguido reconstruir sua própria vida e com um pingo de sorte, ter arruma alguém que realmente te amasse. Mas percebi que antes de seu destino ou a de qualquer outra pessoa, vem os seus interesses de destruir a vida do próximo. E olha só papai, a única coisa que você nunca vai conseguir destruir é o rancor. O rancor que todos sentem de você. -ao falar isso, Matheew virou a cabeça e ficou olhando atentamente a paisagem pela janela.

Ele não estava errado, minha vida girava em torno de fúria e vingança. E ao longo do tempo fui me acostumando a viver assim, nem todos podem ter um final feliz, mas sei que tudo pode ser capaz com um pouquinho de raiva e medo. Ser amado nunca foi o meu forte, mas geralmente prefiro ser odiado.

Passamos o caminho todo em total silêncio, queria muito que ele me entendesse, saber que meu filho também está contra mim é mais que doloroso...mas nada que um feitiço não resolva.

Olá leitores! Saudades?
Segue mais um cap pra vocês, um grande beijo!❤️

~Autora