Capítulo 19 - Diga que você me quer.

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"Meu lugar favorito é dentro do seu abraço".

Pov Brunna 

Na tarde seguinte, a casa estava cheia. Garçons serviam aperitivos e champanhe enquanto eu observava minha mãe entre as pessoas. Ela tinha um sorriso firme e um comportamento tranquilo.

Patty, Juliana e Júlia foram recebidas com um furacão de beijos e abraços vindos de Mirian e da minha avó Mercedes. Enquanto as via trocar gracejos, fiquei impressionada com quanto Júlia estava parecida com minha mãe. Tinha percebido isso durante meu jantar de aniversário, mas agora, vendo as duas mulheres se abraçarem e conversarem aos sussurros, parecia que, em algum momento do caminho, elas tinham se tornado amigas.

- Como você está? - perguntei, dando um beijo no rosto de Juliana.

- Bem - respondeu - E você? Alguma novidade?

- Nada interessante.

Deslizei o pé pelo chão, meu rosto ficando quente com a avaliação minuciosa que minha amiga estava fazendo.

- Algo que você queira compartilhar? - quis saber ela, inclinando a cabeça para o lado.

- Neste momento, não - respondi com firmeza, mas dando um pequeno sorriso, tentando ao máximo fazer minha resposta não parecer defensiva.

Não sabia se tinha funcionado. Queria tanto contar para Juliana, e para todos eles na verdade, assim como contei para Júlia sobre meu beijo com Oliveira. Mas algo que fazia-me sentir calafrios me impedia. Minha avó era a única pessoa a quem confiei plenamente meus reais sentimentos por Ludmilla. O papo confidencial e tranquilo que tive com Mercedes na noite anterior, depois que Mirian e Harrison foram dormir, havia sido completamente diferente das conversas com minha mãe e com Júlia. Tinha sido fácil, franco e repleto de risadas.

Minha avó ainda me atualizou sobre as últimas fofocas do clube de bridge, inclusive um senhor bonitão, Roger, que era seu novo parceiro de golfe.

- Ele é curto e grosso - revelou minha avó, rindo - Do jeito que eu gosto.

Encolhida no sofá com um chá de camomila, me deixei viajar no tom de voz suave e nas suas palavras gentis. Adorava como Mercedes sabia o que dizer para me fazer sorrir, e o entusiasmo que a velha senhora emitia tinha começado a afastar a ansiedade sombria que habitava em mim desde que a viagem começara. Fiquei rindo e meu sorriso era totalmente genuíno enquanto minha avó detalhava sua implicância para com a nova participante de sua turma de salsa. "Uma biscate, minha querida" tinha sido sua descrição sem papas na língua.

- Então - disse ela - O que há de novo com você? Senti saudades.

Suspirei, puxando um fio solto da minha calça de moletom.

- Também senti, avó - confessei - Estou... Estou bem. Ocupada.

Ela deu um leve suspiro.

- Brunna, sei quando minha única neta não está sendo ela mesma.

Ri sem nenhuma alegria e enrolei o braço livre em torno de mim mesma.

- É complicado.

- Que aspectos da vida não são? - questionou com gentileza - Querida, eu te amo muito e quero ajudar, se puder.

- Obrigada.

- Sei das preocupações de sua mãe, Brunna. É a função dela.

- Eu sei - concordei com um suspiro exasperado - Mas ela se preocupa demais. Sou adulta, abuela. Posso tomar minhas próprias decisões. Posso cuidar de mim mesma.

- Não tenho dúvidas, minha querida. Você sempre foi tão forte. Tão parecida com seu pai.

- E teimosa como minha mãe? - perguntei de maneira sarcástica.

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